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PT e os dilemas de um partido que fica cada vez mais igual aos outros

O comentário de hoje, da cientista política Lucia Hippolito, na rádio CBN (e reproduzido por Ricardo Noblat, avalia o segundo turno da eleição para a presidência nacional do PT. E conclui que… Bem, leia você mesmo:

PT: um partido nacional ou regional?

“Pelo andar da carruagem, só nos próximos dias vamos conhecer o nome do novo presidente do PT.
Antes do segundo turno, não havia dúvidas de que Ricardo Berzoini sairia vencedor. O que se discutia era o processo de construção da vitória, ou seja, quem teriam sido seus grandes cabos eleitorais, em que estados ele teria tido sua maior vitória, quantos votos de vantagem ele conseguiria sobre Raul Pont.
Mas o PT sempre foi um partido surpreendente. A crise que roeu o partido por dentro e destruiu sua imagem pública refletiu-se na quase apatia dos militantes.
Afinal, a serem mantidos os percentuais até agora apurados, menos de 30% dos militantes petistas compareceram para votar no segundo turno.
E quem parece estar sendo mais prejudicado com esta abstenção inesperada é o candidato do Campo Majoritário, que contava com uma eleição praticamente certa.
O que pode ter acontecido para afastar a militância do comparecimento ao segundo turno da eleição petista?
Em tese, um segundo turno facilita as opções, aglutina os grupos e pode atrair um número até maior de votantes. Mas aconteceu o oposto. Colocada diante da opção Berzoini ou Raul Pont, boa parte da militância deu as costas à eleição.
Alguns dirigentes petistas argumentam que em vários estados a disputa pelos diretórios regionais já foi decidida no primeiro turno, o que teria contribuído para desmobilizar a militância. Se esta explicação estiver correta, mostrará que, também no PT, a lógica da política local é mais forte. Decidida a partida em termos municipais e estaduais, o militante petista desinteressou-se da disputa nacional.
Se este é um fenômeno exclusivo desta eleição, isto significa que o PT mudou de cara, porque ele sempre se pretendeu um partido nacional. Com a lógica estadual e municipal se tornando mais importante que a eleição do dirigente máximo do partido, o PT fica cada dia mais parecido com todos os outros partidos políticos brasileiros.
Embora obrigados a se organizar nacionalmente, os partidos políticos brasileiros não se afastam um centímetro dos interesses e das realidades dos estados e municípios, o que faz do PSDB paulista diferente do PSDB mineiro, do PFL baiano diferente do PFL de Santa Catarina. E assim por diante.
Também o PT passará a enfrentar a mesma situação. Finalmente, vai-se reconhecer que o PT de São Paulo não pode ser reproduzido automaticamente em todos os estados da União, independentemente de quem venha a ser eleito presidente do partido.”

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