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JORNALISMO. Colunista do site, Bianca Zasso agora é membro da Associação de Críticos de Cinema do RS

A associação, digamos assim, aconteceu no último final de semana. A colaboradora do site, já há quase seis anos, recebe justo reconhecimento – o que só nos orgulha este editor e, sobretudo, aos leitores do (nem sempre) humilde espaço, além, claro, de outros merecidamente ocupados pela Bianca Zasso (na foto, do seu – dela – perfil no Feicebuqui). Sim, este é o nome da moça, jornalista que empresta seu talento para o www.claudemirpereira.com.br.

Dito isto, olha só o que a moça escreveu. É mais que uma comemoração. Antes, uma reiteração emocionada dos compromissos que sempre assumiu em relação ao cinema e aos leitores e amigos em geral. Acompanhe:

O cinema é a mais perversa das artes.

Ele não te dá o que você deseja. Ele te diz como desejar.”

(Slavoj žižek)

Por BIANCA ZASSO – colunista do site

Talvez o filósofo tenha razão, pois muitos dos meus desejos surgiram nas salas de exibição. Grandes, pequenas, improvisadas. E como esquecer a TV de 14 polegadas, decorada com adesivos do Mickey, que foi responsável pelo meu primeiro contato com vários filmes? E o videocassete que era da família e ficava na sala e eu, como se ninguém fosse perceber, instalei com meu quarto? Gravando filmes na madrugada para não perder a aula na manhã seguinte, mesmo que, enquanto a professora de matemática explicava fórmulas, eu contava os minutos para conferir se a gravação tinha sido realizada com sucesso. A mesada guardada no cofrinho, virava ingressos e passagem de ônibus.

Eram 50 quilômetros entre o meu quarto de aspirante a cinéfila cheio de pôsteres e a sala escura que nem sempre exibia o que eu queria ver. As revistas devoradas, os VHSs organizados na estante com mais cuidado que qualquer outro objeto. A voz do meu avô avisando que ia começar um filme com o Joel McCrea que ele adorava e queria que eu conhecesse. O dia que achamos “Sempre no meu coração”, de Jo Graham, filme que o fez chorar e que ele sonhava rever mais uma vez. Choramos juntos. Ele de saudade e eu de ver que estava feito o estrago: eram os filmes que moviam a minha vida.

E teve o primeiro Bergman, o primeiro Antonioni, o Kubrick que eu só conhecia dos livros e das conversas diante dos meus olhos. A aprovação no vestibular e o primeiro aparelho de DVD, que vovó parcelou em muitas vezes. Eram outros tempos. Chegou a turma do Cineclube Unifra, o professor Bebeto que hoje é orientador, amigo e padrinho e foi responsável por abrir meu olhar para outros mundos, outros sentidos, outros cinemas.

As discussões, as tardes de sábado com sessões lotadas onde vi guris de 15 anos encantados com “Um corpo que cai”, de Alfred Hitchcock e senhorinhas balançando a cabeça ao som das canções de “Hair”, de Milos Forman. E eu continuava comprando menos roupas e mais filmes. De que adianta pano sobre o corpo se a alma está sem alento?

E teve formatura, trabalho de repórter, a chegada do homem da minha vida (e o nome dele é Mateus Renard Machado!) e a gaveta de anotações sobre cinema cada vez mais lotada. E, na noite da cerimônia da entrega do Oscar de 2012, o Claudemir Pereira, dono deste sítio, me liga e faz o convite para escrever semanalmente sobre cinema. Com liberdade e respeito ao meu olhar sobre o tema.

Disse sim num impulso que não combinava com minha insegurança quanto aos meus escritos. Hoje, só tenho que agradecer ao meu chefe Claudemir, sempre compreensivo, incentivador e divertido. Se hoje eu passo a fazer parte da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (ACCIRS) é porque o Claudemir abriu a primeira porta e me recebeu com chimarrão, café e bons conselhos. Aliás, pretendo ter tudo isso por muito tempo ainda, viu, chefe?!

E como esquecer dos novos amigos que meus textos me deram? O pessoal do Papo de Cinema, em especial Robledo, Marcelo, Matheus e Marina, sempre ajudando a melhorar meus textos e incentivando sempre a não parar. O Edinho da DVD Magazine, que me deu a coluna Filmes da Bia para falar sobre filmes e, também um pouco de mim mesma e dos meus sentidos sobre o mundo que se mostra na tela. Osvaldo e Ronald, da Action News, o que dizer? Que tenho orgulho de ter sido a primeira mulher colaboradora do site que cobre um dos gêneros mais importantes para os meus primeiros anos de cinefilia. E os guris do Formiga Elétrica, que me receberam com tanto carinho e aceitam minhas sugestões mais loucas sem reclamar? E o coletivo Elviras, onde encontrei meninas tão talentosas e que me ensinam sobre coisas que vão além do cinema todos os dias? Obrigada, gurizada! Ter espaço para escrever é um detalhe perto das amizades que ganhei.

Eu era uma menina que gostava de cinema. Continuo sendo, só que agora os rabiscos dos caderninhos ganharam leitores. E é para eles que eu estudo, assisto, reviso, penso, gasto neurônios em busca do melhor ângulo. Porque ser crítica, pelo menos para mim, é a antes de tudo ser mediador entre a tela e o espectador. Não quero dar respostas, mas inspirar perguntas, plantar em quem assiste um filme algo que vai além do simples entretenimento. Se consegui isso uma ou cem vezes, já me sinto satisfeita.

Por isso, encerro este texto com um muito obrigada gigante e um beijo da Bia todo especial aos meus leitores. Os de toda semana e os esporádicos. Os que me conhecem e os que caíram sem querer nos meus escritos. Os que concordam comigo e os que acham que não entendo nada de cinema. É por vocês que eu não quero parar. Assim como nas perseguições do cinema, meu pé está no acelerador e não pretende sair de lá tão cedo. O grito de “ação” foi dado e o de “corta” não deve chegar tão cedo.

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2 Comentários

  1. Quero crer que a frase correta é “o cinema é a arte mais pervertida”. Slavoj é vermelhinho (dos que valem a pena escutar) e lacaniano (Lacan era meio picareta), as frases dele nunca são “comportadas”. Quem pensou na foto teve uma boa “sacada”. Cinéfilos são uma tribo à parte, cada um com sua “cachaça” e com suas agruras (não vou ter que assistir o último Transformers). De qualquer maneira, parabéns à colunista.

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