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Um debate valioso para a democracia brasileira – por Michael Almeida Di Giacomo

O articulista e o encontro dominical, que, “embora vibrante para as torcidas”...

Um debate entre os concorrentes ao Planalto, desde a abertura democrática – na eleição de 1989 – não era tão aguardado quanto foi o que ocorreu na noite do último domingo, promovido pela Band, TV Cultura, a Folha e o UOL.

Isso, porque na última eleição presidencial, em 2018, o capitão – que estava enfermo, aproveitou para não participar de nenhuma situação que pudesse expor a sua fragilidade política, como por exemplo, estar frente à frente de seus oponentes.

Agora, com a real possibilidade de ser derrotado, o capitão saiu da caverna e resolveu ir para a ofensiva. É uma resposta à sua trupe, que se alimenta com discurso de ódio, truculência e das inúmeras narrativas falsas que o seu líder lança nas redes sociais.

Em relação ao debate, entre todos os candidatos e candidatas, o destaque ficou para Simone Tebet, candidata do MDB. O ponto alto de sua participação foi o momento em que afirmou ao atual mandatário da nação: “Não tenho medo de você, nem de seus ministros”.

A afirmação de Tebet, que também teve protagonismo ao lançar a proposta de desoneração do imposto de renda aos professores, e oposição ao instituto da reeleição, é emblemática. É uma denúncia do modus operandi da trupe bolsonarista, ou seja, intimidar os contrários, impor a sensação de medo às pessoas.

O capitão, por sua vez, foi autêntico.

A partir de sua verve belicosa, sob pressão, atacou a jornalista Vera Magalhães – que havia feito uma pergunta de cunho jornalístico. A resposta, repleta de misoginia, trouxe à baila a versão mais completa de Bolsonaro, exatamente o que conhecemos e que desperta tanta “paixão” em seus seguidores.

Lula pareceu estar desacostumado a debates.

Não era o mesmo político que já enfrentou Collor e FHC – em eleições pretéritas. Talvez tenha sido devido a sua estratégia de relembrar os feitos do seu governo, ou mesmo de se preservar, já que está em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais.

Uma das situações que mais representa essa fase de Lula ocorreu quando ele e Tebet foram instados a se comprometer com a formação de um ministério em que haja paridade de gênero.

O experiente político, ex-metelúrgico, ex-dirigente sindical, deixou de fazer valer o fato de que o PT é o único partido a eleger uma mulher presidenta da República, e não foi nada convincente na resposta.

Já Ciro Gomes continua a fazer política de forma passional.

E, para além do seu destempero – devidamente controlado durante o debate – atua como linha auxiliar do bolsonarismo. É um melancólico final de carreira.

O debate, embora vibrante para as torcidas, parece não ter alterado muito o quadro eleitoral, uma vez que pesquisa Ipec, de segunda-feira, mantém os candidatos na mesma posição, com Lula na liderança.

Contudo, ficou claro que se os eleitores avessos à polarização, entre a esquerda petista e a extrema-direita bolsonarista, quiserem uma opção de centro, a candidata Simone Tebet está apta e pronta para representar essa fatia do eleitorado.

(*) Michael Almeida Di Giacomo é advogado, especialista em Direito Constitucional e Mestre em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público. O autor também está no twitter: @giacomo15. Ele escreve no site às quartas-feiras.

Nota do Editor: a imagem (do debate dos presidenciáveis, no último domingo) que ilustra este artigo é uma reprodução obtida na internet.

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4 Comentários

  1. Poliomielite. Um caso no estado de NY, outro na Africa (Malawi se lembro bem). Outro em Israel. Residuos de DNA no esgoto do suburbio de Londres (que tem problema serio de imigração ilegal), o que provocou vacinação emergencial. Caso de Israel aparentemente é mutação do virus da vacina. Aparentemente a imunização oral tem este problema, virus atenuados que tendem a serem transmitidos. O que poderia, em tese, levar a uma mutação com efeitos nefastos. Por isto estuda-se alternativas a imunização oral. Alás, casos com presença de virus de vacina não são tão incomuns. Na Africa e em NY não era o caso, aparentemente ‘deu ruim’. Resumo da opera é que a midia da muita atençao para a Variola dos Macacos (população chegou a uma conclusão, quem acredita que foi misoginia no debate com certeza acharia homofobia) e pouco para a polio.

  2. Alás, Politica Nacional de Residuos Solidos, lei, ‘cabe aos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes dos produtos […] tomar todas as medidas necessárias para assegurar a implementação e operacionalização do sistema de logística reversa sob seu encargo, consoante o estabelecido neste artigo, PODENDO, entre outras medidas: […] atuar em parceria com cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis’. Podem, não são obrigados. Emissoras por aí falam contra as Fake News (para não chamar de mentiras), mas dão microfone aberto para militantes de certas cores partidarias para dizer o que bem entender.

  3. Simone Tebet escolheu uma vice de SP, alem de mulher é cadeirante. Preconceito? Vamos ver quantos votos faz no NE. Sem o Nordeste, Minas e SP ninguém se elege. Molusco com L., o honesto, pareceu velho. Rosto pareceu inchado (ao menos nos cortes que vi). Botox, corticoide ou outra coisa talvez. Ciro da Massa tem planos mirabolantes, numeros e estatisticas tiradas do bolso. Simone Tebet opção entre o petismo e o cavalismo (não é extrema-direita, outros ocupam aquele espaço no espectro politico, óbvio, não é necessario genialidade para saber disto). Alás, evangelicos devem primar pela separação entre Igreja e Estado, mas quando uma freira ligada a Economia Solidaria vira cabo eleitoral petista não tem problema nenhum.

  4. Não vi o debate. Tinha coisa melhor para fazer. Vera Magalhães, pelo corte que assisti, comentou a queda na procura das vacinas em geral (polio, tuberculose, etc.). Perguntou a Ciro da Massa se achava que a baixa cobertura vacinal era resultado da ‘desinformação’ espalhada pelo PR que teriam inclusive causado mortes que ‘poderiam ter sido evitadas’. Ou seja, não tem espaço para desenhar, ilações baseadas em ‘narrativas’ sem base nenhuma e, pior, ‘levantou a bola’ para um debatedor ‘sentar a pua’ no outro. Obviamente a noção de ética é estranha para alguns, mas chamar isto de jornalismo, bom, pode até ser que seja. Talvez por isto esteja em declinio. ‘Misoginia’ é atribuida conforme o caso, a ‘vitima’ aparentemente tem o ‘grelo duro’, logo não deve sofrer muito.

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