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CRISE NO PT. Celita cobra acordo e Diniz ameaça deixar presidência da CCJ e a liderança da bancada

Lideranças petistas e do G11 se apressaram em pedir cautela a Diniz. Há o temor de que a crise petista beneficie os governistas na CCJ

Por MAIQUEL ROSAURO (com fotos de Mateus Azevedo/AICV), da Equipe do Site

O Grupo dos 11 (que reúne parlamentares de oposição e dissidentes da base) está em alerta na Câmara. Uma crise interna eclodiu no Partido dos Trabalhadores (PT), principal legenda de sustentação da virada da Mesa Diretora, e as consequências são imprevisíveis. O vereador Daniel Diniz (PT) ameaça deixar a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e também a liderança da sigla no Legislativo.

O problema surgiu durante reunião realizada na manhã dessa segunda (9), na Câmara, onde a presidente do PT/SM, Helen Cabral, reuniu a bancada petista (formada, além de Diniz, por Celita da Silva, Luciano Guerra e Valdir Oliveira). Na pauta, estava a formação de uma estratégia de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso sábado (7), e também buscar uma harmonia entre os parlamentares após Celita e Guerra terem votado a favor da polêmica moção de apoio ao general Walter Souza Braga Neto (AQUI), defendida por Manoel Badke – Maneco (DEM).

Contudo, o encontrou pego fogo quando Celita fez fortes cobranças em cima de Diniz sobre um acordo da bancada firmado no ano passado e que não teria sido cumprido. O pacto estabelecia que, em 2018, Diniz seguiria como líder da bancada e Valdir se manteria à frente da oposição. Por sua vez, Guerra e Celita ficariam na presidência de Comissões Permanentes.

Em 28 de dezembro de 2017, Alexandre Vargas (PRB) vencia eleição da Mesa Diretora, abrindo caminho para que o acordo petista fosse cumprido. Só teve um problema. À época, nenhum vereador se deu conta de que Vargas representa uma bancada que possui apenas um parlamentar, o que provoca uma consequência imediata: ele não tem direito fazer indicação na formação de comissões, deixando o G11, matematicamente, com uma bancada a menos em relação G10.

É por este motivo que as primeiras sessões ordinárias do ano iniciaram em meio a uma polêmica. O G11, embora com maioria na Casa, precisou negociar para ficar à frente da principal comissão, a CCJ. Em contrapartida, perdeu a liderança da Comissão de Direitos Humanos, reivindicada por Celita, para Admar Pozzobom (PSDB). Guerra, por sua vez, ganhou a presidência da Comissão de Saúde.

A CCJ estava na mão de Deili Silva (PTB), mas na última hora a vereadora dissidente abdicou da presidência. Segundo Diniz, o G11 o indicou para assumir a comissão, algo que, no seu entendimento, está acima do acordo feito pela bancada petista. Logo, além da posição de liderança na sigla, Diniz também levou a CCJ, enquanto Celita ficou de mãos abanando.

Embora não exponha publicamente sua insatisfação, nos bastidores Celita faz críticas ferrenhas ao líder da bancada petista na Câmara

Em 26 de fevereiro, o site fazia o primeiro registro em relação ao descontentamento da vereadora com a situação (AQUI). No dia seguinte, uma fonte ligada a Celita apontava que Diniz havia “patrolado” a vereadora ao assumir a CCJ (AQUI). Mas foi em 28 de fevereiro que a petista mostrou que não aceitaria a quebra do acordo calada. Na tribuna, ela fez um discurso inteiro sobre a atuação da mulher na política e com críticas pesadas ao machismo. Na prática, um recado sutil (e público) a Diniz (AQUI).

