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CIDADE. Espetáculo, neste domingo (30), leva riso e cultura a mulheres apenadas em Santa Maria

Em maio, uma apresentação está prevista para ocorrer no Presídio Regional

Por meio da palhaça Ciska, “Na Linha” tem o objetivo de levar arte a pessoas que não conseguem frequentar espaços de cultura. Foto Divulgação

Por Bernardo Abbad

Mulheres apenadas em regime semi-aberto ou aberto e suas famílias poderão ter um contato com a arte e a cultura neste fim de semana em Santa Maria. O espetáculo “Na Linha”, que tem sido apresentado em lares de idosos e na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) nos últimos meses, chega até o Espaço Cultural Victorio Faccin neste domingo (30), às 17h. Na primeira semana de maio, uma apresentação deve ocorrer para as detentas do regime fechado no Presídio Regional de Santa Maria.

Além das apenadas, a apresentação de “Na Linha” no Espaço Cultural Victorio Faccin também será aberta para o público em geral. A entrada é gratuita, mas sugere-se a doação de sabonete ou pasta dental, que serão destinados à mulheres em privação de liberdade no Presídio Regional de Santa Maria.

O espetáculo foi criado em 2021 pela atriz Ariane Vizzoto, formada em Artes Cênicas na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e acompanha a palhaça Ciska, atendente do Converse Com a Ciska (CCC) – canal telefônico aberto e disponível 24 horas por dia para escutar as loucuras, os infortúnios e as conquistas dos mais diversos viventes. Com bom humor e disposição, ela orienta as pessoas em suas situações. A maioria delas bem peculiares. Seguindo a tradição familiar, a palhaça Ciska mora e trabalha e faz tudo no mesmo lugar, na companhia de sua fiel escudeira, melhor amiga e confidente: Chica, a girassol. Até que um dia, tudo sai da linha e vira um grande nó.

A motivação do projeto começou com o objetivo de alcançar as mulheres apenadas em presídios pela impossibilidade destas de consumirem a arte e usufruir dos benefícios desse consumo. Depois, a equipe do projeto percebeu que havia outros públicos que também são afetados pelo isolamento e que poderiam ser contemplados pelo espetáculo. Em 2022, as crianças e adolescentes residentes em lares de acolhimento assistiram a apresentação de “Na Linha”. Agora, através do Fundo Municipal de Cultura da cidade, o projeto alcança também os idosos residentes em lares e as pessoas com deficiências.

Ariane Vizotto conta que, quando pensou em criar um espetáculo que circulasse por penitenciárias, seu primeiro pensamento era de que não queria retratar uma detenta, pois essa não é e nunca foi a sua realidade.

“Mas eu queria trazer algumas questões vividas pelas mulheres em reclusão, como a privação de liberdade, a solidão, a rotina, a limitação de espaço. Porque, a meu ver, palhaçaria é identificação, é encontro. E eu queria que, no encontro que eu tivesse com essas mulheres, elas pudessem rir da forma como a palhaça em cena estivesse”, explica.

Para a atriz e palhaça, muitas pessoas foram salvas pela arte, seja por meio da televisão, da música, dos livros, sobretudo no auge do período de isolamento durante a pandemia da Covid-19.

“Na Linha” já foi apresentado no Lar das Vovozinhas, no Lar Vila Itagiba e no Abrigo Espírita Oscar Pithan. Também ocorrem duas sessões na APAE.

“Nas apresentações já realizadas pelo projeto, comprovamos a importância da arte nesses espaços. Colocamos na prática nosso objetivo de realizar um encontro com trocas através da apresentação do espetáculo. Fazemos arte para essas pessoas e com essas pessoas”, finaliza Ariane Vizzoto.

Agende-se
O quê – Espetáculo “Na Linha”
Quando – 30 de abril, às 17h
Onde – Espaço Cultural Victorio Faccin, na Rua Duque de Caxias, 380, Bairro Nsa. Sra. do Rosário
Quanto – De graça

Sobre o espetáculo
O espetáculo autoral “Na Linha”, de Ariane Vizzoto, estreou em 2021 em Porto Alegre e é fruto do projeto EncarcerArte. Na época, circulou em cinco penitenciárias femininas do Rio Grande do Sul, promovendo o acesso à arte para mulheres reclusas. O espetáculo foi pensado e criado para poder ser apresentado em penitenciárias, para o público feminino, tanto que uma ex-agente carcerária e também palhaça participou da equipe como orientadora do espetáculo. O processo de criação do espetáculo aconteceu durante o período de isolamento, em 2021, o que, de certa forma, leva o público em geral a também se identificar com as situações que a palhaça Ciska passa. Seja por conta do home office que acabou invadindo o espaço caseiro no período de isolamento, seja pelas prisões que as pessoas acabam se colocando de forma inconsciente. A recepção do público foi bastante positiva. No final das apresentações é realizado um bate-papo com o público, reforçando a importância de espaços como esses serem ocupados com arte. Em @ciskando há mais informações sobre o projeto.

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