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Frentão. Manifesto dos 5 partidos tem chance remota de vingar. Mas sobram boas intenções

Num ato historicamente inusitado, e isso precisa ser saudado, cinco partidos de oposição ao governo municipal lançaram ontem um manifesto intitulado “2008 – o futuro não pode esperar”. O documento baliza a intenção do quinteto formado, pela ordem em que foi assinado, por PSDB, PPS, PP, DEM e PMDB, em vir a administrar Santa Maria a partir de uma vitória eleitoral em 2008.

 

O manifesto é cheio de lugares-comuns. E  nem poderia ser diferente. Afinal, as divergências política-ideológicas ficaram de lado – o que é um avanço notável, em se falando da oposição. E se tratou do que é comum a eles: o interesse em derrotar uma provável Frente Popular Trabalhista, que agrega PT, PDT, PTB, PSB e PC do B.

Se transformar-se, daqui a um ano (quando ocorrem as convenções definidoras das candidaturas), em uma efetiva aliança, é possível afirmar que haverá dois candidatos competitivos – sem contar os minúsculos, mais à esquerda, que poderiam também concorrer.

 

De todo modo, no documento, os oposicionistas falam na “necessidade de apresentar uma alternativa de poder” e, especialmente, na “formulação de um projeto estratégico para Santa Maria”. E  não fogem do óbvio, mas também isso é importante, ao trazer a público, mais uma vez, e como todos os segmentos políticos da cidade, a necessidade de busca “de parceria com as diversas Entidades e Instituições de Ensino Superior, alavancas de desenvolvimento sustentável, com reflexos para toda a região centro e a metade sul do Estado.”

 

OPINIÃO CLAUDEMIRIANA: Até as pedras sabem, apesar de todos os cuidados justificadamente tomados pelos signatários do manifesto dos oposicionistas, que o candidato do grupo, ou pelo menos dos que articularam a assinatura do documento, é o deputado federal Cezar Schirmer. Portanto, ninguém minimamente informado acredita em outra coisa senão que se trata de uma tentativa, politicamente correta, de legitimar o deputado federal como o único candidato viável de oposição.

E é aí que começam os problemas – que até podem ser sanados, mas exigem um longo caminho a ser percorrido, até se chegar às convenções que vão oficialmente chancelar as candidaturas, já em meados de 2008. Um deles é a situação do PSDB. Os tucanos, como os que me lêem já sabem, estão pra lá de rachados. De um lado, Jorge Pozzobom e Álvaro Rochedo, que bancaram o documento. De outro, olhando de soslaio, Ricardo Jobim e Vitélio Rossi de Freitas. Cada um deles pensando objetivamente na convenção municipal de agosto. Se Pozzobom (e grupo) for o vitorioso, o manifesto terá a adesão tucana. Se Jobim (e grupo) conquistar maioria no PSDB, o jogo é zerado. Pode até dar certo, mas a negociação objetiva terá que recomeçar.

O outro entrave para que o quinteto se una se chama PPS. Ontem mesmo, depois de anunciado o Manifesto, já se ouviu a contrariedade de algumas das principais lideranças efetivas da agremiação, e que passam longe do presidente Adão Lima Martins – este inteiramente favorável à união dos 5. De longe, o principal nome do partido dos ex-comunistas é Luiz Celso Giacomini. E este faz acordo com bastante gente, se for o caso, pois se considera um conciliador.  Exceto com o PMDB. Ou com Cezar Schirmer. Logo, e como os recém chegados à sigla tendem a tomar conta dela na primeira oportunidade formal (mesmo que seja na convenção do ano que vem), é muito improvável que o PPS fique até o fim nesse jogo claramente schirmista.

O DEM deve continuar onde está. Mas, respeitosamente, além de pequeno e com inúmeros problemas internos (haveria um grupo significativo também de saída para o PPS) é, hoje, eleitoralmente irrelevante. E, a menos que tenha mudado de idéia (o que em política é possível), ainda lembro do que me disse, certa feita, o ex-vereador Manoel Badke (ou ele desistiu de ser político partidário?): “apóio qualquer um, desde que não seja José Haidar Farret, que impediu que eu crescesse politicamente no PP”.

Ao que se sabe, o ex-prefeito, e que não seria candidato à chefia do Executivo (e muito menos a vice) foca sua carreira política no retorno à Assembléia Legislativa em 2010. Aliás, ele empresta o nome ao quinteto, ao que tudo indica. Mas se empenhará na campanha? Há quem duvide – ainda mais que ele teria um pé (o de apoio?) também com Paulo Pimenta. Resumindo, e correndo tantos riscos quanto os que assinaram o Manifesto, cabe o que eu chamaria de…

 

… PALPITE CLAUDEMIRIANO: do grupo dos cinco, há grandes possibilidades de surgirem pelo menos duas candidaturas, talvez, mais remotamente, três. Uma, obviamente, liderada por Cezar Schirmer, com o apoio certo do DEM. E outra com o PPS. A terceira seria a do PSDB, com Ricardo Jobim (se ele vitoriar-se na convenção partidária). O PP? Apoiaria qualquer uma das duas, ou três. Como falta ainda muit tempoo, talvez seja conveniente esperar, antes de torpedear o palpite deste (nem sempre) humilde repórter.

Ah, e do outro lado, da Frente Popular Trabalhista, também não há garantia de que o PTB componha o grupo. Há uma convenção logo adiante. E não falta quem queira derrubar Ovídio Mayer. Se isso acontecer, se ele cair, o petebismo cai no colo do Quinteto. Ou, pelo menos, estará entre os que apoiarão Schirmer. A conferir.

 

SUGESTÃO DE LEITURA Confira a íntegra do manifesto “2008 – o futuro não pode esperar”, que publiquei com primazia, no início da noite de ontem, clicando aqui.

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