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ESPAÇO ALVIRRUBRO. Leonardo da Rocha Botega: uma “carta aberta” ao ex-treinador Vinicius Munhoz

Carta ao amigo Vinicius Munhoz

Caríssimo Vinicius,

 “A cada chamado da vida o coração

deve estar pronto para a despedida e para novo começo,

com ânimo e sem lamúrias,

aberto sempre para novos compromissos.

Dentro de cada começar mora um encanto

que nos dá forças e nos ajuda a viver.”

Hermann Hesse – Andares.

As piores escritas sempre são aquelas que aludem a despedida, por isso irei considerar esse momento como um até breve. Em janeiro de 2017, quando começastes a caminhada junto ao Esporte Clube Internacional, nós, torcedores, estávamos muito doloridos e desesperançados. Os mais otimistas acreditavam em uma improvável classificação e à grande maioria se resumia a um certo contentamento em não ser rebaixado. Vivenciávamos a nostalgia de um “passado distante” de glórias, de um “passado próximo” de sufocos e a descrença de um presente incerto. Vieram os primeiros amistosos e os primeiros jogos e junto com eles a desconfiança de muitos com uma forma de jogar que não estávamos acostumados a ver. Porém, gradativamente o temor diante dos recuos para o goleiro e a ansiedade diante dos diferentes tempos de se construir um ataque trabalhando a bola, foram sendo substituídos pelo entusiasmo por um time que nos devolvia o direito de sonhar. Os questionamentos iniciais foram dando lugar as comemorações de vitórias e a alegria de ver um time jogar bonito. A sintonia entre torcida e time foi a grande marca do ano em que voltamos a sonhar. A caravana a Ijuí foi o momento mais marcante desta sintonia. Perdemos aplaudindo o time e retornamos entre a tristeza do quase e o desejo dos novos sonhos.

Este primeiro semestre de 2018 não foi diferente. Obviamente a ansiedade e o desejo eram maiores, afinal havíamos recuperado a nossa autoestima. Porém, nem mesmo os primeiros resultados negativos e as críticas nos empurraram para a descrença. Seguimos acreditando e os resultados foram sendo revertidos. A volta por cima foi dada e a sintonia foi mantida. Com essa sintonia conseguimos furar o muro montado pelo Bagé e conseguir a classificação. Essa sintonia foi levada a Vacaria e fez com que o Inter-SM tivesse uma de suas melhores atuações nos últimos anos. Infelizmente, essa sintonia não foi suficiente para que conseguimos o sonhando acesso. O futebol, como a metáfora da vida que é, nem sempre é justo. Perder ou ganhar é fruto do próprio jogo, mas como você me disse um dia “o que temos que ter é a certeza do processo que estamos construindo”.

Foi essa certeza que conquistou o torcedor e que o fez acreditar mais uma vez no Inter-SM. Uma certeza que não poderia vir de outra pessoa que não fosse você. Um menino de Santa Maria, uma cria das arquibancadas da Baixada Melancólica. Um ser humano que soube fazer com que um grupo de jogadores que ficaram meses e meses longe de casa, alguns passando por momentos difíceis da vida, se transformassem em uma fonte de inspiração coletiva para muitos de nós. Acredito que talvez a palavra “irmão” nunca tenha feito tanto sentido na Baixada Melancólica como aquele que possuía quando pronunciada pelos jogadores. Este sentimento transmitido pelos “meninos do Vinicius Munhoz” é o grande legado do trabalho realizado. Obviamente, a ausência de resultados gera frustrações, revoltas, sentimentos confusos e contraditórios, mas tudo isso é próprio daquilo que é “humano, demasiado humano” como diria Nietzsche. Como também é próprio do humano as oportunidades abertas pela vida.

Não temos o direito de te pedir mais uma vez fique, já fizemos isso ano passado quando inúmeras propostas bateram a tua porta e fizeste a escolha por permanecer no nosso glorioso alvirrubro. Seriamos muito egoístas se assim o fizéssemos e essa não é uma filosofia digna do legado coletivo que você deixou por aqui. Por isso, em lugar do Fica Vinicius dizemos Obrigado Vinicius! Sentiremos a tua falta, mas torceremos pelo teu sucesso! Você merece, afinal nos fizeste voltar a sonhar! Esperamos em um futuro breve podermos voltar a sonhar juntos.

Teu amigo,

Leonardo da Rocha Botega

15/06/2018.

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a imagem que ilustra esta crônica é reprodução da Fanpage oficial do Inter-SM

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