A cura – por Bianca Zasso
Se há algo que o cinema faz com perfeição é plantar sonhos nas pessoas. Depois de uma sessão, costumam surgir muitas vontades. Viajar, aprender, arriscar…e amar. Isso porque nossos primeiros amores costumam ser distantes, platônicos, o tal príncipe inalcançável que faz par com a princesa na animação da Disney. Até quem coleciona relacionamentos já teve que seja uma paixonite cinematográfica. Mas vivemos tempos onde, dependendo do amor, é preciso guardar segredo.
É preciso compreender, nem todo mundo gosta de ver as pessoas feliz e libertas de máscaras. Sabe aquele pai que faz cara de nojo quando se depara com um casal se beijando? No caso, a cara de nojo é apenas quando ambos são do mesmo sexo. Há que se entender, ele nunca provou um beijo verdadeiro, com significado. É complicado lidar com a novidade. Vamos torcer para que ele esqueça um pouco a boca alheia e se dedique a beijar com vontade quem ama. Antes disso, aprenda a amar de verdade.
Os risinhos nervosos durante cenas de sexo ainda existem. A humanidade cria aparelhos para quase tudo, conecta a China com o Brasil, mas não age com naturalidade diante dos próprios desejos e dos desejos dos outros. Como vamos cobrar que aceitem que não somos simples e jamais conseguirão nos guardar em caixinhas com etiquetas? Vai levar tempo. Mais do que a gente gostaria, infelizmente. Talvez por isso a gente se abrace tão pouco e com certa cautela. Tem gente que tem medo de se deparar com a curiosidade e não ver saída senão matá-la. Quantos homens não beberam além da conta para ver se passava aquela vontade de beijar outro homem? Quantas mulheres esconderam um “eu te amo” para outras mulheres? Quantas famílias seguem unidas aos trancos e barrancos para manter a pose? Quantas meninas e meninos lutam contra as próprias vontades por medo de magoar pai e mãe? Você já parou para pensar o quanto dói ouvir palavras ofensivas sobre coisas que você gosta? A tristeza que toma conta de alguém quando palavras como gay e lésbica são ditas num tom de deboche?
Num mundo com tantas doenças que desafiam a medicina, tem gente querendo mudar o modo de amar, dizendo que o que é certo e o que é errado, listando o que pode e o que não pode. Quem realmente já se apaixonou sabe que tudo sai de ordem, que enxergamos cores onde antes era cinza e nossos dias são invadidos por novos gostos e aromas. Se nos tira de órbita, é amor. Se nos faz querer seguir em frente, é amor. Se emociona, é amor. Se é homem ou mulher, pouco importa.
Eu devia ser a colunista de cinema deste sítio, cujo proprietário encontra-se recuperando o coração gigante que traz no peito. Mas os tempos me impedem de falar apenas da arte. A vida tem sido mais trágica que todos os dramas e beira o horror mais grotesco em alguns momentos.
ATENÇÃO
1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.
2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.
3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.
4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.
5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.
OBSERVAÇÃO FINAL:
A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.