ARTIGO. Jorge Pozzobom, a reinauguração do Centro de Atividades Múltiplas e as três lições a ser seguidas
O Bombril, o abraço e as três lições que ficam
Por JORGE POZZOBOM (*)
Quando a secretária Marta Zanella me procurou, juntamente com a sua equipe da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer, e apresentou a programação que estava sendo pensada para a reinauguração do Centro de Atividades Múltiplas Garibaldi Pogetti, o nosso Bombril, eu fiz apenas um pedido: vamos abraçá-lo. Não apenas simbolicamente, metaforicamente, mas, sim, literalmente. Estávamos tendo o retorno de um amigo querido, há quase uma década “afastado”, e, por isso, nada mais justo e apropriado do que recebê-lo com um caloroso abraço. Pois foi exatamente o que fizemos na tarde ensolarada do último domingo, no ato que marcou a reabertura daquele que eu considero o espaço mais democrático da cultura santa-mariense. A minha alegria foi imensa ao ver a Banda do Maneco, as nossas vovós do Grupo Mexe Coração, a gurizada do Projeto Atoque (todos juntos, numa demonstração clara de o quanto o Centro de Atividades Múltiplas é mesmo plural), mas eu devo confessar: o que mais me emocionou foi aquele abraço coletivo. E todo o significado nele contido, e nas três lições que o retorno do Bombril nos traz.
A primeira lição diz respeito a vencer a burocracia. Não foi nada fácil reabrir este espaço. O Bombril ficou inacreditáveis 9 anos fechado. A exemplo da Unidade de Saúde Floriano Rocha, na COHAB Santa Marta (que também reinauguramos, no final do ano passado, após muita luta), o palco no Parque Itaimbé deveria suspender as suas atividades por um breve período para uma reforma, em 2010. E daí começou a novela. Em janeiro de 2017, assumimos a Prefeitura com a “herança” de uma obra pela metade (ou até menos do que isso) e a desistência da construtora que havia vencido a licitação, realizada no governo anterior. Tivemos, então, que, praticamente, reiniciar o processo e superar todos os trâmites burocráticos (que provocaram os inúmeros descumprimentos de prazos de entrega). Mas, enfim, vencemos. E vencemos também o inimigo invisível chamado burocracia.
A segunda lição do Bombril é responsabilidade. Desde 2016, eu venho dizendo que o nosso maior desafio é pegar aquilo que existe, e não funciona, e fazer funcionar. Esse é o compromisso do bom gestor. Isso é respeitar o dinheiro público, o dinheiro das pessoas. Diante de todas as dificuldades, talvez a solução mais fácil fosse até, quem sabe, deixar o Bombril pra lá e concentrar as energias em uma nova obra. Ir atrás de emendas parlamentares, recursos federais, e erguer um outro anfiteatro, moderno, sem os problemas estruturais do prédio ali no Parque Itaimbé, em outra região da cidade. Só que tomar essa atitude, buscar essa (falsa) solução seria, na verdade, varrer o problema para baixo do tapete em vez de resolvê-lo. Seria adotar uma postura omissa e, portanto, é algo que o nosso governo jamais faria. Concluir a reforma do Bombril significa ter responsabilidade. E foi por isso que persistimos tanto nesse objetivo.
Por fim, ver o Centro de Atividades Múltiplas Garibaldi Pogetti com as portas abertas para a comunidade santa-mariense outra vez nos traz a mensagem de pertencimento. O prédio é da Prefeitura, é claro. Cabe ao Poder Público zelar por esse patrimônio, sem dúvida. Porém, se a população não tiver o entendimento de que o que temos ali é um equipamento de todos, que pertence a todos e que, acima de tudo, deve ser cuidado por todos, de nada adiantou todo o nosso esforço para terminar essa obra e reinaugurar o Bombril. Daí, e me entristece muito dizer isso, não haverá dinheiro suficiente para trocar vidros quebrados, para pintar paredes pichadas ou para combater quaisquer atos de vandalismo. Simplesmente porque que se o desejo das pessoas for o de danificar prédio, as ações da Prefeitura serão ineficazes. Agora, se a comunidade, a verdadeira dona deste espaço, realmente acolher e receber o Bombril como algo seu, estaremos escrevendo uma nova história. E que se inicia com um afetuoso abraço repleto de simbolismo e de esperança. Como aquele na tarde de domingo.
(*) JORGE POZZOBOM é o Prefeito Municipal de Santa Maria. Sua trajetória como agente político começou com dois mandatos de vereador, tendo depois se alçado, pelo voto popular, à Assembleia Legislativa. Em meio ao segundo período, em 2016, foi eleito para conduzir o Executivo santa-mariense. Ele escreve no site às terças-feiras.
OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a foto (do abraço do CAM) que ilustra este artigo é de Deise Fachin (AIPM).
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