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Pensamentos sobre o novo – por Pylla Kroth

Era quase meia-noite na hora dos homens, que de tão afoitos já andam uma hora adiante, tendo inventado o horário de verão! A mesa estava posta ainda. E todos, inclusive eu, comemos muito antes, tamanha era a fome. Simpatias a espera de milagres, branco para paz, amarelo para dinheiro, vermelho para os orixás, etc, etc… e me ponho a perguntar: qual será a cor de meu espírito interior? Juro que não visualizei, mas senti uma cor neutra ao fechar os olhos por um instante.

Observando o povo todo reunido, pensei “o que fizemos nós em 2017 para esperar ou prever coisas de 2018 para nós mesmos?” Pois lembrei-me que, noutro dia em uma conversa, alguém me disse que seu sistema de crenças se baseava na existência de uma força superior que rege o universo e a multidão de mundos no qual estamos inseridos, e que esta força superior se trata de algo muito abstrato que cada um dá um nome e uma forma, seja ela Deus ou deuses ou o que quer que seja definido por questões individuais de fé, e que determina, através de um sistema muito acima de nossa compreensão, que recebamos de volta tudo aquilo que fazemos ou enviamos, basicamente em forma cósmica de ação e reação, ou seja, é a famosa lei do retorno defendida por inúmeras religiões.

Parece-me uma crença interessante, pois em nossa maneira humana de compreender as coisas imagino que ninguém deseja espontaneamente receber coisas ruins e esta seria uma maneira de pensarmos duas vezes antes de proceder ou nos comportarmos de uma forma que poderia nos trazer conseqüências desagradáveis, um dispositivo de frenagem para a inclinação que infelizmente existe em nós para o mal na mesma proporção que existe para o bem sendo seres de uma complexa dualidade tais como somos.

Tem gente que faz até listinha de resoluções, empurra seus sonhos para o tempo seguinte mandando o ano velho às favas como se fosse ele o culpado pelos insucessos da gente, sem saber que precisamos batalhar mais, correr, ir atrás para alcançar nossos objetivos, pequenos ou grandes. Claro que com uma ajudinha e uma dose boa de fé, pois diz até na Bíblia que ela, a fé, move montanhas, porém garanto que se não empurrarmos essa montanha, somente com a fé e o desejo de que se mova sem nada mais fazermos, ela não sairá do lugar.

E qual seria o “novo” do ano novo? Temos nós que fazer o novo, ou melhor: nos refazermos. No mesmo livro sagrado que acabei de citar há uma conhecida passagem cuja autoria é dada àquele que supostamente foi o mais sábio dos reis da antiguidade, Salomão. Ele teria registrado que nada há de realmente novo debaixo do Sol, nada que nunca tenha sido antes e que não virá a ser novamente, e que todos os rios sempre correm para o Mar, mas que o Mar nunca se enche deles.

Frisando, desta forma, que a natureza funciona através de ciclos, pois a ciência veio a nos ensinar o que qualquer criança em idade escolar sabe, que de fato as águas dos rios deságuam todas nos oceanos, mas os oceanos nunca se enchem pois estas mesmas águas em algum momento vêm a evaporar e voltar a cair em forma de chuva eventualmente talvez sobre a mesma terra donde brotaram e os mesmos rios donde escorreram no passado, não é verdade?

Não há nada de novo no perpétuo ciclo da natureza, creio que isto foi o que o sábio quis dizer de fato, pois em outro momento ele vem a escrever um conselho para os leitores de seus provérbios para que compartilhem o que possuem com sete e até mesmo com oito companheiros no presente, pois não se sabe jamais o que acontecerá no futuro e que o passado já é passado. E na minha parte favorita do livro aconselha que se um ser humano vier a viver por muitos anos, que se alegre em todos eles, porém não esqueça dos dias difíceis e escuros, pois não faltarão em quantidade. E esteja sempre preparado, portanto, pois afinal tudo o que ainda está por vir no futuro é um absurdo, não nos faz sentido,  devido ao futuro ser incompreensível e indecifrável.

Passado da minha meia idade lhes confesso que todos meus problemas são pautados em viver, ou melhor: me manter vivo sem brincar muito de sol e chuva com todos que vivem comigo, na busca constante por um ponto equilíbrio para minha dualidade, entre o bem e o mal que habita em mim como em todo o ser humano.

O motivo? Outra vez o conselho do rei sábio, que independente de sistemas de crença e questões de fé postas a parte, soa realmente sábio em sua essência: “observei a tarefa que Deus deu aos seres humanos para se ocuparem dela e vi que Ele fez tudo apropriado ao seu tempo, vi que Ele também colocou no coração dos homens o desejo pela eternidade, porém o ser humano não consegue compreender completamente o que Ele realizou. E sendo assim finalmente entendi que não pode haver felicidade maior para o homem do que alegrar-se e fazer o bem durante o tempo da sua vida!”

Talvez alguns irão se perguntar depois desta minha crônica: mas o roqueiro Pylla anda lendo a Bíblia agora, será que se converteu a alguma igreja evangélica??? Então aproveito para dizer antes que a pergunta seja feita que na verdade este foi um dos muitos livros que li durante determinada fase difícil da minha vida em que havia poucas atividades que meu estado de saúde permitia realmente fazer com o tempo e ler era a principal delas.

Um livro repleto de ensinamentos de senso comum e filosóficos e outras lições interessantes que vão muito além de questões religiosas e minha crença particular, muitos dos quais incorporei à minha vida por considerar de muito bom senso. E vou mais além, é um livro que acredito que quem ainda não leu deveria ler em algum momento, independente da crença que possui ou não, sem precisar se converter a religião alguma.

Enfim, espero que de hoje em diante, afinal “hoje” é sempre um dia bom para se começar algo, a gente possa conversar mais, ouvir mais, agir mais, pra que as coisas realmente façam sentido. Todos temos contas, dores e mágoas, horas doces, horas salgadas. Convido a todos a escrevermos nossas vidas, pois um dia, nossos filhos irão ler o que deixamos escrito e não apenas o que contaram pra eles.

Vamos? O que estamos esperando é mesmo do verbo esperançar, gente? E mesmo assim ser feliz não é apenas esperança, sejamos originais. Vi e ouvi muito no ano que passou as pessoas querendo coisas dos outros: o cabelo com o corte do Neymar, a calça da atriz da novela, o carro de marca do Cristiano Ronaldo, o título do time do amigo e por ai vai.

Sejamos originais. “Nós somos aquilo que fizemos de nós mesmos” diz o velho poeta. Vamos ser criativos, sinergéticos e intensos, do contrário, a festa da virada terá passado meramente como mais uma noite qualquer. A vida neste ano que se inicia será criada por nós mesmos e não pelas circunstancias que falei lá no inicio desta crônica. Tenhamos ATITUDE de mudar. Isso sim será um bom principio de mudança. Feliz Ano novo. Tenhamos coragem!

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