O apoio de Celita e Guerra à moção de Maneco, com forte repercussão negativa no PT, reascendeu o clima de insatisfação na bancada. Soma-se a isso o fato de Diniz ter feito um discurso após o Sindicato dos Professores Municipais (Sinprosm) ter usado a Tribuna Livre da Câmara, na última quinta (5). Muitos esperavam que Celita se manifestasse em apoio aos professores, seu público-alvo, o que não ocorreu. A situação gerou questionamentos nos bastidores.

Todas estas questões fizeram com que Celita fizesse uma cobrança olho no olho de Diniz nessa segunda, postura que o vereador não aceitou. Em entrevista ao site, ele não escondeu o seu descontentamento.

“Estou muito magoado com tudo isso. Me dediquei na defesa da nossa bancada de corpo e alma, e agora recebo esse reconhecimento”, pontuou Diniz.

Na manhã dessa terça (10), ele promete que irá protocolar oficialmente, na Diretoria Legislativa, dois requerimentos internos: um informando que deixará de ocupar a função de líder da bancada do PT na Câmara e outro anunciando que está deixando a presidência da CCJ.

“Meu foco a partir de agora será 100% nas leis que abrangem o Plano Diretor, principalmente, após a conclusão da Comissão Especial da obra da Câmara”, explica Diniz.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de Celita, porém a parlamentar preferiu não se pronunciar neste momento para não aumentar a polêmica. Conforme fontes do site, ela levará o assunto para avaliação interna na Executiva do partido e também para o G11.

Presidente do PT/SM aposta no diálogo e aciona Pimenta

A polêmica reunião da bancada petista repercutiu dentro da sigla. No final da tarde de segunda, Helen tentava contato com o deputado federal Paulo Pimenta (PT) a fim de fazer Diniz recuar de sua decisão. Contudo, o parlamentar estava em Curitiba na mobilização que se formou em frente à Superintendência da Polícia Federal, onde Lula está detido.

“Creio que os dois lados não mediram bem a situação. O fato de o Daniel deixar a CCJ e a liderança da bancada precisa ser melhor discutido”, argumenta a presidente do PT/SM.

A petista aposta no diálogo, uma vez que tanto ela quanto Pimenta, Diniz e Celita fazem parte do Amplo, corrente interna do PT.

Líder da oposição vai respeitar decisão

Valdir relatou ao site que não possui queixas em relação ao trabalho de Diniz, uma vez que ambos possuem uma boa sintonia no cargos de lideranças que exercem. Porém, ele entende que é normal que ocorram algumas cobranças.

“Temos que respeitar a vontade do Daniel, que é um grande companheiro. Não muda nada em relação a defesa do projeto do partido”, pondera.

O líder da oposição, entretanto, lamentou o anúncio de sua saída da liderança da bancada, já que ambos haviam combinado um trabalho em conjunto ao longo de 2018.

“Qualquer um dos quatro vereadores da bancada pode exercer qualquer função, mas acho que não tem necessidade de mudar agora. Vou insistir para que ele dê uma refletida e reveja essa posição”, argumenta Valdir.

G11 acompanha situação e pede tempo a Diniz

O presidente da Câmara e também um dos principais líderes do G11, Alexandre Vargas, acompanha com atenção os desdobramentos da crise petista.

“Creio que esta situação não prejudique o G11 e seja resolvida internamente”, projeta o vereador do PRB.

No grupo de discussão do G11 no WhatsApp a notícia causou surpresa. Deili pediu tempo para Diniz rever sua decisão, já que existe uma dúvida na questão regimental sobre quem assumiria a presidência da CCJ no seu lugar. Hoje, Maneco é o vice-presidente. Independente do que possa ocorrer na briga interna petista, nenhum parlamentar da oposição quer ver a principal comissão da Casa nas mãos do Governo.

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Um Comentário

  1. Ronhas, ronhas e mais ronhas. Busquem, lá num cantinho escondido dos seus cérebros, alguma coisa que funcione bem, que resulte em seriedade no cumprimento de um mandato popular. É difícil, mas não custa tentar. Infelizmente, não dá para esperar mais do que isso.

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