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ECONOMIA. Quinteto de bancões fecha agências e corta vagas neste ano. E o lucro? Este cresce 27,1%

Bancários de Santa Maria, na greve de outubro do ano passado. Os principais bancos demitiram mais de 3 mil trabalhadores durante 2017

Da REDE BRASIL ATUAL, no SUL21, com foto de MAIQUEL ROSAURO, do Arquivo do Site

Mesmo com a crise brasileira, os principais bancos continuaram registrando lucro crescente e ampliaram ativos. A conta foi paga na outra ponta: enxugaram estruturas fechando agências e eliminaram milhares de postos de trabalho, aponta o Dieese. “É crescente a necessidade de se aprofundar o debate sobre o papel desempenhado pelo Sistema Financeiro Nacional, especialmente em relação aos três maiores bancos privados, tendo em vista que, mesmo diante do forte quadro recessivo no Brasil, eles apresentaram resultados muito superiores aos de outras empresas dos mais diversos portes e setores. Mesmo assim, os bancos demitem e agravam a situação do desemprego no país”, diz o instituto em estudo sobre o setor.

De acordo com a análise, os ativos das cinco maiores instituições bancárias do país (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco e Santander) somavam em junho R$ 6,1 trilhões, crescimento médio de 5,1% sobre o primeiro semestre do ano passado. O patrimônio líquido subiu mais, 7,9%, atingindo R$ 441,5 bilhões. E o lucro líquido somou R$ 35,6 bilhões, um montante 27,1% maior. Já o emprego caiu: foram eliminados 3.021 postos de trabalho (-0,7%), para um total de 422.795 empregados.

“O resultado só não foi pior porque considera a incorporação dos funcionários do HSBC pelo Bradesco. No entanto, após a aquisição, o Bradesco já eliminou 4.779 postos de trabalho, de setembro de 2016 a junho de 2017”, lembra o Dieese. O instituto acrescenta que, em julho, o banco lançou um programa de demissões voluntárias que foi até 31 de agosto e tem prazo de até 180 dias para efetivar as rescisões. “Isso significa que, até o final do ano, o Bradesco deve reduzir significativamente o quadro funcional.”

Com um plano de incentivo à aposentaria, o BB fechou 10.012 postos de trabalho no primeiro semestre em relação a igual período de 2016 (-9,1%), de 109.615 para 99.603. A Caixa, que também mantém programas de redução de pessoal, cortou 5.486 (-5,7%), para 90.201. Entre os privados, com a exceção pontual do Bradesco, o Santander fechou 2.281 (-4,7%) e o Itaú Unibanco, 961 (-1,2%) – ficaram com 46.596 e 81.252 empregados, respectivamente.

O Dieese destaca uma mudança de comportamento no setor público, resultado de mudanças de orientação política e econômica. “Os bancos públicos que, em outras ocasiões, atuaram de forma anticíclica, visando incentivar a atividade econômica, atualmente seguem a mesma lógica das instituições privadas, com restrição ao crédito e alta de juros e spreads.”

Entre os bancos, o maior lucro, mais uma vez, foi do Itaú Unibanco: R$ 12,3 bilhões, crescimento de 15% em 12 meses. A maior alta no período foi da Caixa, cujo lucro subiu 69,2%, para R$ 4,1 bilhões.

O instituto atribuiu boa parte do lucro crescente à redução de despesas de captação, influenciada pela diminuição dos juros básicos (taxa Selic): R$ 17,8 bilhões em termos nominais. “Esta é a principal despesa das instituições financeiras e, portanto, tem grande influência no resultado. Além disso, vale destacar a retração nos valores pagos com impostos e contribuições”, acrescentando o Dieese, citando Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

Entre junho do ano passado e junho deste ano, Itaú, BB e Santander fecharam 838 agências: 184, 543 e 11, respectivamente. “No Banco do Brasil, em novembro de 2016, foi anunciado um plano de ‘reorganização institucional’ que projetava o fechamento de 402 agências e a transformação de outras 379 em postos de atendimento (PA). No entanto, o saldo de agências fechadas em 12 meses foi superior ao número anunciado. Também nos pontos da rede própria houve redução de 1.083 unidades no período (o balanço da instituição não divulga o número de PAs, especificamente).”

Além disso, a Caixa anunciou fechamento de 100 a 120 agências em 2017. Por enquanto, aparece com sete a mais. O Bradesco também tem acréscimo, mas devido à incorporação do HSBC. No total dos cinco bancos pesquisados, eram 19.145 agências no final do semestre, 146 a menos (-0,8%).

O Dieese enfatiza a necessidade de cobrar contrapartidas, “não apenas para os trabalhadores, mas para o conjunto da sociedade brasileira”. E cita o artigo 192 da Constituição: “O sistema financeiro nacional é estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do país e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem”.

Com base nesse dispositivo constitucional, conclui: “O sistema segue concentrando cada vez mais a renda nacional e muito longe de promover qualquer tipo de desenvolvimento”.

CONFIRA AQUI a íntegra do estudo.

PARA LER A ÍNTEGRA, NO ORIGINAL, CLIQUE AQUI.

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4 Comentários

  1. Claro que poderia ser melhor, banco vive de emprestar o bem que tem, ou seja, dinheiro, mas custa caro (juros), por quê? Se o “pedinte” não for um tubarão que pega dinheiro baratinho do BNDES, a grande maioria das pessoas e empresas paga caro, sempre pagou caro, aliás, por quê? Contexto histórico de alta inadimplência, crises políticas frequentes, déficit permanente dos governos (independente de partido ou ideologia que está no poder), fazendo com que consequentemente a taxa básica seja uma das altas do mundo. Banco tem jogar esse jogo do contexto, senão quebra. Não são so bancos que geram essas situações caóticas permanentes. Essa obviedade o DIEESE não enxerga? Claro que enxerga, mas o DIEESE tem uma bandeira, qual cor será? Quando tem uma bandeira, nem tudo que deve ser dito, é.

  2. Que estória é essa de “segue concentrado e não promove o desenvolvimento”? Estão emprestando dinheiro para quem para ter lucro? Para o Trump?

  3. Que bom que tiveram lucros, isso significa que são competentes, que banco nenhum vai quebrar (e desesperar seus clientes) e não vão precisar serem socorridos pelos nossos impostos. Já não é uma grande coisa? Não tem negócio no mundo que seja mais devorador de empregos do que o setor bancário devido à automação, necessária, sempre premente, que cada vez mais se basta para o cliente comum. Bancários deveriam se tocar disso faz décadas. As fintechs (startups financeiras) vão tomar conta e só têm desenvolvedores de software como funcionários, aos montes. Bancários não curtem uma engenharia de software?

  4. Diz uma lenda apócrifa que Milton Friedman foi visitar a China. Chegando lá, mostraram para ele a escavação de um canal. Milhares de trabalhadores de pá na mão abrindo o terreno. Friedman pergunta ao tradutor: “Por que não usam tratores, vocês têm tratores no país, seria mais barato e mais rápido!”. Ao que o interlocutor respondeu: ” Ah! Não, o senhor não entendeu o propósito do canal. A função da obra é dar emprego para toda esta gente, a construção é até supérflua, poderíamos ficar sem ela”. Milton Friedman então respondeu: “Se a função é dar emprego, por que não deram colheres para os trabalhadores ao invés de pás?”.

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