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MEMÓRIA. “Comissão da Verdade” da UFSM terá o acesso a arquivos da ditadura, relativos à Universidade

Cópia de documento da extinta Assessoria de Segurança e Informações da UFSM, com ficha de estudantes que foram ao Congresso da UNE

Por FRITZ R. NUNES (texto e foto), da Assessoria de Imprensa da Sedufsm

Durante o seminário desta manhã promovido pela Comissão Paulo Devanier Lauda de Verdade e Memória da UFSM, a historiadora que trabalha no Arquivo Nacional, Vivien Ishaq, trouxe novas informações a respeito dos arquivos produzidos pela extinta Assessoria de Segurança e Informações (ASI) da UFSM. Esse órgão funcionou durante o período da ditadura civil militar em todas as universidades federais. No caso de Santa Maria, essa documentação não foi encontrada, pois não constava mais no Arquivo Geral. Ao iniciar seu trabalho, ainda em 2015, a Comissão da Verdade da UFSM encaminhou solicitação à Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que sucedeu o SNI, para que fossem localizados e encaminhados esses documentos.

Conforme Vivien, que também atuou como gerente-executiva da Comissão Nacional da Verdade, um acervo de aproximadamente mil dossiês, com cerca de 10 mil páginas, faziam parte do acervo do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI). Esse material, explicou ela, será repassado por meio eletrônico à Comissão da Verdade da UFSM num prazo ainda não estabelecido. Na explanação, através de slides, Vivien apresentou um exemplo de ficha que se encontrava no arquivo da extinta ASI. A historiadora ressaltou, porém, que não pode afirmar que todo esse acervo, com milhares de páginas, refere-se exclusivamente à ASI da UFSM. Analisar esse material será papel da Comissão da Verdade.

Até mesmo para dar conta da análise de todo esse material, que ainda nem está na UFSM, e também para colher novos depoimentos, se forem necessários, o professor do departamento de História, Diorge Konrad, que também integra a Comissão da Verdade, afirmou nesta quarta que será solicitado ao reitor, Paulo Burmann, prorrogação dos trabalhos por mais um ano. A comissão completa dois anos de atuação no próximo mês de junho.

Repressão política

Vivien Ishaq falou nesta quarta pela manhã do tema “Os arquivos da repressão política no Arquivo Nacional e linhas de pesquisa, 1964-1985.” O evento contou com o apoio as Sedufsm, Assufsm, OAB-Subseção Santa Maria, da Pró-Reitoria de Extensão da UFSM e do DCE. Promovido pela Comissão Paulo Devanier Lauda de Verdade e Memória da UFSM, a atividade prosseguiu na tarde desta quarta e finaliza na noite de quinta, 25.

Em sua explanação, Vivien destacou alguns aspectos sobre o trabalho de pesquisa dos arquivos da época da ditadura. Segundo ela, só relacionado ao antigo SNI existem cerca de 10 milhões de páginas de documentos. Para a historiadora, a vastidão de documentos, bem como o nível de detalhamento da estrutura montada pelos governos militares, com a participação de servidores civis e militares, de forma organizada para espionar as pessoas, comprova que a prática desenvolvida não tinha por objetivo vigiar apenas aqueles que optaram por lutar contra o regime autoritário. O que havia, segundo Vivian, era uma tentativa de controle da sociedade como um todo, o que incluía, evidentemente, as universidades.

Após a análise de milhares de documentos, Vivien também ressalta que, quando se fala em prisões, tortura e mortes, que isso não pode ser qualificado como “excesso” de alguns setores. Ela argumenta que a espionagem, a prisão e até a eliminação de física de alguns opositores do regime, era planejada. Havia uma “política de estado” e, que, em diversos momentos, esse Estado agia praticando terrorismo.

Para que não se repita

A abertura do seminário “Repressão política nas universidades durante a ditadura: memória e verdade” foi realizada por Beto Fidler, que preside a Comissão Paulo Lauda de Verdade e Memória da UFSM. Fidler, que representa o sindicato dos técnicos (Assufsm) na Comissão, destacou a importância do trabalho realizado, que segundo ele, não representa uma “caça às bruxas”, mas tão somente a tentativa de recuperar a história da repressão na instituição, que foi “sonegada” ao longo dos anos.

O reitor da UFSM, Paulo Burmann, responsável pela criação da Comissão da Verdade local, manifestou seu apoio ao trabalho, enfatizou ainda que é preciso conhecer a história desse período para que não se repita, não somente na UFSM, mas em nenhuma outra universidade. Na análise do reitor, a universidade precisa ter uma realidade em que a verdade possa circular livremente.

Quase ao final da palestra desta manhã, o presidente da Sedufsm, professor Júlio Quevedo, que também teve participação nos trabalhos da Comissão da Verdade do ANDES-SN, entregou uma publicação levada a cabo pelo Sindicato Nacional dos Docentes, na qual consta o relatório dessa Comissão.

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