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A morte – por Luciana Manica

Diversos são os relatos quanto à mudança do ponto de vista da vida de pessoas que conseguem antever a morte, com um diagnóstico médico, por exemplo. Ou ainda, aquelas que tiveram a sorte de escapar com vida, seja de um acidente, seja pela cura, seja de uma violência.

Umas passam a perdoar o imperdoável (se é que existe), outras se reconciliam antes de partir, tantas outras vomitam, dizendo tudo o que não disseram em uma vida inteira, rsrsrs. Outros querem pular de paraquedas, mas antes disso, “já morriam” de medo de altura, rsrsrs. Uns pensam em viajar pelo mundo inteiro, parar de trabalhar, curtir a vida, “comer todos los helados possibles”, abandonar a ginástica, declarar o amor platônico, xingar até a vizinha, …

Mas um tema que está em voga é a capacidade de valorizar o que é simples da vida. Como se houvesse uma máxima: “felizes daqueles que conseguem viver na simplicidade”, ou algo do gênero. Essa presunção condena a ânsia pela conquista, o material, como se as pessoas estivessem em constante insatisfação.

Pensando melhor, talvez não seja por aí. Claro, cada um com a sua realidade. Não se pode pensar na felicidade apenas depois de um diagnóstico, de um aviso, ou de um susto que deixa sua vida por um fio. A felicidade é um estado de espírito, hoje estamos felizes (ou agora), amanhã talvez não estejamos, mas faz parte, logo, logo já é outro dia, vá que a felicidade bata de novo na porta?! Deixa ela entrar!

Mas a simplicidade, como por exemplo: valorizar o amor, a compaixão, a amizade, a bondade, a saúde, a família com louvor diante do aviso da morte, talvez ocorra não por uma megamudança de pensamento pelo curto prazo de vida, mas simplesmente porque o carro novo, a reforma da casa, o emprego dos sonhos e a viagem perfeita … você talvez não tenha o prazer de desfrutar.

Por que comprar uma briga se o fim pelo qual luta não possa ser aproveitado? Por que se estressar no emprego se não verá o resultado da vitória? Por que começar uma obra se não comerás sob o calor da lareira? Por que planejar se você não poderá percorrer os caminhos desse plano? Por que fazer a lipo, a limpeza de pele, o botox se não exibirá o corpinho?

No meu ponto de vista, o anúncio da morte infelizmente não nos torna pessoas melhores, mais humanas, mais simples, mas sim, mais práticos e (talvez) mais egoístas. Portanto, a minha máxima seria: “feliz daquele que não mudaria nada”, porque na verdade, teria a consciência de ter feito tudo de melhor na vida.

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a imagem que você vê aqui é reprodução da internet.

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