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FUTURO. Governo Bolsonaro testará o vigor das instituições democráticas, acredita cientista político

Reginaldo Perez: oposição (da esquerda ao centro) produzirá o equilíbrio necessário para a defesa das prerrogativas democráticas

Por FRITZ R.NUNES, da Assessoria de Imprensa da Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm)

A campanha vitoriosa à Presidência da República de Jair Messias Bolsonaro (PSL) se deve, em muito, à canalização de frustrações diversas, tendo ainda cimentado sentimentos críticos vários – antissistema, antipolítica, antirrepresentação, antipolítico – tudo isso articulado por denso antipetismo. Também pode ser explicada por ter logrado “se vender como a narrativa da mudança em relação a tudo que aí está”. Essa é parte das explicações à vitória, apontada pelo cientista político Reginaldo Teixeira Perez, professor do departamento de Ciências Sociais da UFSM.

O docente também concorda que os obstáculos a serem enfrentados pelo presidente eleito, um capitão da reserva do Exército, conhecido por discursos polêmicos sobre costumes e defensor de concepções autoritárias, são grandes. Passam por questões como tentar aprovar reformas impopulares (como a da Previdência), negociar com o Congresso Nacional, o que significa fazer concessões, respeitar o regramento/ordenamento jurídico do país, conciliar o nacionalismo dos apoiadores do meio militar com o liberalismo da equipe econômica, bem como enfrentar as críticas vindas de setores como os meios de comunicação.

Reginaldo Perez vê semelhanças e diferenças entre Jair Bolsonaro e Fernando Collor de Mello, o segundo eleito em 1989, pelo PRN. Dentre as semelhanças, observa a base partidária frágil e a linguagem com tom emocional, dirigida diretamente à população. Como uma diferença fundamental, o cientista político destaca que Collor (“de forma sincera ou cínica”) agira de forma mais respeitosa com as instituições do país.

Em relação a condutas históricas do agora presidente eleito, com declarações que falavam em fechamento do Congresso Nacional, em fuzilar opositores, ou mesmo de declarações do filho de Bolsonaro, agora eleito parlamentar, sobre fechamento da Corte Suprema (STF), Perez considera preocupante e comenta que, no próximo período, as instituições do país estarão “sob pressão”. Para o professor, há uma “latência autoritária” nas ações políticas de Jair Bolsonaro. Contudo, ressalta que há diferença entre o que o eleito “gostaria de fazer” e o que “poderá fazer”.

Conforme a análise do cientista político, nos próximos meses poderemos ver as instituições do país tendo que responder a certos “arroubos do Executivo”. E são essas respostas que darão indicação sobre a solidez ou a fragilidade de nossa democracia. Nesse sentido, Perez entende que o papel da oposição é fundamental, seja ela mais à esquerda ou mais ao centro. “Será esse o campo político que produzirá o equilíbrio. E uma parte significativa da defesa das prerrogativas democráticas virá da oposição ambientada no Congresso Nacional”, analisa.

Veja a seguir a íntegra das perguntas e as devidas respostas do professor Reginaldo Perez:

Sedufsm- Fechado o segundo turno das eleições presidenciais, qual a avaliação que se pode fazer da vitória de Jair Bolsonaro (PSL). Que fatores principais o levaram a ser exitoso em sua campanha?

Perez– Penso que foi uma vitória de forte conteúdo político. Explico-me: na esteira dos movimentos massivos de junho de 2013 (e dos fatores conducentes a eles), a campanha vitoriosa canalizou frustrações diversas e cimentou sentimentos críticos vários – antissistema, antipolítica, antirrepresentação, antipolítico – tudo isso articulado por denso antipetismo; enfim, logrou se vender como a narrativa da mudança – em relação a tudo que aí está. E parece ter tido sucesso.

Ainda, são muitos os fatores que resultaram na vitória de Bolsonaro: desde há muito ridicularizado como um deputado irrelevante e com um eleitorado específico (militares) situado no estado do Rio de Janeiro, foi ampliando a sua audiência – e, por fim, conseguiu inverter o sinal apresentando-se como o ponto concentrado crítico ao atual sistema. Bolsonaro representou a mudança para parte significativa do eleitorado brasileiro, e este parece ter sido o fator decisivo…”

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Um Comentário

  1. Globo, Abril e Folha já não tem a mesma força de antanho.
    Base partidária frágil, a ver.
    Qual candidato que, uma vez eleito, colocou em prática a retórica de campanha?
    Se os vermelhinhos continuarem a fazer o que sempre fizeram me serve. Para mim está funcionando.
    O entrevistado disse quais os números que serão sorteados na mega sena da semana que vem?

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