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DATA. O “20 de setembro” e um pouco de história

Bandeira do Estado criada em 1835 e usada na Guerra dos Farrapos. A bandeira representa a liberdade, igualdade e humanidade

Por VICTÓRYA AZAMBUJA, Especial para o Site

No Rio Grande do Sul a cultura está enraizada de forma muito forte, pois há uma grande comoção sob sua antiga história, a chamada Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos, que durou aproximadamente 10 anos. Em virtude da data que iniciou esta revolta, é comemorada a semana farroupilha em todos os CTGs das cidades do estado, até o dia 20, quando acontece o desfile nas ruas em homenagem aos líderes do movimento. As comemorações acontecem através de bailes, jantares com comidas típicas, apresentações de grupos de dança com trajes típicos e acampamentos farroupilhas que demonstram a vida dos antigos gaúchos.

A história que aconteceu no estado, além de ser abordada pela mídia, está no cinema e em livros didáticos que são apresentados aos alunos de Ensino Fundamental. Durante a semana farroupilha, nas escolas, as crianças tem o costume de ouvir e cantar o hino rio-grandense no inicio e no final das aulas. Em uma enquete para saber se a população gaúcha ainda sabe sobre a história do seu estado, realizada nas redes sociais e nas ruas de Santa Maria, com jovens acima de 17 anos, dentre os mais diversos posicionamentos, obteve-se como resultado que 31 pessoas que sabem sobre a história do 20 de setembro e 28 pessoas que não sabem. Muitas das pessoas que responderam não saber, também ressaltaram não lembrar, pois haviam estudado há muito tempo na escola.

Entre todas as respostas obtidas na enquete, ressalte-se duas. A estudante Larissa Cardoso, 21 anos, fala que não se lembra da história da Revolução Farroupilha. – Eu não sei falar sobre a história, contar os fatos, porque estudei na quarta ou quinta série no colégio e hoje em dia não lembro mais e também não vejo falar muito sobre isso- , afirma.

Ariadne Mello, 21 anos, estudante, conta que aprendeu sobre a história do 20 de setembro por influência da família. – Eu aprendi com meus pais, porque eles frequentam CTG e meu bisavô era patrão de CTG. A minha mãe era prenda, eu também era prenda. E eu acho que nas escolas está faltando cultivar o tradicionalismo, as pessoas estão cada vez mais sabendo menos sobre a revolução farroupilha – relata.

HISTÓRIA

Para contar um pouco sobre o 20 de setembro, o historiador Elias Costa de Oliveira fala que a Revolução farroupilha foi uma revolta que aconteceu entre 1835 e 1845 liderada por parcela da elite do Rio Grande do Sul, o qual era intitulada de Província de São Pedro, sendo que outros setores sociais também participaram como: frações de estancieiros, brancos pobres, peões, escravizados e ex-escravizados. – os principais líderes farroupilhas eram proprietários de grandes latifúndios e pessoas escravizadas. E devido à alta taxa de impostos do charque e do couro, frações da elite sentiram-se prejudicadas, querendo uma taxação maior para produtos estrangeiros, o que não foi aceito pelo Império – afirma o historiador.

O historiador ainda conta que a revolta nunca saiu das mãos da elite, e que se inicia quando uma facção política retira Bento Gonçalves e Bento Manuel do controle das fronteiras, com o objetivo de assumir a presidência da Província de São Pedro. – O movimento foi para tirar esse grupo político da presidência da Província e pedir que o Império indicasse outro grupo, e então, no dia 20 de Setembro de 1835 ocorre o início da guerra, com a tomada de Porto Alegre e a ruptura com o governo central. O movimento de 20 de setembro foi muito heterogêneo, sem um projeto político claro, com muitas divisões e contradições – relata Oliveira.

Após a Batalha do Seival, as forças imperiais são derrotadas em um resistente confronto contra os rebeldes (gaúchos). Elias explica que a partir deste conflito se iniciou, um movimento separatista, na qual foi criada a República Rio- Grandense, convocando as demais províncias para também se tornarem independentes. – Foram formadas as chamadas, tropas farroupilhas lideradas pelo General Bento Gonçalves, essas são tropas compostas principalmente por escravizados, ex- escravizados, brancos pobres e índios. Foi criada uma unidade militar chamada de Lanceiros Negros, o qual era um corpo militar formado por escravos que entraram na Guerra dos Farrapos por um motivo nobre, a sua liberdade, sua alforria – retrata Oliveira.

Apesar do republicano, Giuseppe Garibaldi elogia a eficiência dos lanceiros negros, Elias Oliveira fala que isto não impediu o fim trágico desses homens que lutavam pela sua liberdade. – No dia 14 de novembro de 1844, no episódio conhecido como Massacre dos Porongos ou Traição de Porongos foram massacrados, desarmados por Davi Canabarro e entregue para o Barão de Caxias (que iria virar Duque), sendo mortos a sangue frio, afirma o historiador.

Após, foi selado o acordo de Paz de Ponche Verde, encerrando o conflito. Segundo Elias Oliveira, esta traição contra os escravos não está nos livros didáticos e é dificilmente falada em CTG’s, ou na mídia. – Os heróis negros foram esquecidos pela historiografia, sendo recuperada a passos lentos – , declara Oliveira.

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