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TRABALHO. Reforma pode criar a figura do “boia fria urbano”, diz técnico do Dieese, em palestra na cidade

O técnico do Dieese no RS, Ricardo Franzoi, palestrou para os bancários daqui e da região na noite de sexta, na AABB, em Santa Maria

Por MAIQUEL ROSAURO (texto e foto), da Equipe do Site

A Reforma Trabalhista entrou em vigor sábado (11), mas seus efeitos serão sentidos apenas com o tempo. Uma das novidades que mais chama atenção é referente ao trabalho intermitente, que estabelece a possibilidade de prestar trabalho subordinado, mas eventual, ao mesmo empregador.

Na noite de sexta (9), na AABB, o Sindicato dos Bancários convidou o supervisor técnico do Escritório Regional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Rio Grande do Sul, Ricardo Franzoi, para conversar com a categoria. O profissional apontou que o trabalho intermitente irá criar o “boia fria urbano”.

“Antigamente existia o boia fria, que acordava às 4h e se dirigia para a praça da cidade esperando por um caminhão que iria selecionar os funcionários para o emprego. Agora, irá existir o boia fria urbano, que vai ficar em casa esperando para ser chamado para trabalhar”, explicou Franzoi.

Caberá ao empregador convocar, por qualquer meio de comunicação eficaz, para a prestação de serviços, informando qual será a jornada, com, pelo menos, três dias corridos de antecedência. Recebida a convocação, o empregado terá o prazo de um dia útil para responder ao chamado, presumindo-se, no silêncio, a recusa.

O técnico também salienta que o número de horas trabalhadas na família deve aumentar, porém vai haver uma queda na renda individual. Como consequência direta, haverá mais empregos com uma jornada menor, o que deve gerar uma ansiedade muito grande na população. Ou seja, não irá resolver o problema do desemprego.

Franzoi também apontou um enfraquecimento do movimento sindical, já que as federações dependem 80% do imposto do sindical. Segundo ele, as entidades precisarão se reaproximar da base para se manter, porém terão que rever sua forma de comunicação. O técnico ainda apresentou uma pesquisa no qual aponta que 63% do público informa-se pela televisão e 26% pela internet.

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