Câmara de Vereadores

CÂMARA. Com galerias lotadas, vereadores aprovam moção de repúdio contra atos racistas na UFSM

Um grande público acompanhou a aprovação da moção de repúdio proposta pelo vereador Alexandre Vargas (PRB). Foto Maiquel Rosauro

Por Maiquel Rosauro

As galerias do Plenário da Câmara de Vereadores ficaram lotadas no início da sessão dessa terça-feira (24) para acompanhar a Tribuna Livre e também a moção de repúdio defendida pelo vereador Alexandre Vargas (PRB). Os dois atos tinham um objetivo claro: mostrar para a sociedade que o racismo não será tolerado em Santa Maria.

A Tribuna Livre foi usada pelos acadêmicos de Direito da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Fernanda Rodrigues e Elisandro Ferreira. Em setembro, ambos foram vítimas de ofensas racistas pichadas nas paredes do Diretório Livre de Direito (DLD).

“O que mais doeu na gente é que, provavelmente, foram colegas nossos. Pessoas que vão se formar no curso de Direito, ser juristas e levar esse racismo para dentro do poder Judiciário, que já está bem saturado de racistas, a gente sabe disso. São poucos os membros do Judiciário que são negros”, relatou Fernanda.

Elisandro emocionou-se durante sua fala e relatou que nunca havia defendido um partido ou uma causa, mas que agora iria defender a bandeira contra o racismo.

“Isso é inadmissível no século XXI. Eu fui conivente, pois achava que não fazia parte de mim”, explicou o rapaz.

Logo após o discurso, os jovens realizaram a entrega simbólica da camiseta da campanha “Racismo Basta” ao reitor Paulo Burmann, que imediatamente retirou o terno que vestia e colocou a nova vestimenta.

Antes de iniciar a sessão, em entrevista ao site, Burmann afirmou que a UFSM realiza uma apuração interna e a Polícia Federal possui um inquérito em andamento para identificar os responsáveis pelas ofensas racistas.

“Queremos responsabilizar os culpados e, fundamentalmente, desenvolver um trabalho educativo de sensibilização para que isso não volte a ocorrer na Universidade e nem fora dela”, defende Burmann.

Elisandro Ferreira e Fernanda Rodrigues estão à frente da campanha “Racismo Basta”. Foto Gabrielle Righi

Moção é aprovada por unanimidade
Alexandre Vargas utilizou diversos dados para embasar seu discurso contra o racismo. Ele lembrou que a maioria dos desempregados no país são negros, assim como são também as principais vítimas de assassinato no Brasil.

O parlamentar também chamou atenção para o próprio Legislativo santa-mariense, onde apenas uma vereadora, entre 21 edis, é negra. Além disso, ressaltou que dos 105 assessores do Legislativo, apenas 4% são negros.

“A intenção aqui não é fazer um discurso demagogo para me promover com os fatos lamentáveis que ocorreram em nossa Universidade ou que persistem em assolar os nossos cidadãos todos os dias. Pelo contrário, me solidarizo com esta luta, uma vez que entendo a necessidade de frearmos o discurso de ódio que está em nossa sociedade”, disse Vargas.

A moção de repúdio foi aprovada por unanimidade pelos vereadores presentes. O público – a maior parte formado por sindicalistas, estudantes e integrantes do Movimento Negro e de partidos de centro esquerda – festejou ao final do encontro.

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