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Saudosa maloca, sqn! – por Luciana Manica

Peço escusas aos leitores. Hoje não adentro no tema da propriedade intelectual especificamente. É com pesar que teço essas palavras. Em verdade, sinto vergonha alheia. De pronto, aviso que sou apartidária. Prezo por manter distância entre o que é construído ou defendido dentro de uma organização ou interesses de quaisquer partidos políticos. Não acredito que seja o correto, apenas não coaduno com nenhum grupo organizado até o presente momento.

Mas voltemos à vergonha alheia. Principalmente com a fatalidade da Kiss, exsurgiram diversas recordações das mais longínquas localidades, de pessoas que um dia passaram por Santa Maria. Diversos textos de ex-estudantes, ex-frequentadores, ex-namorados de santa-marienses, ex-residentes, descendentes desta cidade. Todos que cruzaram por aqui levaram consigo amigos, famílias, conhecimentos, experiências mil e coração partido (ou não).

Ninguém passa por Santa Maria incólume! E quem nunca teve o prazer de aqui vivenciar o que é ser santa-mariense, por certo tem um amigo do coração descendente do “Coração do Rio Grande”, seu codinome, e o leva no peito para todo o sempre. As amizades aqui construídas não esmorecem com os anos de distanciamento. Estes não são bastantes para olvidar o afeto, o apreço e a camaradagem que as noites de Santa Maria são capazes de refletir.

Não há quem deixe de ler algo que remeta a Santa Maria, que não recorde dela, da cidade, ou deste recanto que um dia lhe acolheu. Eu mesma, tanto circulei mundo afora e cá retornei. Neste feriado de Carnaval enalteci nas redes sociais esta cidade ao publicar foto junto ao Hotel Cabo de Santa Maria, em La Paloma (Uruguai), bem como no Farol na citada cidade que leva o mesmo nome, Santa Maria, complementando a legenda com a frase: “-A gente sai de Santa Maria…mas Santa Maria não sai da gente… e a gente leva a galera para onde? Santa Maria!”.

O fiz porque é da índole do santa-mariense se identificar. A cada placa de carro de Santa Maria no país vizinho, sobrevinha um grito espontâneo de cumprimento e um braço levantado, quase que um sinal de guerra: “- Ohhh, santa-mariense!”

E a balbúrdia que mencionava, é do que mesmo? Criticar Santa Maria não é tarefa fácil. Tenho certeza que santa-mariense só aceita que fale mal de sua cidade quando as palavras saem da sua própria boca. Ao estilo: “- eu posso falar mal, mas ninguém mais ouse tecer qualquer comentário pejorativo.”

No presente texto gostaria de acreditar que meu registro está errado. Aqui quero nascer, como nasci, viver, como vivi e quiçá morrer ainda com orgulho. Agora tenho o peito ferido pelo descaso, pela falta de respeito, pela desconsideração, pela desordem. O caos vem se repetindo. Jovens transeuntes alcoolizados não respeitam o trânsito. Creem que seu espaço na rua trata-se de um direito capaz de ignorar a liberdade alheia. Som estridente e tráfego caótico sempre nas mesmas datas, quando bixos universitários tomam conta do espaço destinado à circulação de veículos, mesmo com praça e campus à disposição. Lixos nas ruas à revelia. Cidade fétida. Calçadas capazes de dar o mais lindo pialo do Rodeio do Conesul nos pedestres da cidade.

Em suma, o saudosismo se acaba quando se vivencia o caos em Santa Maria.

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2 Comentários

  1. Concordo Marcia. São tantas mazelas na cidade, que citar apenas a balbúrdia universitária, sujeira e trânsito é reduzir à nada o problema em Santa Maria. Neste espaço público esfaquearam um uruguaio, violentaram uma moça e assaltaram aqueles que fizeram uso dos recantos como mictório. Muitos outros problemas existem e permanecem, e vem sendo agravados, isso é que preocupa. Saudações.

  2. É desagradável, concordo, mas existem coisas muito piores do que o entulho de uma festa e a ocupação inadequada do espaço público em Santa Maria, como o desprezo à vida, a indiferença pelo próximo e o desrespeito à liberdade. A cidade não é mais, há muito tempo, a mãe que os saudosistas não cansam de louvar.

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