Memória curta. Os três meses de um grampo do qual se tem a transcrição, mas ninguém ouviu
Trata-se, provavelmente, da maior empulhação de uma publicação que um dia foi a revista mais admirada do País. A Veja garantiu ter havido um grampo de conversa entre o presidente do Supremo, Gilmar Mendes, e o senador Heráclito Fortes. Até transcreveu o conteúdo. Mais que isso, agitou a República, num estardalhaço que serviu muito bem a propósitos sobre os quais não se sabe.
Isso faz três meses. Se encaminha para uma conclusão: não houve grampo. Ou, para usar um princípio geral de direito criminal: não há homicídio sem corpo. Afinal, ninguém até hoje ouviu o áudio da conversa que teria sido grampeada. Um embuste, é o que se supõe, com muito boa dose de razão. E ainda tem gente que usa a ex-revista Veja como oráculo. Argh!
Ah, o primeiro a denunciar a razoável probabilidade de estarmos diante de um absurdo jornalístico foi Luis Nassif. Agora, leia o que ele escreve, sobre o assunto:
Aniversário de uma provável fraude
Hoje completa 90 dias do aparecimento de uma provável fraude, talvez a maior já produzida pela moderna imprensa brasileira: o suposto grampo que Veja garante ter sido feito pela ABIN em uma conversa entre um Ministro do Supremo e um Senador da República.
90 dias depois, nenhuma das acusações da revista se confirmou. Nem que foi a ABIN, nem ao menos que a ABIN possuía maletas que permitissem grampo – aliás, a revista foi tão inconseqüente que nem contava que a ABIN não dispunha de uma ferramenta óbvia para uma agência de inteligência.
Nesses 90 dias, a nação testemunhou a encenação escancarada de uma farsa, da qual participaram deputados, senadores, autoridades federais, autoridades do Judiciário e a mídia. A revista falava em uma verdadeira indústria de grampos, mencionava dezenas de pessoas supostamente grampeadas. Não conseguiu comprovar nem ao menos que o grampo mencionado na reportagem era real.
Futuramente, a história do jornalismo considerará esse episódio como sendo da mesma dimensão das Cartas Brandi e do Plano Cohen.
SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui, se desejar, também outras notas, artigos, informações e comentários do jornalista Luis Nassif.
ATENÇÃO
1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.
2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.
3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.
4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.
5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.
OBSERVAÇÃO FINAL:
A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.