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MEMÓRIA. Morre empresário Carlo Isaia, aos 94 anos

Do setor de comunicação (texto e foto) da Eny Calçados

A família Eny Calçados está em luto. Faleceu nesta quinta-feira, em Santa Maria, o empresário Carlo Isaia (foto acima), 94 anos. Carlo nasceu em 4 de abril de 1924, seis meses antes da fundação da Eny Calçados. Foi um dos doze filhos dos imigrantes italianos José Isaia, fotógrafo, e Clara Isaia. Sua paixão por música, especialmente o canto lírico, era tão forte que foi a responsável até mesmo pela união com sua esposa, Emir Pereira Isaia, a qual conheceu no Conservatório Santa Cecília, em Santa Maria, onde os dois estudavam. Casados desde 1949, Carlo e Emir tiveram quatro filhos, oito netos, quatro bisnetos e dois trinetos.

Em 1940, quando concluiu o ginásio, Carlo sonhava em ser engenheiro. “Mas, para isso, eu teria de ir morar em Porto Alegre e o meu pai não tinha dinheiro para isso. Então, eu me formei em 10 de dezembro de 1940, e dois dias depois eu já estava trabalhando na loja” contou Carlo durante uma entrevista à jornalista da Eny Calçados, Marilice Daronco, em novembro de 2016.

Diretor comercial da Eny Calçados, Carlo orgulhava-se de sua trajetória de 78 anos dedicados à empresa. “Eu comecei lá de baixo, no depósito da firma, quando ela ficava ali onde depois funcionou a União dos Caixeiros Viajantes. O Salvador, meu irmão, era muito rígido com isso. Todo funcionário começava no depósito. A gente abria caixas enormes, de madeira, que vinham pela viação férrea, carregadas de sapatos. Depois, colocava tudo em ordem para poder conferir se tudo estava de acordo com a compra”, lembrou Carlo.

Em 1949, Carlo recebeu de Salvador Isaía, seu irmão, um grande desafio. Salvador tinha acabado de comprar a loja de calçados Suely e nomeou Carlo como gerente. “Éramos só eu e o funcionário que ficou na loja, para vender um estoque de calçados que estava parado há muito tempo, eram quase só alpargatas. Mais de 900 pares de alpargatas. E o Salvador disse que não seria comprado nenhum calçado novo até vender todos aqueles. Foi uma das partes mais importantes da minha vida, porque foi muito desafiador. Eu pegava o telefone e oferecia para as lojas menores, para os mercados que vendiam alpargatas: vendi tudo! Então, no fim daquele ano, compramos nossos primeiros pares de calçados novos” orgulhava-se Carlo.

A paixão pelo canto lírico surgiu por volta dos 19 anos. Foi com um sorriso de menino arteiro no rosto que Carlo contou à jornalista que acompanhava pelo rádio os principais artistas da época. Quando soube que o tenor italiano Beniamino Gigli, um dos maiores do mundo na sua época, se apresentaria em Buenos Aires, não teve dúvidas: pediu férias e disse ao pai que iria passar alguns dias em Porto Alegre. “Naquela época eu nunca nem conhecia Porto Alegre, nunca tinha viajado de avião. Mas já cheguei lá com a passagem aérea comprada. Fui para Buenos Aires. Chegando lá, eu fui direto para o Teatro Colón. Mas cheguei e não havia mais ingressos. Eles tinham acabado meses antes. Eu cheguei a chorar de tanta tristeza e o rapaz do teatro se comoveu e me vendeu um ingresso, mas era num canto onde não se poderia ver, apenas ouvir o espetáculo. Quando eu cheguei as luzes apagaram. Eu não sabia o que fazer, sentei na escada mesmo. Então, um funcionário veio e disse que eu não poderia ficar ali, ele me levou até outro local. Quando eu olhei em volta, meu Deus, estava sentado de frente para o palco. Jamais esquecerei” contou Carlo.

Pelo Conservatório Santa Cecília, Carlo chegou a participar de festivais de música e em viagens à Europa também cantou em cruzeiros marítimos. “Modéstia à parte eu cantava muito bem. E era corajoso. Em uma viagem com minha esposa, à Itália, fomos visitar o Teatro alla Scala, em Milão, uma das mais famosas casas de ópera do mundo. Eu disse a ela que queria cantar, mas não era permitido. Para a minha sorte, quando chegou a minha vez de ficar perto do vidro onde ficavam os visitantes, havia um italiano que ficava cantarolando bem baixinho, então soltei a voz na La traviata, e ele sorria e me abraçava, todo emocionado”.

Outro hobby levado com dedicação era a jardinagem. Chegou a cultivar três hectares de tapetes florais em sua casa em Itaara. Quadros com as flores decoravam seu escritório ao lado de fotografias da nevasca dos anos de 1980 em Itaara e de sua casa na rua Silva Jardim “com a iluminação mais bonita que já se viu em um Natal” como gostava de contar, com direito a sorriso no rosto.

Carlo deixa esposa, filhos, netos, bisnetos, trinetos e uma grande família chamada Eny Calçados a qual ajudou a construir e manter ao longo de todos esses anos. Seu velório ocorre nesta sexta-feira, na capela 2 do Caridade, a partir das 8h, e o sepultamento está marcado para as 17h, no Cemitério Ecumênico Municipal de Santa Maria.

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