Todos os tons de vermelho – por Bianca Zasso
Tem gente que desmaia quando vê. Outros possuem um fetiche pelo tal líquido. Com a mistura certa, podemos criar uma cópia quase perfeita e assustar muita gente. Sangue rende algumas horas de conversa. Ainda mais se o centro da conversa for um filme do italiano Dario Argento. Um dos mestres do giallo, subgênero do terror que surgiu na Itália e ficou conhecido por não economizar nos esguichos vermelhos em suas cenas, o diretor alcançou o auge de sua câmera voyeurística em Prelúdio para matar.
A trama segue os passos do pianista Marcus, interpretado pelo ator inglês David Hemmings, que após testemunhar o assassinato de uma médium, entra em crise por não conseguir identificar o responsável pelo crime. Ao lado da espevitada repórter Gianna, ele inicia uma investigação que inclui visita a casas com passagens secretas, algumas facas ensanguentadas e desenhos feitos por crianças nada inocentes.
Argento tem o poder de não se ater aos sustos em seus filmes, mas na angustiante busca por respostas que parecem vindas de um submundo nem um pouco agradável. O assassino aparece aos pedaços, assim como muitas de suas vítimas são deixadas. Um olho pintado de preto, uma luva de couro, uma gola sendo ajeitada. Por estes pequenos detalhes somos apresentados ao vilão de Prelúdio para matar e é justamente isso que nos cativa.
Pior do que não conhecer sua identidade é saber muito pouco sobre ela. Mesmo que o sangue extremamente vermelho seja o que mais salta aos olhos do espectador, o que prende com segurança a atenção é o labirinto que Argento engendra. Prédios, corredores e espelhos embasados são os piores monstros desta história.
Lançado em 1975, após Argento ter concluído sua Trilogia dos Bichos (formada pelos filmes O pássaro das plumas de cristal, O gato de nove caudas e Quatro moscas sobre veludo cinza) que lhe trouxe fama e reconhecimento, Prelúdio para matar nos presenteia com personagens cativantes e uma trilha sonora que atinge o ponto certo. O rock progressivo da banda italiana Goblin casa com perfeição com as reviravoltas sanguinolentas do filme.
Mesmo que o prezado leitor não seja chegado em filmes de terror, recomendo dar uma chance para a produção de Argento. Mesmo quem não admira o mais assustador dos gêneros costuma gostar e muito da trama de Prelúdio para matar. E pode ser a porta de entrada para outros filmes, já que o horror costuma ter desafetos por tratar daquele que é o mais sinistro dos assuntos: a morte. Como todos, sem exceção, vamos encontrá-la um dia, nada mais normal do que encará-la de frente algumas vezes. Mesmo que seja de mentirinha.
Prelúdio para matar (Profundo rosso)
Ano: 1975
Direção: Dario Argento
Disponível em DVD
ATENÇÃO
1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.
2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.
3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.
4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.
5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.
OBSERVAÇÃO FINAL:
A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.