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ARTE E POLÍTICA. Festival “Lula Livre” reúne uma multidão no Rio de Janeiro. Chico e Gil fecham a noite

Milhares de pessoas reunidas nos Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro, foram cantar e discursar em favor da liberdade do ex-Presidente Lula

Por TIAGO PEREIRA, da RBA, com foto de RICARDO STUCKERT, no jornal eletrônico SUL21

Ainda no final da tarde, Tizumba abriu festival Lula Livre, trazendo os ritmos africanos para o palco principal nos Arcos da Lapa, centro do Rio de Janeiro. Os apresentadores ressaltaram o “período de breu, etapa indigna” do Brasil pós-golpe do governo Michel Temer e convocaram os artistas a lutar com as suas armas da música e da poesia contra as injustiças. Também lembraram o compositor Vinicius de Moraes, que dizia, em uma de suas canções, que “mais que nunca, é preciso cantar e alegrar a cidade”.

“A partir de agora, vamos combater os usurpadores do presente e sequestradores do nosso futuro”. A cantora Ana Cañas cantou à capela O bêbado e o equilibrista, composição de Chico Buarque celebrada na voz de Elis Regina, que Lula contou a ela ser a sua música preferida. “Democracia nessa porra”, clamou Cañas, lembrando ainda que a vereadora Marielle Franco completaria, nesta sexta-feira (27), 39 anos se não tivesse sido assassinada em março deste ano. Abayomy Orquestra trouxe a cultura negra e lembrou a figura do rei africano Malunguinho, ex-escravo que liderou um quilombo em Pernambuco.

A cada apresentação, a plateia entoava o grito Lula Livre, a marca do festival. Os organizadores também anunciaram a agenda de mobilizações entre os dias 10 e 15 de agosto, que começa com mobilização das centrais sindicais no Dia do Basta contra as ameaças aos direitos trabalhistas. No dia seguinte, um ato inter-religioso em frente ao STF em defesa da liberdade de Lula, com a presença do Nobel argentino Adolpho Perez Esquivel, quando também vão apresentar abaixo-assinado com cerca de 300 mil assinaturas que denunciam a prisão política a que Lula está submetido em Curitiba. No dia 15, o registro oficial da candidatura de sua candidatura. A população foi também chamada a se organizar em comitês populares em defesa da libertação de Lula e pelo direito de concorrer nas eleições. Na sequência, a Gang 90 trouxe hits brasileiros dos anos 1980 e 1990.

Ao lado do escritor Eric Nepomuceno, Lucélia Santos fez a leitura do manifesto convocatório do festival. “Todo o julgamento do presidente Lula foi um erro jurídico sem limites. Não havia, na primeira instância, uma única e mísera prova dos crimes dos quais ele foi acusado. Não se trata de opinião, mas de constatação.”

Os apresentadores lembraram que uma “acusação fajuta” serve de pretexto para a prisão de Lula, já que o ex-presidente não dormiu, nem nunca teve chaves ou escritura do dito apartamento que a ele atribuem. “No processo a Jato, vem antes a condenação, baseada apenas em convicção. Faltou combinar com o povo. A indignação cresce a cada dia. Exigimos a imediata libertação de Lula”.

“Eles sabem que se soltarem Lula nessa altura do campeonato, ele leva a eleição”, comentou da plateia a arquiteta Júlia Ribeiro, 36 anos, antes de todo o público entoar sucessivos gritos Lula Livre. “Lutem como Marielle Franco”, concluiu Lucélia Santos.

O Frei Leonardo Boff lembrou os tempos sombrios da ditadura civil-militar que se instalou no país nos anos 1960. “Faz escuro, mas eu canto, disse o poeta Thiago de Mello, na época sombria, da ditadura militar, de 1964”, afirmou. “Está confuso mas eu sonho, digo eu, nesses tempos não menos sombrios. Sonho ver um Brasil construído de baixo para cima e de dentro para fora, forjando uma democracia popular, participativa, reconhecendo os novos cidadãos, que a natureza é a mãe Terra. Sonho em ver organizado o povo em redes e movimentos sociais. Povo cidadão, com competência para gerar suas próprias oportunidades, e moldar o seu próprio destino, livre da dependência dos poderosos, mas resgatando a própria autoestima.”

Dezenas de artistas passaram pelo palco ao longo da tarde e da noite, como Gabriel Moura, Lisa Milhomem, Claudinho Guimarães e Dorina. Aíla cantou que todo mundo nasce artista, e “depois vem a repressão”. “Essa doença tem cura, existe uma salvação. Faça arte, mesmo que a sua mãe diga que não”, dizia o verso da música.

“É uma série de mobilizações que vem desde a prisão dele em São Bernardo. E agora no Rio, na Lapa, berço do samba e da cultura popular, a gente espera que o recado fique ainda mais claro quanto à partidarização do judiciário. Dá mais um impulso na luta contra as ilegalidades que vêm ocorrendo no Brasil”, afirmou dos bastidores o jornalista Luis Nassif.

Chico e Gil para fechar a noite

Ao final, o momento de maior emoção. Chico Buarque e Gilberto Gil, que não se reuniam para uma apresentação musical desde o período da ditadura militar no Brasil, subiram ao palco para cantar “Cálice”, canção emblemática que retrata o silenciamento, a censura, as torturas, desaparecimentos e mortes ocorridas durante os anos de chumbo no Brasil. Os artistas foram massivamente acompanhados pelo público, que gritava “Cale-se!” entre os versos da música.

Na sequência, Chico Buarque cantou “As Caravanas”, que demonstra com ironia a aversão das classes abastadas em relação ao povo. Gil emendou com “Aquele Abraço”, considerada um hino da cidade. Beth Carvalho, que já havia se apresentado, subiu ao palco, formando um trio com Chico e Gil para encerrar com o samba “Deixa a vida me levar”.

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4 Comentários

  1. Reflexão: Esse tal “Brando” ainda terá o mesmo fim das páginas do MBL. Adora plantar versoēs que atendam sua fantasia. Pobre ser!
    Fico pensando se não é só mais um daqueles que está a 5mil reais acima dos que ele sente prazer doentio em pisotear e a 5milhoēs abaixo de quem ele pensa que é.
    Pobre ser!

  2. Dizem que Chico veio especialmente de Paris para o showmício. Foto tirada de cima (helicóptero ou drone?) com lente olho de peixe para parecer que tinha mais gente é para acabar! Kuakuakuakua

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