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Eleições 2008 e 2010. As agruras do PSDB, um partido que (de novo) pode perder para si mesmo

Fico a imaginar, cada vez que leio algo sobre os desencontros internos do PSDB, o que não devem dar risada seus adversários. Os petistas, especialmente. Afinal, não existe similar no Brasil (o PDT não tem relevância nacional) de agremiação que consegue brigar tanto no seu interior, quando, vista de fora, a situação é tão fácil de resolver.

 

São brigas bobas, embora a busca do Poder não seja exatamente uma bobagem, que jogam por terra até mesmo o bom senso. O que aconteceu em 2002 e 2006 tende a ocorrer em 2008 e, ao que tudo indica, se repetirá em 2010. E depois, cá entre nós, existe quem não sabe por que perde eleições.

 

Para subsidiar o que penso, trago agora um texto publicado pelo jornalista Rudolfo Lago, experimentado profissional da revista IstoÉ. Confira e tira você mesmo a conclusão. A seguir:

 

“São Paulo, meu amor

“São vinte milhões de habitantes
De todo canto em ação
Que se agridem cortesmente
Morrendo a todo vapor
E, amando com todo o ódio,
Se odeiam com todo o amor”

Pedida aqui a licença para atualizar o número de habitantes (quando foi composta, São Paulo tinha oito milhões de pessoas), é assim que começa a canção “São Paulo, meu amor”, com a qual Tom Zé venceu o último Festival da Canção da TV Record, em 1969.

A imagem idealizada pelo compositor baiano para descrever aquela que já naquela época era a principal metrópole do país me veio à lembrança depois da atropelada que o governador José Serra deu em Geraldo Alckmin (e, por via de conseqüência, em Aécio Neves) esta semana.

A idéia de gente que se agride de maneira cortês, ama com todo o ódio e odeia com todo o amor é perfeita para descrever o que acontece no PSDB paulista e na disputa entre os tucanos pela sucessão do presidente Lula em 2010. É um festival de espertezas e rasteiras tão intenso que pode acabar com uma saraivada de tiros no pé. Donos das melhores opções eleitorais na disputa, de acordo com as pesquisas, os tucanos podem acabar perdendo no final. E perdendo para eles mesmos, já que o bloco governista, especialmente o PT, ainda não foi capaz de apresentar um adversário à altura, levando-se em conta as atuais intenções de voto do eleitorado.

Vai se repetir aí um quadro que o partido já assistiu antes, em 2002 e em 2006. Em 2002, na disputa interna pela vaga de candidato à Presidência, Serra atropelou o senador Tasso Jereissati de forma tão violenta que, ao final, Tasso desembarcou na campanha de Ciro Gomes, que era candidato pelo PPS.

Ainda que seja verdade que Tasso tinha grandes afinidades anteriores com Ciro, se não tivesse havido a atropelada ele não teria tido argumentos para abandonar Serra tão ostensivamente. Ao mesmo tempo, para garantir hegemonia na base ligada ao então presidente Fernando Henrique Cardoso, Serra contribuiu para a derrocada da candidatura de Roseana Sarney, pelo PFL. Até hoje, nem Roseana nem seu pai, o senador José Sarney, têm dúvidas de que Serra esteve por trás da operação da Polícia Federal que invadiu a empresa Lunus e flagrou dinheiro de caixa 2 para a campanha de Roseana, obrigando-a a renunciar quando era uma das líderes nas pesquisas. Então, presidente do PFL, Jorge Bornhausen também desconfiava de que vinha tendo seus telefones grampeados. Resultado: Roseana e Sarney apoiaram Lula, e Bornhausen manteve-se neutro. Serra perdeu a eleição para Lula.

Em 2006, já quem deu a atropelada foi Geraldo Alckmin. E, desta vez, a vítima foi Serra. De maneira surpreendente e precipitada, Alckmin aproveitou uma entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, para anunciar sua candidatura.

Pegou Serra no contrapé e conseguiu desestruturar qualquer reação. Serra julgava que, por ter sido o adversário de Lula em 2002 e aparecer melhor nas pesquisas, tinha a primazia. Alckmin vendeu a idéia de que tinha melhor capacidade de composição com o PFL e, trabalhando melhor as…”

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui  a íntegra do artigo “São Paulo, meu amor”, de Rudolfo Lago, repórter especial da revista IstoÉ, publicado pelo Congresso em Foco.

 

 

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