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A hora de quebrar os dentes – por Vitor Hugo do Amaral Ferreira

Os acontecimentos que nos circundam conduzem a discursos que por um lado afagam o otimismo, por vezes exagerado, ou em contrapartida, enaltecem o pessimismo cruel. Entre um e outro, fico no realismo. O difícil está em saber se o que temos de real é a opinião pessimista ou otimista em nosso manifesto.

O equilíbrio é a nossa busca eterna, duvido de posição contrária. A soma de experiências, sejam positivas ou negativas, lágrimas ou sorrisos, sempre induz o pensamento diante do objeto que pensamos. Certo que tudo depende do ponto de vista e do observador. Começo, inclusive, a desconfiar que nada importa o que somos, o que fizemos; o importante está no que passamos aos que nos observam. Aqui estamos tão somente, observados.

Vocês aí lendo o texto, observando uma ideia, eu tecendo-a, na proposta simples de oportunizar um pensamento, um ensaio, uma reflexão. Talvez nada disso aconteça, quem sabe sejamos tolos por esperar uma construção positiva, propositiva. Não! O fato é que não quero ser negativo, bem pelo contrário. A minha opinião é realista, ainda que em nosso costado transborde o pessimismo.

E tendo que ser realista não posso negar o caos da educação, a corrupção como regra, o descaso às políticas públicas. Então pergunto: será que chegou a hora de quebramos os dentes?

Em algumas regiões do Japão se cultivou, até o século XIX, uma excêntrica cultura popular. Os mais velhos, quando estavam próximos da morte, eram levados à montanha Narayama, considerada sagrada, e lá aguardavam até a morte. Um dos sinais que o momento da peregrinação à montanha estava chegando era dado pela perda dos dentes.

Em síntese, o filme Balada para Narayama, do diretor Shohei Imamura, retratou esse costume, permeando-se da mostra do estado de ignorância e da vida precária em algumas regiões do Japão. O ponto máximo do filme narra o dilema de uma personagem que já com idade avançada, ainda permanece forte, com saúde. Porém, ansiosa com a hora de subir à montanha, em desespero com a situação degradante que a cerca. Então, longe dos filhos, arranca os dentes, batendo-os em pedras e paredes, antecipando sua balada à Narayama.

Cultivo a prática otimista de acreditar no resgate dos serviços de saúde; no desenvolvimento de políticas de emprego, trabalho e renda; na moralização da política; no resgate da cidadania e promoção dos direitos fundamentais; no respeito entre as pessoas; na gentileza; e sem muita pretensão, quero confiar nas pequenas coisas da vida.

Parafraseando Bertold Brecht primeiro levaram os negros, em seguida levaram alguns operários, depois prenderam os miseráveis, agarraram uns desempregados; mas como não sou negro, operário, miserável ou desempregado não me importei. Agora estão me levando, mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém. Ninguém se importa comigo. Chegou a hora de quebrar os dentes?

Vitor Hugo do Amaral Ferreira

[email protected]

@vitorhugoaf

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