KISS. Premiação do Concurso do Memorial às Vítimas será nesta terça. Arquiteto vencedor estará presente
Por LUIZ ROESE, com imagem de Reprodução, colaborador do site e da AVTSM
Nesta terça-feira (8), às 10h, será realizada a cerimônia de premiação ao projeto vencedor do Concurso do Memorial às Vítimas da Tragédia da Kiss. O evento terá a presença do vencedor, o arquiteto Felipe Zene Motta, de São Paulo, que visitará Santa Maria pela primeira vez. Ele explicará com mais detalhes sua proposta. No local da cerimônia, serão apresentados os cinco projetos finalistas do concurso e os cinco projetos que receberam menções honrosas. O evento será no auditório do Colégio Marista Santa Maria (Rua Floriano Peixoto, 1.217, Centro, Santa Maria).
Também participarão da solenidade o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom, o presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil – Departamento Rio Grande do Sul (IAB/RS), Rafael dos Pessoas, a presidente do Núcleo Santa Maria do IAB/RS, Lidia Rodrigues, a vice, Annelieze de Almeida Correa, e o coordenador do concurso, Tiago Holzmann da Silva, além do presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Sergio da Silva, e do vice, Flávio Silva.
Um dia antes, na segunda-feira (7) à tarde, o arquiteto que venceu o concurso se reunirá com a diretoria da AVTSM e com outros familiares de vítimas da tragédia, na sede da associação, para explicar o projeto e tirar dúvidas sobre ele.
O projeto vencedor
O arquiteto Felipe Zene Motta, representando a Motta e Zene Engenharia e Arquitetura Ltda, de São Paulo (SP),foi o grande vencedor do Concurso Nacional de Arquitetura para o Memorial às Vítimas da Kiss. O anúncio foi feito em 16 de abril pela Prefeitura de Santa Maria, pela Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), pelo Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do Rio Grande do Sul (IAB-RS) e pelo Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS), órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU).
O concurso teve 133 inscrições confirmadas e 121 propostas enviadas por meio de plataforma online. Participaram arquitetos do Rio Grande do Sul e de outros 14 estados brasileiros. O vencedor, Motta, receberá R$ 25 mil como prêmio.
A proposta de Motta traz um muro de concreto e tijolos que bloqueia quase que inteiramente a visão do espaço interior, se vista da rua. A austeridade da fachada representa o luto, conforme o site. Em contraste, ao atravessar o muro, encontra-se um espaço de luz e fluidez. O atravessar remete à transformação e à potencialidade da ressignificação do luto e do pesar.
No centro, haverá um jardim circular de flores. A sua volta, 242 pilares de madeira, cada um representando uma vítima da tragédia, suportam uma cobertura radial que abriga as diversas salas do conjunto. A mesma cobertura, ao se projetar em balanço, possibilita que uma grande varanda se forme abaixo, de onde os visitantes podem contemplar o jardim e são convidados a escolher uma flor e depositá-la em um suporte, cada qual em um pilar, com o nome da vítima homenageada.
O projeto traz três salas que poderão ser acessadas de forma independente a partir da varanda. Ao fundo fica o auditório, composto por um palco central e plateia em lados opostos. Uma sala multiuso de caráter cultural abrigará acervos em formato de exposição permanente multimídia. Do outro lado, optou-se por criar uma sala única que abrigará a sede da Associação, assim como demais áreas de reunião e atividades coletivas.
Texto explicativo sobre o projeto vencedor
Veja o texto explicativo da proposta vencedora para o Memorial às Vítimas da Kiss:
“O projeto do Memorial às Vítimas da Kiss busca ressignificar a área da boate em um lugar de respeito ao passado, conforto ao presente e esperança ao futuro. Nesse sentido, por meio da apropriação coletiva do espaço, propõe-se transformar a perspectiva existente ligada ao trauma em um espaço de educação, troca e livre interação. Para tanto, a arquitetura sugerida funde os conceitos de edifício, memorial e praça em uma intervenção integrada. A arquitetura do edifício e o paisagismo da praça, com forte caráter simbólico, são partes indissociáveis da museografia do Memorial, como se verá a seguir.
Da rua, vê-se um muro de concreto e tijolos que bloqueia quase que inteiramente a visão do espaço interior. A austeridade da fachada representa o luto; exige do visitante respeito a tudo que lá ocorreu. Em contraste, ao atravessar o muro, encontra-se um espaço de surpreendentes luz e fluidez. O atravessar, assim, remete à transformação e à potencialidade da ressignificação do luto e do pesar; abrem-se as perspectivas para um futuro de menos dor e maior acolhimento.
Chega-se, então, ao coração do projeto: um jardim circular de flores perenes, implantado no centro do lote. À sua volta, 242 pilares de madeira, cada um representando uma vítima da tragédia, suportam uma cobertura radial que abriga as diversas salas do conjunto. A mesma cobertura, ao se projetar em balanço, possibilita que uma grande varanda se forme abaixo, de onde os visitantes podem contemplar o jardim e são convidados a escolher uma flor e depositá-la em um suporte, cada qual em um pilar, com o nome da vítima homenageada. Trata-se de um ato singelo e sensível de respeito e amor para aqueles que perderam suas vidas na tragédia.
Os programas complementares ao Memorial, divididos em três salas principais, também são acessados de forma independente a partir da varanda, através de portas pivotantes constituídas pelos pilares de madeira em trechos específicos. Ao fundo fica o auditório, composto por um palco central e plateia em lados opostos, promovendo assim a interação entre os presentes. Uma sala multiuso de caráter cultural abrigará o acervo em formato de exposição permanente multimídia. Do outro lado, optou-se por criar uma sala única que abrigará a sede da Associação, assim como demais áreas de reunião e atividades coletivas. A sala única tem por objetivo atingir uma qualidade espacial mais fluida em um espaço que tem natureza comunitária, facilitando, assim, o encontro e a troca entre seus usuários.
O programa do Memorial está distribuído em um único pavimento, o que viabiliza a acessibilidade universal a todos os espaços e torna mais econômica a construção e a manutenção do conjunto, já que não são necessários elevadores. Tal economia também se deve à baixa movimentação de terra no terreno necessária para a implantação da edificação em um único patamar, que é o mesmo da edificação existente no local.
A estrutura e o método construtivo escolhidos priorizam uma construção racional, limpa e rápida. A construção é de leitura clara e definida por um muro perimetral de concreto e tijolos por onde são distribuídas as instalações, incluindo os dutos de climatização das salas; e vigas de madeira que descarregam a carga da cobertura no muro perimetral e em uma viga metálica de perfil “C” circular, a qual está apoiada nos pilares de madeira. Todos os ambientes fechados recebem luz natural em quantidade suficiente e qualidade agradável, seja pela claraboia perimetral ou através dos pilares de madeira.
A memória da tragédia não deve ser esquecida ou apagada. Com esse objetivo, a fachada proposta, em toda sua força, austeridade e pesada materialidade, remete ao trauma ali ocorrido. Por outro lado, ao atravessar essa barreira por sua abertura central, entra-se em um espaço de linhas leves, proporções delicadas e materiais agradáveis. Um espaço que, sendo circular, não possui lados, onde todos os visitantes se veem, identificam-se e confortam-se. Atinge-se assim a transformação da memória negativa que existe ali em uma oportunidade de reflexão; busca-se, na coletividade, acolhimento e apoio para as famílias das vítimas e toda a comunidade de Santa Maria.”
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