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Neste domingo eu chorei… – por Alice Elaine Teixeira de Oliveira

As notícias que nos alcançam todos os dias têm nos tornado insensíveis ao sofrimento humano e passivos diante de tanta injustiça cometida contra mulheres, crianças e homens em todos os lugares.

Há tantas matérias jornalísticas sobre guerras, explosões, fome, miséria e infortúnios que não nos comove mais como antigamente. Dentre o esquema de disposição das notícias, um pouco de quente e um pouco de frio, a tragédia real e a do futebol, a escassez de alimentos e as grandes safras, todos líderes religiosos pedem paz, mas abençoam as armas do seu lado da fronteira, tudo isso deixa nosso cérebro confuso e não sabemos o que sentir.

Ora temos milhões, bilhões escoados dos cofres públicos para uma minoria detentora de nomeação pública para representar a voz do povo, que cada vez mais mostra-se burra e influenciável pelas mesmas pessoas que lhe passam a mão nos bolsos e carteiras. Ora temos a fúria da natureza cobrando seu preço pelo descaso e desprezo por sua exuberância e poder.

E também, quando lemos nas páginas velhas do jornal de hoje as mesmas notícias de há tantos anos sobre gente morrendo de desnutrição, mesmo não estampando a capa, pois este tipo de informação não vende mais. Hoje, a moda é a disputa de poder em terras distantes e que muitos acreditam ser a terra dos sonhos, eu diria, porém, ser um lugar causador de pesadelos…

Somos bombardeados com tanta podridão de caráter e ganância, um tsunami de lama imoral, a enxurrada de mentiras “deslavadas”, perdoem-me o trocadilho desintencional, que nossas mentes não sabem mais COMO pensar. As cifras astronômicas da corrupção estão num patamar na qual não conseguimos nem mesmo mensurar, confundem-se com os números de chacinas e atentados cometidos em nome de nações, religiões e líderes.

E quando estamos prestes a desistir de tudo, quando estamos a ponto de explodir junto com as bombas e a Mãe de Todas as Bombas, cruzam em nosso caminho alguns “cavalinhos” engraçadinhos, ou belas “sereias” que, pelo que eu saiba, sempre foram entidades do mal nas histórias que as criaram.

Parece que as pessoas em geral, mas não em sua totalidade, não sabem mais o que são “Boas Novas”. Confundem Amor com Novela, Amar com Sexo, ter Misericórdia com Impunidade, o Sofrimento com uma Aventura, Hombridade com Machismo, Coragem com Reality Show

Até mesmo os programas de humor, comédia popular perderam totalmente o equilíbrio, e o que é pior, isso apenas reflete o pensamento de nossa sociedade moderna. Eles riem da pobreza, da ignorância, da dor, do diferente. Gargalham com os espertinhos, identificam-se com os pegadores e debocham dos honestos, feitos de idiotas. As pessoas mais divertidas são as dominadas por vícios, os loucos são os únicos lúcidos de nosso tempo…

Mas a cena que me fez retornar a meu estado de humana esperançosa, e ao mesmo tempo me comoveu e mexeu verdadeiramente com meus sentimentos neste domingo, ocorreu no decorrer da explanação da reportagem sobre a explosão e atentado a um comboio de pessoas fugindo da guerra, onde morreram muitos e dentre eles muitas crianças que estavam sendo atraídas pelo terrorista pelos alimentos em seu carro. Enquanto as filmagens passavam diante de nossos olhos, em um certo momento, eis que surge uma garotinha de uns 2 ou 3 aninhos, com a cabeça enfaixada com gazes e band-aid no rosto, o sangue e as lágrimas ainda estavam colados no seu rostinho infantil, mas ao perceber que estava sendo filmada, ela sorri ingenuamente, como só uma criança sabe sorrir. Um discreto, maroto e verdadeiro sorrisinho me fez chorar neste domingo…

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