Fake News fazem mal à saúde!
Por MICHAEL ALMEIDA DI GIACOMO (*)
Na última semana encerrou mais uma campanha de vacinação para prevenir a gripe H1N1. Uma imensa ação do governo, nos três âmbitos da federação, a fim de imunizar as pessoas de um vírus que, conforme dados do Ministério da Sáude, em 2019 já levou a óbito 86 pessoas. O número, em verdade, chega a 144 se consideramos o total de casos de Síndrome Respiratória Aguda, do qual o H1N1 é o subtipo predominante.
O país não alcançou o número desejado de imunizações; o índice ficou na casa dos 80%. A meta não foi atingida muito pelo grande número de antivacinistas que fez campanha contra esta política de prevenção à saúde. Alguns ainda se deram ao trabalho de imprimir panfletos e sair pelas casas e ruas a distribuí-los informando o “perigo” de ser vacinado. Sim, acredite.
As redes sociais, atual espaço da insensatez humana, foram terrenos férteis na jornada dos antivacinistas, que têm até uma página no Facebook dedicada ao tema. A produção de Fake News serviu para transmitir “informações” sem nenhum fundamento científico. Fosse uma ideia defendida com argumentos válidos, mas não. A irresponsabilidade é tamanha que o argumento pouco importa. O objetivo é provocar a dúvida e o medo nas pessoas.
A cada dia fica mais evidente o mal que as pessoas causam à coletividade a partir da facilidade de comunicação online, exatamente como aconteceu no período eleitoral de 2018. O resultado é que o governo federal tem de gastar ainda mais recursos para garantir que não há risco algum da população receber a vacina.
Mas esse não foi um evento pontual. Há um sério risco de reintrodução da poliomielite e do sarampo no Brasil. O fundo desta preocupação é justamente as campanhas antivacinação que se desenvolvem nas redes sociais. Os antivacinistas atuam desde muito tempo; é possível lembrar Oswaldo Cruz e “A Revolta da Vacina”. Mas nós vivemos em pleno século XXI. Não é aceitável que alguém trabalhe para colocar a saúde dos outros em risco.
Assim como é incompreensível que os pais não levem seus filhos para receber a vacina. Um adulto, tudo bem. Que assuma a consequência. Principalmente se tiver plano de saúde particular. Mas uma criança deve sempre ser protegida. Deve, acima de tudo, ser amada. E prevenir sua boa condição de saúde é imperioso. Antes de um dever, é uma obrigação moral dos pais.
(*) Michael Almeida di Giacomo é advogado, especialista em Direito Constitucional e Mestrando em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público.
OBSERVAÇÃO DO EDITOR: A imagem que ilustra este artigo é uma reprodução da internet.
Outro aspecto é econômico. Tem gente ganhando dinheiro com as Fake News (não é só com a falsa controvérsia). Uma CNN da vida foi na Ucrania entrevistar um ‘hacker’ que teria influenciado as eleições presidenciais americanas. A história é bem simples, ele montou um site de noticias falsas nos EUA via internet, maioria tratava de teorias da conspiração. Conseguiu patrocínio, ganhava por ‘clicks’, interações na página. Descobriu que os apoiadores de um lado acessavam determinado tipo de noticia (a famosa bolha) e começou a direcionar o site para o aquela público. Não demorou muito montou uma página para o outro lado. Comprou carro, moto, etc.
No Brasil não é muito diferente, tem muito youtuber ganhando dinheiro fazendo polêmica contra ou a favor de alguém.
Resumo da ópera: nada é muito simples.
Último aspecto é o ideológico. Esquerda adora colocar rótulos nos adversários. A última moda é chamar os conservadores/direita de ‘ contrários a ciência’, ‘não intelectualizados’ (forma elegante de chamar os outros de irracionais), etc. Não é só no Brasil. Objetivo é, como sempre, acabar com o debate. Existe a luz e a escuridão, áreas sombreadas nem pensar. É preto ou branco, tons de cinza é coisa da Globo. Afirmar, por exemplo, que os agrotóxicos são prejudiciais mas é necessário uma alternativa economicamente viável é praticamente impossível. Pessoal de um lado vai chamar o interlocutor de extremista ambiental e o outro vai dizer que o mesmo é defensor do capitalismo selvagem.
Sarampo teve um surto no Brasil, Amazonas e Roraima, cortesia de Maduro. Também não foi causado por redes sociais.
Panfletagem contra a vacina? Só acredito vendo. Não é pessoal, ceticismo é bom na dose certa.
Fica a questão do artigo de opinião com informações imprecisas, é ou não é Fake News?
Problemas. Primeiro é o pessoal do jurídico. Costumam dar pitaco em áreas que não dominam. Costumam achar que é tudo questão de argumentação. Não é incomum encontrar bacharéis ouvirem uma explicação técnica e como resposta largarem um ‘não me convenceu’. Argumento utilizado pelos terraplanistas inclusive.
Senão vejamos, o índice ficou na casa dos 80% segundo o artigo. Impreciso, ficou neste patamar nos grupos prioritários, Depois de liberadas para a população geral as vacinas esgotaram em muitos lugares.
O índice apresentado é um valor médio, em alguns lugares é mais alto e mais baixo em outros. Também não se pode atribuir a Fake News o resultado porque não existe base para isto, nem uma pesquisa fria do Ibope ou do Datafolha. Uma pesquisa rápida no DataSUS mostra que a cobertura vacinal no Amazonas em 2015 atingiu 85,7% das crianças, 79% das gestantes e 100% dos trabalhadores na saúde. Também mostra que atingiu 86% dos indígenas, 101, 82% dos idosos e 121,88% das puérpuras. Cobertura total de 88,73%. Aparecem dois números acima de 100%, ou seja, a estimativa da população muito provavelmente estava errada.