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Símbolos nacionais – por Orlando Fonseca

Justo nestes dias, pós-período eleitoral, duas datas do calendário cívico brasileiro são importantes para que se pense o futuro da Nação. No dia 15 passado, comemoramos a Proclamação da República, o qual, afora o fato de ter-nos propiciado um feriadão, carrega um valor simbólico que mereceria de todos maior atenção. Especialmente tendo em conta que o candidato presidencial vencedor trazia em seu slogan de campanha uma referência a isso.

Nesta semana, o dia 19 reserva a celebração da bandeira nacional, um símbolo cujas cores foram apropriadas por manifestantes que tomaram as ruas, e que agora estão diante da iminência de ocupar o poder central uma figura pública que também venera a noção nacionalista cantada e exaltada por eles.

Como sabemos, a república sucedeu sem luta a monarquia no Brasil, sem guerra civil, sem derramamento de sangue, meio que no grito. Com isso, se deixou de realizar uma série de medidas típicas do novo regime, cujos reflexos vemos até hoje (ex.: reforma agrária, pois sendo “coisa pública” as terras deixavam de ser do imperador, ou benesse do imperador aos seus vassalos).

Houve disputa ideológica sim, nas décadas anteriores; houve mesmo revoluções, como a Farroupilha, desejosa do modelo já implantado por ocasião da independência dos Estados Unidos e objetivo da Revolução Francesa, em suas marchas e contramarchas ao final do século XVIII e começo do XIX.

A bandeira brasileira, símbolo dessa nova fase da vida nacional, reflete os ideais positivistas de seus militantes. A pergunta que persiste é: ainda representam aqueles propósitos elevados, na substituição do modelo imperial pelo republicano?

Já que estamos falando em símbolos, os fatos atuais que são notícias, em meio às movimentações da equipe de transição ao novo governo, são simbólicos quanto às prioridades de qualquer governo, incluindo os que assumem no primeiro dia de 2019 (embora os adiantamentos, como se veem).

A decisão quanto às novas exigências para a manutenção de cubanos no programa Mais médico é um desses, e que envolve a saúde – normalmente entre os três primeiros itens de uma lista de prioridades. Esquecendo as questões ideológicas (pretéritas e presentes), trata-se um programa para dar soluções à carência de médicos generalistas em regiões historicamente não assistidas.

Nos próximos dois anos, segundo especialistas, não será possível atender à demanda de 21 milhões de pessoas. Outro item desta lista, a Escola sem partido, que partidários do governo entrante tentam fazer passar no Congresso, em nada contribui para a melhoria do ensino no país. É tão somente uma tentativa ideológica de cambiar a doutrinação, sem que se leve em consideração a defasagem que o ensino básico apresenta, em relação ao futuro tecnológico que está às portas, exigindo novas metodologias.

E por fim, os desdobramentos do Caso Marielle, que não consegue alcançar o fundo da questão: de onde partiram os tiros, de onde partiu a ordem para atirar, e o que se pretendia com a eliminação do alvo, ou seja, uma militante em luta a favor das minorias? Segurança e justiça são para quem mesmo?

O Brasil acima de todos, frase usada pelo presidente eleito na campanha eleitoral, traz o sentido republicano da “res publica”, a coisa pública, o propósito de trabalhar pelo bem comum, de ser mediador nas grandes causas entre os diversos entes desta coisa chamada país.

Esse é o Brasil de todos nós, a Pátria Mãe gentil, como fala o Hino. Para que vá além da propaganda, além das cores da bandeira, é preciso dar atenção ao conjunto da sociedade e não apenas a uma fração dela, normalmente a que tem meios de se fazer ouvir. Sem divisões, sem a disseminação de ódio:  igualdade pela promoção da fraternidade. É preciso promover isso daí.

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