Pedágios. CPI instalada na Assembléia. Mas não faltam críticas. Serão elas procedentes?
Foi instalada nesta quarta-feira a Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembléia Legislativa gaúcha. A CPI pretende investigar uma série de pontos em torno das rodovias concedidas ao tempo em que o governador do Estado era Antônio Britto, entre 1996 e 1997.
Proposta pelo pedetista Gilmar Sossela, a comissão tem 12 deputados titulares. E, até pouco antes da instalação, imaginava-se que o relator seria o pedetista Paulo Azeredo ou a petista Marisa Formolo. Deu outro: no caso, Berfran Rosado, do PPS, mesmo partido de Britto, e de cujo governo participou.
Está dando o maior forrobodó. Não quero entrar no mérito, mas sou obrigado a dizer que isso é política, não é outra coisa. É onde a maioria impõe seu poder à minoria. Sem choro nem vela. E vale para todos os governos que se tem notícia.
Um exemplo do passado recente: na presidência de Fernando Henrique Cardoso, e ele ficou oito anos no Palácio do Planalto, várias CPIs foram criadas no Congresso para investigar atos do governo dele. Em todas ele fez o presidente e o relator. E ponto.
Exemplo atualíssimo: CPI do Apagão Aéreo na Câmara dos Deputados. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus aliados impuseram os nomes dos principais cargos. E nada se avançará na investigação, exceto se for do interesse governista. E ponto.
Diante disso, por que acreditar que a governadora Ieda Crusius, que é aliada de Britto e quer que os contratos das concessões sejam até ampliados, mediante condições, ficaria quieta diante de uma comissão que pode lhe criar uma montanha adicional de problemas? Ora, pela primeira vez, talvez, nesses quatro meses de governo, a Chefe do Executivo conquistou vitória política retumbante. E o relator será seu (e de Britto) parceiro. E ponto.
Quanto ao distinto público, aquele que paga imposto (e pedágio), bem, quem disse que ele tem importância aos governos? E alguém crê que a CPI possa chegar a algum lugar, quando se sabe, como noticiei aqui anteontem, baseado em nota publicada por Giovani Grizotti, da Rádio Gaúcha, do Grupo RBS, que três dos 11 integrantes da CPI tiveram ajuda (pequena ou grande, mas ajuda) financeira para suas campanhas eleitorais de concessionárias de rodovias? Eu não. Esse tempo não perderei.
EM TEMPO: um dos três que recebeu auxílio financeiro para a sua campanha a deputado, segundo Grizotti, foi Berfran Rosado (R$ 5 mil da STE Engenharia). Isso não o desabona, nem a doação é ilegal. Mas terá ele condições de relatar algo contra seu financiador, se for o caso? Pode ser que sim. Pode.
SUGESTÃO DE LEITURA – leia aqui a reportagem CPI dos Pedágios é instalada sob protestos na Assembléia gaúcha, publicada no ClicRBS, portal da RBS.
Confira também a notícia Instalada CPI dos Pedágios, em texto assinado por Gilberto Jasper e distribuído pela Agência de Notícias da Assembléia Legislativa. E leia também o texto Frederico Antunes explica transferência do local de instalação de CPI na Assembléia, assinado por Roberta Amaral, também da agência de notícias do parlamento.
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