Economia

ECONOMIA. Eny Calçados defende abertura do comércio nos feriados, inclusive nesta sexta (17)

“A formação de cultura, pra nós, é o maior valor. Os feriados são uma forma de nós ajudarmos o município a crescer”, diz Fernando Isaia, representante da Eny Calçados. Foto Rafaela Vetuschi / Eny Calçados

Por Guilherme Bicca

O primeiro feriado com abertura do comércio permitida pela Convenção Coletiva de Trabalho 2019/2020, a Sexta-Feira Santa, em abril, teve pouca adesão dos lojistas do centro da cidade. Mas algumas lojas abriram as portas e, mesmo em condições desfavoráveis, continuam determinadas para o próximo feriado, no aniversário da cidade, em 17 de maio.

É o caso da Eny Calçados que, na contramão da tendência, traçou estratégias para tornar a experiência de funcionar em plena Sexta-feira Santa (algo impensável nos últimos anos) a mais positiva possível. Mas o que motiva a mais tradicional loja da cidade a abrir em um feriado, mesmo sem o consenso dos outros lojistas?

É sobre isso que conversamos com Fernado Isaia, representante da Eny Calçados. O resultado da conversa? A Eny está disposta a, através da repetição e persistência, integrar a luta do comércio na criação de uma cultura que pode sim balizar o desenvolvimento da cidade enquanto polo regional.

Contexto
Hoje, o setor de varejo e serviços corresponde a 76% do PIB local. Santa Maria é incipiente em indústrias, notório vetor de atração de recursos externos. Enquanto a economia depende do dinheiro do funcionalismo público e autônomos, o que há é apenas o deslocamento da renda gerada aqui mesmo. Segundo Isaia, o comércio pode transformar a realidade local atraindo consumidores das cidades vizinhas ao abrir sistematicamente aos domingos e feriados. Mas é preciso criar a cultura: “É uma construção de futuro do município. Nossa decisão em abrir é por acreditar que a cidade pode dar um passo a mais em relação aos feriados e domingos”, afirma Fernando, de forma tranquila e consciente do papel que cada empresário tem no desenvolvimento de Santa Maria.

Como foi a decisão de abrir sabendo que poucos lojistas fariam o mesmo?
Se ninguém mais ia abrir, nós precisávamos de algo que aumentasse o fluxo. O comércio, resumidamente, diz respeito a uma fórmula muito básica, que é: o fluxo de pessoas, multiplicado pela conversão, multiplicado pelo ticket. E o feriado entra exclusivamente na questão do fluxo.

E cientes disso, quais foram as estratégias traçadas?
A gente concedeu um desconto para todas as vendas feitas no Cartão Eny, de 10%, unicamente no feriado pra chamar as pessoas. Por que a gente fez isso? O consumidor não viria para o centro por causa das lojas abertas. Fizemos propaganda em televisão, rádio e comunicação em loja pra informar do desconto e garantir a venda com fluxo de pessoas. Também promovemos uma mateada em frente à ‘Infanto’, oferecendo água quente e erva mate. A gente pode olhar para o feriado como um dia a mais de custos, ou como uma venda a mais.

E por que fazer isso? Por que investir recursos e energia na abertura das lojas em um feriado que não era consenso entre a comunidade varejista?
Sabe por que o Calçadão se chama ‘Salvador Isaia’? O ‘vô’, quando quiseram fechar a rua para fazer o calçadão, foi a única pessoa que apoiou. Todos os lojistas eram contra a tornar a via única para pedestres. E o que isso tem a ver com o feriado? As pessoas não acreditam que pode dar certo. Mas a gente tem obrigação de acreditar que é viável. Hoje, o Calçadão é um dos ‘metros quadrados’ mais caros do Brasil. Mas porque existiram pessoas que apostaram. O comércio no sábado à tarde, a mesma coisa: houveram pessoas que compraram a briga para conseguir mudar a legislação e permitir abrir o comércio nas tardes de sábado. A questão dos feriados é a mesma coisa. A gente aposta que se abrir em todos os feriados, um dia isso pode se tornar viável através da repetição.

O foco da abertura aos feriados, hoje, não está na venda, mas na criação de uma cultura?
A formação de cultura, pra nós, é o maior valor. Os feriados são uma forma de nós ajudarmos o município a crescer. Não é só pra Eny vender mais. É uma questão de, através do comércio, crescer, em termos de região, e a cidade se fortalecer. Se cada loja abrir, e conseguirmos tornar isso viável, podemos por exemplo gerar mais empregos. Pra nós, seria até mais fácil abrir apenas as lojas de shopping. Mas existe um valor maior que é a cidade. É algo que temos que fortalecer.

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