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Muito mais que um trapinho – por Luciana Manica

Parece soar estranho, mas o “trapinho” é o modo carinhoso como meu pai chama o cuidado e o amor da minha mãe para com retalhos de tecidos. Realmente, de um pedacinho, ela faz milagre! Me criei dentro de uma loja e o mundo de confecções era o meu universo, sempre sonhei além-mar, queria fazer comércio exterior para poder conhecer lugares, desbravar o mundo através da moda.

Não foi exatamente este o meu destino, mas por outro lado, não foi tão diferente do sonhado. Viajei, morei fora e cá estou eu, mergulhada nos temas jurídicos, mas ainda me deliciando com o encantador ramo de confecções. O lance atual é como ser atrativo de modo sustentável, seja por meio de uso de tecidos com alta tecnologia, ou ainda da forma mais pura possível, com uso de matérias-primas jamais imaginadas ou por meio da reciclagem.

Os produtos sustentáveis se destacam. Não apenas os alimentos devem ter selo orgânico para agregar valor, mas até maquiagens e roupas! Mais, não basta que os produtos sejam assim qualificados, a preocupação com as embalagens sustentáveis ganharam espaço nesse novo tipo de comércio.

Afinal, a maior parte dos produtos é embalada em plástico, demorando pelo menos 450 anos para ser decomposta. A Lush é uma das empresas pioneiras no ramo, tendo apresentado seus xampus de forma sólida, reduzindo o uso de plásticos. A Natura, é claro, não deixa a desejar, possui embalagens de material reciclado, seja o pet, o plástico verde (que é feito a partir de cana de açúcar e não petróleo) e, mais recentemente, o vidro.

Em 2013, a Uniethos, instituição sem fins lucrativos, fez um estudo que constatou que as indústrias têxteis e de vestuário, juntas, constituíam a quarta maior atividade econômica e na época representava mais de 14% do emprego mundial, o que prova não ser só um trapinho.

As roupas representam uma relação antiga e universal. É um dos produtos mais divulgados, comentados, desejados e comprados por consumidores de diferentes nacionalidades, culturas e perfis socioeconômicos. Se você não compra para lhe agradar, compra para presentear, ou para pertencer a um grupo, ou ainda por necessidade. Mais, a roupa movimenta um dos sistemas mais influentes do mundo, o da moda.

Ok, isso já sabemos. Mas o consumo de confecções mudou, talvez para melhor; outros podem pensar que surgiu um novo ramo de negócio, o fitness, o sustentável, que passou a atingir outra fatia do mercado. Tudo bem, desde que o consumo seja mais consciente.

O fato é que a indústria têxtil e de confecções teve que repensar as questões econômicas, sociais e ambientais da cadeia para garantir a competitividade de seu negócio no mercado interno e internacional. Isso fez com que diversas marcas tivessem que investir na sustentabilidade, o que foi possível com a utilização de processos eficientes nas suas diferentes etapas, os quais foram conquistados por meio de inovação e de desenvolvimento tecnológico.

Inúmeras marcas se tornaram ícones. A Molett pensa em roupas atemporais, que podem ser usadas em diversas estações (“slow clothing”), com reutilização de estampas em novas coleções. Em Porto Alegre, temos a ADA, que faz uso de peças veganas para não agredir o planeta. A Another Land trabalha com tecidos ecológicos, como garrafas pets ou fibra natural, e assim vai.

Certamente, o mundo da moda não é só mais um trapinho, deve ser levado a sério, pois além de movimentar cifras inimagináveis, o nosso consumo pode melhorar o destino do nosso planeta. Escolha o seu trapinho de forma consciente!

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