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Coluna

A fábrica de sonhos insólitos – por Bianca Zasso

Há quem abomine a chamada Era de Ouro do cinema americano, onde o star system imperava e os grandes estúdios disputavam astros, estrelas e até diretores que, só de terem o nome impresso nos cartazes de divulgação, já eram garantia de bilheterias lotadas. Não se pode ser inocente ao ponto de pensar que esse sistema era apenas o glamour exibido nas premières e nas revistas dedicadas ao cinema.

Havia todo um esquema para encobrir alguns romances, criar outros, roteiros repletos refeitos em nome de um ator e até uma iluminação específica para não comprometer a beleza de uma atriz. Essa ilusão de mundo perfeito foi desfeita há décadas e uma parte do público parece ter se sentido enganada ao ponto de não ver talento genuíno em algumas produções desta época. Ave, César!, dirigido pelos irmãos Joel e Ethan Coen, definitivamente não é para esse tipo de espectador.

Antes de tudo, vale lembrar que os Coen (que quando trabalham juntos conseguem um resultado tão homogêneo que parecem uma pessoa só) são peritos em fazer graça com aquilo que amam, seja a sua terra natal ou o próprio cinema. Em Ave, César! esta informação é ainda mais importante, já que a premissa do roteiro não é nova. Os bastidores de Hollywood já foram abordados nos mais diversos gêneros e aqui eles estão todos presentes. Temos dois filmes pelo preço de um.

A trama que poderia ser chamada de principal gira em torno do cotidiano de Eddie Mannix, produtor da fictícia Capitol Pictures interpretado pelo ótimo Josh Brolin, que vive às voltas com as encrencas em que se metem seus atores e as interpéries do tempo que atrasam seus filmes. Quando seu astro Baird Whitlock, vivido por George Clooney, bem à vontade no papel, é sequestrado por um grupo de comunistas, começa uma maratona para pagar o resgate e esconder o fato do imprensa.

Essa historinha, bem boba a primeira vista, mas que ganha charme pela habilidade dos Coen de criar diálogos insólitos e situações engraçadas, é permeada por esquetes que homenageiam os musicais, os filmes de gângsters, o faroeste clássico e até as screwball comedies. Tirando Clooney e Brolin, que se fazem presentes na trama inteira, há participações especiais que o que têm de rápidas têm de divertidas. Tilda Swinton dá vida a irmãs gêmeas que possuem uma coluna de fofocas nos moldes da assinada por Hedda Hopper e Frances McDormand, ótima como uma montadora às voltas com negativos e echarpes.

A fotografia assinada por Roger Deakins vai mudando de acordo com a proposta de cada gênero homenageado e a direção de arte consegue ser criativa sem deixar de lado a precisão na reconstituição de época. Afinal, se há uma coisa que os Coen prezam é a qualidade visual de seus filmes, não importando qual o gênero.

E no caso de Ave, César isso é ainda mais perceptível, já que eles estão lidando com a mais famosa fábrica de sonhos já inventada. E a produção não poderia ter vindo em melhor hora, tanto para o cinema como para a carreira dos irmãos cineastas. Hollywood anda pouco interessada em olhar para os próprios defeitos e fazer piada de seus clichês. Só mesmo dois cinéfilos conseguiriam este feito com qualidade técnica e diálogos incríveis.

Ave, César! (Hail, Caesar!)

Ano: 2016

Direção: Joel e Ethan Coen

Disponível em DVD, Blu-Ray e na plataforma Netflix

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