Esporte

FUTEBOL. Orlando Fonseca e a importância do erro

Foto Marcelo Camargo / Agência Brasil

“O que faz do futebol um esporte tão excitante, imponderável, imprevisível? O erro. Não apenas dos vinte e dois jogadores, mas em especial – e principalmente – do árbitro. Se todos agissem de modo eficaz e consequente, éticos ou elegantes, a partida poderia ser um enfadonho empate. Não haveria torcedores, não haveria transmissões, não haveria campeonatos regionais, copas intercontinentais ou – que lástima – mundiais. Os atacantes sempre que afrontassem a meta contrária acertariam aquele espaço de 7,32m x 2,44m, tendo o cuidado de desviar das hábeis mãos e elasticidade corpórea do sujeito – chato – encarregado de estragar a festa dos artilheiros. A bola, de modo inapelável, iria se aninhar no fundo da meta. Por sua vez, juízes e bandeirinhas não teriam dúvida quanto à legalidade do ato. Todos nós, amantes do esporte bretão, acharíamos coisas mais interessantes a fazer, jogando paciência, dominó ou conversa fora na mesa de um boteco qualquer. Mas, graças aos deuses do futebol – que têm parentesco em todas as instâncias místicas, nórdicas, chinesas ou centro-africanas – não é o acerto que torna o esporte algo viciante, mas a possibilidade iminente do erro. E isso é o mais próximo da essência humana que podemos chegar.

Da pelada no terreno baldio à final da copa do mundo da FIFA, passando pelos encardidos campeonatos de várzea, os catimbados embates nas altitudes andinas, ou nos engomadinhos derbies das copas europeias, o que impulsiona atletas atrás de uma bola de couro-e-ar é a possibilidade de um vacilo, próprio ou do adversário. É isso que iguala a todos os envolvidos em uma partida de futebol…”

CLIQUE AQUI para ler a íntegra da crônica “O erro”, de Orlando Fonseca. Orlando é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura, PUC-RS, e Mestre em Literatura Brasileira, UFSM. Exerceu os cargos de Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e de Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados, foi cronista dos Jornais A Razão e Diário de Santa Maria. Tem vários prêmios literários, destaque para o Prêmio Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia, WS Editor; também finalista no Prêmio Açorianos, da Prefeitura de Porto Alegre, pelo mesmo livro, em 2002.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

4 Comentários

  1. A valorização do erro de arbitragem e do “jeitinho” de um jogador aqui, com certeza diz muito da cultura e do nível de desenvolvimento de parte da sociedade que valoriza isso. Espelha uma visão terceiro-mundista. O esforço, o mérito, a competência, o planejamento, o trabalho em equipe, isso é cobrado, mas para parte dessa sociedade importa menos. Se acontecer gol com um “jeitinho”, melhor ainda. Espelha-se isso nas pessoas que furam filas dos ônibus, cinemas e restaurantes. No auxílio moradia de cinco mil reais de funcionários públicos que ganham 30 mil reais por mês. Não é à toa que 40% quer a volta de um chefe de quadrilha com faixa de presidente. Viva o “jeitinho”. E somos 65º em nível de educação de 70 países e 79º no IDH.

  2. Volto a falar do erro de arbitragem crasso no nosso futebol que não existe em nenhum outro esporte. Nos outros tudo é checado e é reavaliada a decisão com a ajuda das câmaras de tv. E ninguém chia porque querem que o resultado seja justo, dentro das regras. Vá dizer para um norte-americano desenvolvido de Primeiro Mundo que no futebol deles vai acabar a análise dos lances dos juízes que usam as câmaras de tv. Aconteceria uma segunda revolução civil. São desenvolvidos ou sub-desenvolvidos? Sim, uma coisa tem a ver com outra.

  3. Não estou falando do erro individual, do jogo, do passe errado, isso faz parte. E também não é isso que atrai multidões para o futebol, está equivocado o jornalista. Ninguém gosta de jogo ruim quando tem muitos erros. Os torcedores vaiam, colunista.

  4. Futebol com valorização do aceite do erro, aquele específico que muda o resultado de uma partida por erro de arbitragem, visto e revisto depois por bilhões de pessoas na tv, é a exata representação de um país subdesenvolvido. Pobre. Atrasado. Que ri do “jeitinho” trapaceiro quando um jogador do time do coração, que ganha um milhão por mês, põe a mão na bola de propósito para fazer um gol. Num país desenvolvido, ao contrário, a graça está em ganhar com justiça, com mérito, porque times pagam milhões para jogadores para ganharem com espetáculo e competência. Porque lá quem paga o ingresso (caro) não gosta de ser chamado de trouxa. Quer espetáculo, não um resultado “roubado” (implícito ou explícito).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo