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Rir para não chorar – por Pylla Kroth

Atualmente na rede social é fato que muitos analfabetos funcionais estão agora com o diploma embaixo do braço, de cientistas políticos, sem conhecimento suficiente ou algum assunto aprofundado sobre história. “Óóóó, coitados!” Radicalismos extremos, intransigência e um montão de bobalhões prontos para o ataque, parece até que ficam de plantão na frente da tela do computador, esperando a oportunidade.  Tenho assistido debates intolerantes, radicais e grosseiros que por muitos dias, frustrado, desliguei minha tela imediatamente depois de uma espiadinha.

Estão subestimando a inteligência alheia. Pior é que isso não me parece ser passageiro, ainda tem muito pano pra manga. Tenho visto muitos amigos de décadas no mundo real desfazendo amizades. Confesso que isso me deixa duplamente triste. A coisa está feia mesmo. Portanto, não vou dar brecha nesta minha crônica semanal. Não vou falar de política e nem de direitos humanos, embora esse tenha sido meu assunto nos últimos dias nos lugares que freqüento. Não podemos calar, temos muito a dizer e se nos topar na rua bateremos esses assustos no tèt a tét.

Aqui neste espaço exijo respeito, mesmo não podendo deletar ninguém aqui, mas vou alertar que o chefe deste sítio não tem tolerado. Levando sempre em conta a liberdade de expressão, esta que há tempos está sendo pouca aproveitada. Banalizaram o poder adquirido em décadas de luta. E, se facilitarmos, logo, logo nem isto mais teremos. “Direitos humanos”?  Estão jogando no lixo.

Portanto, acho que o jeito é rir pra não chorar. E ainda prefiro uma gargalhada que as caras enferruscadas de quem agora virou valente atrás da tela. E por falar em risadas lembrei de um “causo” lá da cidadezinha pequena que me remete aos dias atuais, de pessoas curiosas e cagões que na hora  em que a “sincha tremer” vão se mandar rapidinho daqui, pois são todos moralistas que no fundo surrupiam o dinheiro alheio aos seus jeitos e modus operandi e querem se passar de “gente boa… bandidos são os outros…”

Diz a lenda que numa época de onças e dobrões, certa noite, dois indivíduos de má índole decidiram de surrupiar os proventos dos colonos guardados no único banco da cidadezinha, fiando-se do excesso de confiança da população muito honesta que  dispunha no referido estabelecimento apenas um ronda que dormitava em seu posto, nunca esperando que algum larápio se atreveria cometer a barbaridade de furtar os guardados e economias da boa gente honesta e trabalhadora da cidadezinha ali mantidos – isto, é claro, daqueles que não simplesmente as escondiam embaixo dos próprios colchões como se fora o local mais seguro do mundo!

Pois, pasmem, os alarifes ousaram, realizaram o intento, e ao lograrem êxito, de lá fugiram a sete pés, no meio da noite, portando um grande saco repleto de moedas! Agora lhes restava dividirem igualmente o produto do saque bem sucedido! O que fazer, o que não fazer, como fazer e onde fazer? Optaram por correr para um lugar quieto, onde por certo não haveriam de ser incomodados, lugar em que ninguém se atreveria entrar na calada da noite, sob a luz da lua cheia e nem teria motivos para tanto naquela hora tardia: o cemitério da cidade.

Apressados, em disparada, querendo realizar logo a divisão para o quanto  antes cada qual tomar o seu rumo para fora da cidade antes que fossem descobertos, e nervosos, ansiosos, ao entrarem no cemitério, cruzando o portão ataboalhados e estabanados pela urgência, eis que deixaram cair duas moedas de dentro do surrão repleto. Como o tempo urgia e o tigre rugia em seus calcanhares decidiram não parar para procurar as moedas na escuridão e que se desse pegariam mais tarde.

Adentraram o terreno sagrado do rincão dos quietos e se aboletaram em cima de um túmulo, despejando ali a ponchada de onças para começar a partilha, ansiosamente! Incautos e sem instrução, não sabiam contar o dinheiro tal como é devido, então foram pelo óbvio, e o “Pedro Malazartes” dos dois, mais esperto, então passou a separar as moedas em dois montes, uma para cada qual deles, e dizendo em voz alta ao longo de toda contagem para cada moeda de repartia: “esta é minha e esta é tua, esta é minha e esta é tua, esta é minha e esta é tua…” e assim por diante.

Acontece que um cidadão desavisado, meio bêbado, retornando da noitada, vinha trôpego pela estradinha que calhava no cemitério, de volta para sua casa, e passando diante do portão ouviu aquela voz vinda de além dos túmulos: “esta é minha e esta é tua, esta é minha e esta é tua…” Parou diante do portão e ficou ouvindo aparvalhado, apavorou-se ao imaginar o que podia estar acontecendo lá dentro e disparou em desabalada carreira até chegar na igrejinha da paróquia, onde desatou-se a bater na porta da casa paroquial, acordando o clérigo com toda urgência: “Te apura, Santo Padre, está ocorrendo algo muito estranho no cemitério, o caso é de urgência! O senhor me acompanhe ligeiro que eu acho que o Deus Nosso Senhor e o Diabo estão lá dividindo as almas dos defuntos, valha-me Nossa Senhora, vamos lá que o senhor precisa  interceder pelos condenados!”

O pároco, estremunhado de sono e confuso, aviou-se o mais rápido que podia e todo paramentado correu acompanhando o cidadão para ver com os próprios olhos e ouvir com os próprios ouvidos o ocorrido. Diante do portão pararam os dois e ficaram a escutar atentamente a voz, sem coragem de adentrar:  “esta é minha e esta é tua, esta é minha e esta é tua…”

Dá-se porém que justo nestas alturas o produto do roubo dos dois ladrões já estava quase todo dividido, e por isso nem tempo houve que tomassem qualquer medida e logo ouviram a voz dizendo cada vez mais depressa e eufórica até culminar na seguinte sentença: “esta é minha e esta é tua, esta é minha e esta é tua, e aquelas duas que estão lá no portão, uma é minha e a outra é tua!” Nem preciso dizer que sequer o cidadão nem tão pouco o pároco esperaram no portão nem por Deus nem muito menos o Diabo, e deitaram o cabelo dali!

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