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Política externa. A questão é outra, nas críticas feitas às estratégias globais do governo

Está dando o maior tititi a entrevista publicada pela revista Veja, com o recém-saído da embaixada brasileira em Waschington, Roberto Abdenur. Ele, que serviu por vários anos ao País no principal posto diplomático da carreira, saiu atirando contra a política externa que, profissionalmente, defendia até há bem pouco tempo.

 

As razões da crítica (e de outras manifestações, ao longo do governo Luiz Inácio Lula da Silva) são basicamente as mesmas: o Brasil está se fechando para os Estados Unidos e periféricos, optando por uma relação mais formal. E ampliando espaços para outros parceiros, do que antigamente se chamaria o Sul do planeta.

 

O curioso, e é isso que chama a atenção a jornalista Eliane Cantânhede, da Folha de São Paulo, é que a discussão torna-se muito mais retórica do que prática. Talvez ideológica, e quem diz sou eu. E apenas isso. Na prática, as relações Brasil-Estados Unidos, seja por conveniência ou política de Estado, são as mesmas desde sempre. Ou, até, ampliadas, do ponto de vista econômico.

 

Então, por que se discute tanto a política externa de Lula, e que é executada por seu ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim? Hein? Acho que vale a pena ler o artigo da jornalista, publicado na Folha Online, braço de internet do jornalão paulista. A seguir:

 

“Antiamericanismo ou anti-subserviência?

 

O governo Luiz Inácio Lula da Silva está chegando ao seu terceiro embaixador na embaixada mais cobiçada do mundo, literalmente: a de Washington.

O primeiro, herdado de Fernando Henrique Cardoso, foi Rubens Barbosa, que deixou o cargo e passou a ser um crítico elegante, porém assíduo, da política externa brasileira. Acha que o resultado é “a perda de oportunidades comerciais pelo Brasil nos maiores e mais dinâmicos mercados do mundo”, como os EUA.

O segundo foi Roberto Abdenur, um diplomata discreto, que raramente falava em público, há bastante tempo listado entre os brilhos intelectuais do Itamaraty. E que agora, bastaram alguns dias de aposentadoria, dá uma guinada no estilo e sai chutando o pau da barraca em entrevista à revista “Veja”. Segundo ele, a política externa de Celso Amorim é ideologizada e antiamericana. Já a de Lula é excelente. Ninguém sabia que existem duas.

O terceiro em Washington será um “jovem” de 52 anos, especialista em ONU, com o sugestivo nome de Antônio Patriota e com uma característica bem peculiar: é um “embaixador júnior” -nunca antes chefiou uma embaixada e a primeira será justamente a de Washington, a jóia da coroa. Coisas de Amorim. Ou coisas do Governo Lula. Naquelas frases tortuosas e tão tipicamente diplomáticas, Patriota tenta dizer que o Brasil tem boas relações com os EUA, sim, apenas rejeita qualquer tipo de subserviência.

Enquanto no Brasil se discutem o suposto antiamericanismo do “Itamaraty atual” e o sexo dos anjos, Washington está mais preocupado com temas mais substantivos: a dependência americana do petróleo venezuelano e árabe, os rumos nacionalizantes do governo Hugo Chávez, os acordos bilaterais pragmáticos com os países sul-americanos depois do insucesso da Alca. E, claro, eles estão muito preocupados, sim, em manter uma boa relação com o país maior, mais rico e mais populoso da região. Qual seja? O Brasil.

Lula pode até não ser o presidente dos sonhos dos americanos e de George W. Bush, mas entre o sonho e a realidade está o fato de que o presidente brasileiro nunca quebrou nem ameaça quebrar contratos, não cria confusão com o mercado, não põe em risco nenhum dos mandamentos de Washington.

Tanto que o próprio Bush, a poderosa Condoleezza Rice, os homens fortes da Casa Branca na política, na economia, no comércio, na energia, na segurança – todos eles já visitaram o Brasil, alguns mais de uma vez. E sempre com propostas concretas.

Os mais recentes visitantes são o subsecretário para Assuntos Políticos, Nicholas Burns, o responsável pela América Latina, Thomas Shannon, o homem da energia, Greg Manuel, e o secretário de Justiça e procurador-geral, Alberto Gonzales. Eles estão por aí, entre Brasília, Rio e São Paulo, falando com o governo federal sobre trocas e parcerias e com os principais governadores para listar os interesses comuns, passíveis de cooperação, como segurança e combustíveis alternativos.

Em resumo, querem ser “amigos”. Porque interessa ser amigo do Brasil, de Lula, de quem tem o que receber e oferecer e de todos os que possam manter um bom equilíbrio na América do Sul – ou seja, contrabalançar o peso de Chávez.

O próprio Abdenur, na entrevista à “Veja”, falou cobras, lagartos e adjetivos contra a política externa antiamericanista, mas… lá pelas tantas, enumerou uma série de acertos e vitórias e soltou que nunca as relações Brasil-EUA estiveram tão boas. Você entendeu? Se não, pergunte a ele…
”

 

SE DESEJAR ler a íntegra do artigo, pode fazê-lo acessando a Folha Online, clicando aqui.

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