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Quando a exceção pode virar regra – por Carlos Costabeber

Conversando com o meu amigo, o Prof. Albano Pepe, ele me alertou para a banalização da criminalidade em Santa Maria, ao abordar o recente assassinato de 2 mulheres.

Pedi ao Albano então, que escrevesse um pequeno texto, com o seu pensamento ! Aí vai!!

“Tais eventos formam uma colcha de retalhos que contêm os mais diversos fatos, sejam eles políticos, econômicos, futebolísticos, sociais e religiosos, entre tantos. A violência também é um desses eventos que interferem no modo de viver e de ser. Ela traz consigo uma força imagética que tendemos a buscar modos de esquecê-la ou temê-la, ou até mesmo de a negar como algo que não alcança nossa individualidade, ou seja: “as formas de violência que me são relatadas dos mais diversos modos não me atingem, eu não circulo por onde ela acontece”.

No entanto existem fatos que podem ser considerados emblemáticos e que nos provocam a sair de uma posição cômoda que nos leva a dizer: “eu não tenho nada a ver com isto”. Algo que não nos deixa esconder “debaixo do tapete” o lixo que não queremos varrer. Todos nós, cidadãos santa-marienses, costumamos frequentar supermercados para comprar produtos de nossas necessidades cotidianas. Ou estacionamos nossos veículos, ou mesmo transitamos a pé pelos seus estacionamentos. Isto faz parte de nossas rotinas de circulação pela cidade.

Em um desses estacionamentos, um corpo de uma mulher assassinada, conforme voz geral, brutalmente, foi jogado, atirado como lixo em plena luz do dia. Eis o caráter emblemático deste fato: algo ocorre em um lugar que nunca pensávamos que poderia ocorrer. Este corpo não foi jogado em um lugar ermo e sem grande circulação de pessoas. Ele foi jogado em um corredor no qual trafegamos cotidianamente, algo assim como em nossa sala de estar.

Daí meu estarrecimento, daí minha imensa preocupação com tal evidência. E, ao sermos invadidos por este fato, somos invadidos pela onda de violências que ocorrem nesta cidade e com as quais não nos ocupamos, com as quais apenas fazemos rápidos comentários com nossos amigos e familiares.

Este assassinato, perpetrado por um indivíduo que apenas há poucos anos, havia cometido também um assassinato contra um jovem, que tinha vínculos familiares com a vítima e cuja namorada trabalhava justamente naquele supermercado onde o corpo foi “desovado”. Mera coincidência o duplo assassinato, mera coincidência o local escolhido?

Eis perguntas que não devem calar. Não somente para os órgãos públicos responsáveis pela segurança dos cidadãos, como também para todos nós que costumamos “esquecer” atos de barbárie que atravessam nossas vidas “civilizadas”.

Que esta Semana Farroupilha não nos faça esquecer rapidamente este “recado” deixado por alguém cuja sociabilidade está esfarrapada, por alguém que, no processo civilizatório escolheu como modus vivendi a barbárie, a violência desmedida, o horror. E, que os nossos festejos desta semana em homenagem ao bravo povo gaúcho, não sejam maculados pelo nosso descaso, pelo nosso esquecimento, pela nossa cômoda vida individualista. Que, simbolicamente este fato repercuta em nosso pensar coletivo e que nos motive a repensarmos a sociedade em que vivemos e a construímos. Uma feliz Semana Farroupilha para todos nós”

 

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