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Memória. Para quem alardeia o atual “Estado policial”, confira o que houve na Bahia em 1974

Tem coisas que seriam apenas engraçadas, não fossem trágicas e alimentadoras de uma situação absolutamente inverossímel e desrespeitosa para com a realidade de um passado bem recente. Há quem trombeteie contra um suposto “Estado policial”. Tirante os que têm menos de 40 anos, porque desinformados e/ou pouco preocupados (quem sabe) com a história, ou ainda sem ter estudado minimamente o tema, os demais são simplesmente desonestos intelectualmente ou, até, interessados exatamente em que as liberdades sejam cerceadas ou mesmo eliminadas. O que, como sabemos, hoje não ocorre.

 

Querem um exemplo bastante claro do que é “Estado policial”? Pois leia a reportagem abaixo, publicada no sítio Terra Magazine, e confronte com a realidade que você vive nos dias atuais. Ah, para constar: na época em que o fato abaixo aconteceu, você não poderia ler a própria reportagem, para ter uma pálida idéia do que era aquele “Estado” que alguns retardados gostariam de ver retornar. Acompanhe:

 

“1974: Exército mirava filhos de “pais alcoólatras”

A abertura de arquivos das Forças Armadas, relacionados à ditadura militar (1964-1985), pode oferecer não somente vestígios de desaparecidos políticos. As gavetas engoliram documentos essenciais para compreender os desdobramentos da doutrina de Segurança Nacional na caserna e a construção doutrinária dos inimigos do regime.

Durante pesquisas em arquivos e escaninhos da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o antropólogo e professor Roberto Albergaria localizou um desses papéis reveladores. Trata-se de informe “confidencial” elaborado pela 2ª Seção – setor de inteligência – da 6ª Região Militar (Bahia e Sergipe).

De contornos freudianos, as quatro folhas expõem a construção mental dos estudantes subversivos. O informe datilografado, com carimbos do Exército, repousou nas mesas do reitor da Ufba e da AESI (Assessoria Especial de Segurança e Informação), braço do SNI (Serviço Nacional de Informações) na universidade. Terra Magazine o publica na íntegra, com exclusividade.

Datado de 20 de dezembro de 1974, o ofício foi enviado, concomitantemente, ao CIE (Centro de Informações do Exército) e ao IV Exército, em Recife. De início, o assunto: “Normas preventivas, acauteladoras e repressivas no tocante à subversão em universidades e escolas de pós-graduação”. Com vernáculos empoeirados, a peça espraia diagnósticos psicológicos.

Em essência, o Exército procurava ampliar os expurgos na universidade, “infiltrada” por agitadores, terroristas e “traficantes de entorpecentes”, estimulados por “autoridades universitárias abúlicas”.

Para livrar os “centros culturais” da influência do “terrorismo marxista”, os militares receitaram normas, com uma leitura rasa da educação sentimental de um guerrilheiro urbano: “investigar sobre alunos provenientes de lares desfeitos ou de pais alcoólatras, contraventores, desidiosos ou de classe social muito baixa”.

Leitura ao rés-do-chão: o militante político era levado à luta armada pela desagregação familiar, as sagatibas do pai e a pindaíba.

Além disso, devia-se “estabelecer rigoroso exame intelectual e investigação social para ingresso nas universidades, mediante testes psicotécnicos, psicológicos e…

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui a íntegra da reportagem “1974: Exército mirava filhos de “pais alcoólatras””, de Cláudio Leal, no sítio Terra Magazine.

 

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