EXCLUSIVO (2). Corsan contrata, para “estudar” a PPP, empresa diretamente interessada na privatização
Sigo, como prometi na nota anterior, que publiquei há poucos minutos, logo abaixo, me atendo aos fatos. Só lá no final tomarei a liberdade de algumas perguntinhas. Então, prossigamos.
No Edital, que você leu na outra nota, publicado na edição de 17 de novembro, do Diário Oficial do Estado, a Corsan dá conta da “autorização” à Companhia de Águas do Brasil – CAB Ambiental, para “o desenvolvimento dos estudos de viabilidade voltados à Parceria Público-Privada dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário no Município de Santa Maria, conforme Manifestação de Interesse apresentada em 29/10/2010.”
Uma dúvida: a “manifestação de interesse” aludida no edital foi de quem? Da Corsan ou da empresa?”. Bem, nessas alturas, é irrelevante. Afinal, por moto próprio ou concordando, o fato é que a companhia deixou claro seu interesse na PPP.

Mas, afinal de contas, que diabo é essa tal CAB_Ambiental?
Está lá, no sítio da própria empresa, no HISTÓRICO, uma boa dica do que seja a autorizada pela Corsan – por quanto, o edital não diz, o que faz presumir que tudo seja “de graça”). Confira você mesmo um pouco do que fez a CAB Ambiental, de acordo com ela própria:
- Em 2006, os acionistas da Galvão Engenharia S.A. constituem a CAB Ambiental
- Em novembro de 2007, assume a concessão dos serviços públicos de água e esgoto de Palestina – SP
- Em janeiro de 2008, assume a concessão dos serviços públicos de água e esgoto de Mirassol – SP
- Em fevereiro de 2008, assume Águas de Paranaguá, concessionária dos serviços públicos de água e esgoto de Paranaguá – PR
- Em junho de 2008, assume toda a operação do sistema de esgotamento sanitário de Guaratinguetá – SP
- Em julho de 2008, assume a ampliação do sistema produtor e adutor do Alto Tietê – SP, com a respectiva prestação de serviços auxiliares para a Sabesp
Sigamos com os fatos. O que a CAB Ambiental faz (é concessionária de serviços públicos de água e esgoto em várias comunas de São Paulo, Mato Grosso e Paraná) a gente já sabe. Mas, e quem controla a empresa autorizada pela Corsan, via Diário Oficial, a fazer estudos acerca do que ela própria está cansada de fazer? Resposta: a Galvão Engenharia, que faz parte do grupo Queirós Galvão.
Agora, um pouco da controladora da CAB Ambiental, segundo seu SÍTIO na internet:
“A Galvão Engenharia foi fundada em 1º de fevereiro de 1996, na cidade de São Paulo. Desde então, manteve-se em contínuo crescimento e diversificou suas atividades, amparado pelos seus princípios e valores…” E por aí vai. Se quiser, entra na página da empresa na rede e confira mais.
Se você tiver um pouco de paciência, e quiser saber também quem manda na Galvão Engenharia, sugiro este LINK. Ah, adianto: o lucro da empresa, no ano passado, foi de exatos 280.630.556,51.
PERGUNTAS CLAUDEMIRIANAS. Até aqui, tanto nesta nota anterior, foram apenas fatos. Nada além deles. Agora, me reservo o direito de alguns questionamentos. Não sei se serão respondidos. Mas, ainda assim, os farei.
1) O poder concedente, a Prefeitura Municipal, sabia da intenção da Corsan de privatizar o abastecimento de água? Se sabia, concordou?
2) No contrato de concessão, assinado pelo município, está prevista a possibilidade de terceirização – que seria, salvo melhor juízo, o caso de agora?
3) Se a Prefeitura não sabia disso, pretende apoiar a idéia?
4) O futuro dirigente máximo da empresa, que, como se sabe, é estatal, e estará sob novo comando em 1° de janeiro – dentro de menos de mês e meio – foi consultado?
5) Não está no edital, pelo menos o editor não percebeu, o prazo para o encerramento do estudo. Quanto tempo tem a CAB Ambiental para fazer isso?
6) Admitindo-se como aceitável e correto o que a Corsan pretende fazer (mesmo abrindo mão de um possível financiamento a juros camaradas proporcionados pelo PAC), é possível escolher, pra realizar o estudo, uma empresa que, afinal de contas, é diretamente interessada no resultado do trabalho?
RESPOSTAS A ESSAS PERGUNTAS: é tudo o que, imagino, o contribuinte santa-mariense gostaria de ter. Em nome da boa prática de gestão pública. Para dizer o mínimo.
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Corrigindo:
Que a imprensa não fique melindrada por estar sendo furada…
Claudemir
Vamos torcer que a imprensa de Santa Maria não fique melindrada e estar sendo furada por ti e se interesse pelo assunto. A “coisa” tá ficando séria.
Vou responder apenas o tópicos 4 e 6.
4- Não! Ninguém é consultado. Aliás, este é mais um dos grandes contratos que a gestão Yeda (PSDB) está fazendo “às pressas” dentro da Corsan. Já estão conhecidos internamente, como gestão gafanhoto. Como praga, estão terminando com tudo antes de o novo governo assumir.
Não esquecendo que, conforme Zero Hora, o rombo a ser coberto na campanha eleitoral da tucana é de 3,5 milhões.
6- Uma pequena, mas importantíssima, correção Claudemir.
Os cem milhões não se tratava de “financiamento a juros camaradas”.
Todo este valor era ABSOLUTAMENTE SEM PAGAMENTO por parte do cidadão. Cem milhões a fundo perdido. De graça.
Volto a insistir, digitem no google: Queiroz Galvão, OAS, Vega Engenharia, Odebrecht+fraude licitação.
Afinal, é importante conhecer quem os tucanos e o prefeito querem trazer para nosso convívio e ainda por cima, levarem nosso dinheirinho.