TRAGÉDIA. Via internet, a convocação: o grito por Justiça. E também uma caminhada, seguida de missa

O editor está convicto: foram as redes sociais, especialmente o feicebuqui, que fizeram o PSDB mudar de ideia (sim, não faltaram manifestações no sentido contrário, entre sexta e sábado, inclusive nos jornais) e decidir assinar o requerimento que vai criar a CPI da Kiss, na Câmara de Vereadores.

Também foi via internet que se viu (e se vê) um punhado de atos marcados para esta quarta-feira. Um deles, com a adesão de boa parte da mídia tradicional (que era contra a CPI, e ninguém contou ao editor, ele ouviu): o barulho em favor dos jovens alegres que morreram no incêndio de 27 de janeiro.

Outro, uma caminhada, que mereceu uma página específica no feicebuqui e que tem a adesão de mais de 3 mil pessoas, e que será seguida de uma missa, na Igreja de Fátima. Os detalhes estão nos dois textos abaixo, enviados por organizadores. Todos querendo Justiça. Confira:

“CHEGA DE SILÊNCIO!
O silêncio terminou. Chegou a hora de sair do luto e ir à luta. No dia 27 de fevereiro às 19h terá uma manifestação na Praça Saldanha Marinho.
Vista sua camiseta preta e traga seus cartazes pedindo justiça. O silêncio terminou, chegou a hora das autoridades se manifestarem, precisamos de explicações.
Precisamos que todos os participantes da manifestação levem tintas pretas para pintarmos o rosto e fitas adesivas pretas para colocarmos em nossas bocas, representando o silêncio das autoridades sobre
as explicações que ainda não foram dadas… (PARA LER A ÍNTEGRA, CLIQUE AQUI)

“Esclarecimentos sobre a caminhada do dia 27/02

Essa manifestação representa nosso Luto, representa as 239 vidas que nos foram roubadas, tiradas por negligência do serviço público, por falta de fiscalização das autoridades ditas competentes e pela ganância de alguns “Empresários” da noite. Representa nossa LUTA, contra a impunidade e corrupção que nosso país vivencia.

Pela primeira vez sentimos de forma latente o “jeitinho brasileiro”, grifado com dor e sofrimento, marcado por uma fumaça que escondia o que estamos cansados de saber e assistir em noticiários, em jornais e demais meios de comunicação. Estamos aqui para mostrar que não estamos calados, alienados diante desse infeliz evento promovido pela boate Kiss no dia 27 de janeiro.

Nós, como todos os demais afetados, diretamente ou indiretamente, exigimos respostas, exigimos que ninguém mais passe pelo que estamos passando.

Nossa caminhada é PACÍFICA, é de nosso DIREITO e é com a união popular que conseguiremos mudar alguma coisa.

É com muito pesar que organizamos, após 30 dias, essa caminhada.

Essa manifestação é SIM DE NOSSO DIREITO.

Quanto tempo ainda, deveremos nos calar diante dessa corrupção que está impregnando nossos lares, com esse vazio da espera incessante da chegada desses jovens, que sabemos que não irão mais voltar.

Pergunto a todos: Até quando? Até quando irão roubar nossa dignidade? Até quando vamos permitir que vidas sejam roubadas por ganância, por corrupção, por essa mancha tatuada em nossa sociedade com o “tal” jeitinho brasileiro?

Até quando sonhos serão levados por falta de atitude nesse silêncio que ensurdece, apaga e MATA nossos ideais e esperança de um mundo melhor?

Democraticamente, estamos exercendo nosso DIREITO, estamos demonstrando nosso cansaço, estamos clamando por JUSTIÇA, estamos apenas manifestando de modo que todos percebam que SIM, estamos com os olhos bem abertos e lutando para que isso NUNCA mais ocorra com outros jovens, pais, mães e familiares.

NOSSA CAMINHADA É PACÍFICA, A ROUPA PRETA SIMBOLIZA NOSSO LUTO, NOSSA DOR E TRISTEZA, POIS ESTE ACONTECIMENTO TRÁGICO ROUBOU NOSSA PAZ.

Marília Torres Ribeiro                                                                                    

Prima-irmã de Flávia Torres, 22 anos, vítima da tragédia do dia 27/01.”