Orgulho ferido – por Maiquel Rosauro
Com exceção de alguns jogos do Internacional e da Seleção Brasileira e os episódios de Game of Thrones e The Walking Dead, não assisto televisão. Seja na TV fechada ou aberta, nada mais me chama atenção na telinha. Por outro lado, virei fã incondicional da Netflix e utilizo a internet para ler os jornais locais e até para escutar as rádios de Santa Maria.
Mas é claro que mesmo distante da TV aberta, não virei um zumbi sobre o que acontece ao meu redor. Sei que o Big Brother Brasil está repleto de polêmicas, que um velho ator da Globo demonstrou toda a bestialidade masculina em cima de uma funcionária da casa e sei que um menino do Estado venceu o The Voice Kids no domingo.
Não assisti ao tal programa das crianças. Pelo que li nas redes sociais, havia uma mocinha que cantava melhor, mas que o carisma do guri pilchado, Thomas Machado, 9 anos, era arrebatador.
Logo, nesta terça (4), me surpreendi quando o vereador João Kaus (PMDB) levou o tema para a tribuna, relatando músicas cantadas pelo guri e como ele se vestia. Confesso que, de início, achei o assunto um tanto bizarro, mas logo me vi obrigado a concordar com cada palavra do peemedebista.
O edil explicou que a forma como Thomas se vestia, com bombacha e lenço, chamava sua atenção. Através da vestimenta, o guri gritava ao povo brasileiro, sim eu sou gaúcho. Kaus logo questionou por que hoje tanta gente tem vergonha de usar uma bombacha e levou a todos para uma reflexão sobre nosso orgulho sulista.
Lembro que quando eu era mais jovem havia um grande orgulho em dizer “eu sou gaúcho”. Hoje em dia, nosso patriotismo regional anda tão em baixa que precisamos que uma criança de nove anos lembre quem somos.
A crise nas finanças do Estado, a insegurança, o parcelamento de salários, o sucateamento da máquina pública, o decepcionante governo Sartori… são tantos problemas somados que fica mesmo difícil ter orgulho do Rio Grande do Sul. Precisamos de mais Thomas Machados.
OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a foto que ilustra esta crônica é uma reprodução da internet.
Tenho um ponto de discordância com o Maiquel. Não é que precisamos mais de “Thomas Machados”. Precisamos sim é que os meios de comunicação levem os assuntos mais a sério. Esse tema, a vitória do menino no The Voice Kids, vem ocupando imensos espaços desde domingo. O que justifica tudo isso? Por outro lado, um vereador ir para a tribuna para também comentar isso é falta do que propor enquanto legislador público. Não surpreende. Quem lê os releases das sessões ou mesmo acessa o site da Câmara percebe que de originalidade, de projetos que impactem junto à sociedade santa-mariense, sobra pouco no nosso Legislativo. É muita falação, requerimentos e moções. Mas de conteúdo, extrai-se pouco.