Sobre o I Congresso Regional de Educação, o que podemos aprender?
Por DÉBORA DIAS (*)
No dia 28 de agosto, agora, aconteceu o I Congresso Regional de Educação, sendo que a pauta foi a violência nas escolas, a apresentação do trabalho da rede e eu apresentei um panorama geral sobre ocorrências de violências em escolas no estado, principalmente após a tragédia de Suzano, além de fazer exposição sobre os programas de prevenção existentes na Polícia Civil direcionados a adolescentes, quais sejam: o Papo de Responsa e o Galera do Bem.
O Congresso foi de iniciativa da Comissão Permanente de Educação, da Câmara de Vereadores, da qual é presidente a Professora Celita. O tema violência nas escolas não é novo, mas a cada dia está mais em evidência, trazendo preocupação, não somente para a comunidade escolar, mas para toda a sociedade. E, pensando nessa problemática, o Congresso teve a participação da Oitava Coordenadoria Regional de Educação do Município, a Comissão Interna de Prevenção a Acidentes e Violência nas Escolas – CIPAVE, representantes da cidade e de Porto Alegre, a Polícia Civil, alunos e professores da rede de ensino municipal e estadual.
O evento foi importante porque gerou debate e discussão de interesse da comunidade, não somente da comunidade escolar. Por minha vez, inicialmente apresentei o panorama geral de ocorrências relativas a violência ocorridas em escolas e as possíveis causas da violência que ocorrem dentro de escolas protagonizadas por adolescentes.
Da violência dentro das escolas, como fenômeno complexo, podem ser apontadas algumas variáveis possíveis de contribuírem para o desfecho violento, como a desordem ou desestrutura familiar, a falta de políticas públicas de acolhimento, interação e desenvolvimento para crianças e adolescentes como esporte, por exemplo, a banalização da violência e a cultura do ódio em contraponto à cultura da paz que tanto se apregoa. Não se pode esquecer que a violência nas escolas não é episódio isolado de violência, mas é a violência da sociedade que adentra as escolas.
Quando ocorre um episódio de violência, como a tragédia de Suzano ou o que ocorreu semana passada na escola Assis Chateaubriand, em Charqueadas, a primeira pergunta que se faz é: “de quem é a responsabilidade?”. Ou de quem é a “culpa”? A resposta não é simples, mas uma assertiva é verdadeira: a violência que explode intramuros escolares é reflexo do que acontece na sociedade em que vivemos. Dessa maneira, a resposta para a pergunta anterior é que todos nós somos responsáveis, devido a isso as ações de prevenção e combate à violência na comunidade escolar são dever de todos, e o Congresso convergiu nesse sentido, ressaltando o trabalho e união de esforços de várias entidades.
Por fim, no encerramento do evento foram entregues os certificados aos alunos líderes de turma anteriormente capacitados pela Polícia Civil, através do Programa Galera do Bem, programa baseado nos princípios da justiça restaurativa. Esses alunos que são líderes e vice-líderes das turmas da Escola de Ensino Médio Santa Marta, foram capacitados mediadores de conflitos, para dirimirem os conflitos existentes em suas turmas. E a partir de agora terão dois padrinhos, a Delegada Elizabete Schimomura e o Escrivão Bruno Monteiro, policiais que os acompanharão periodicamente, a cada três meses, e os ajudarão a encontrar soluções que, por eventualidade, não conseguiram resolver sozinhos.
No momento da entrega dos certificados às professoras, incluindo a diretora, e aos alunos, percebi que aqueles adolescentes, agora mediadores, empoderados, sentiam-se capazes de conquistar o mundo, ou no mínimo, a paz de sua escola. Vi meninos e meninas com sorrisos nos lábios e brilho nos olhos; então posso dizer que há jeito sim, a escola é caminho e é meio para a não-violência e nesse caminho a Polícia Civil quer trilhar junto.
De tempos em tempos aparecem, de forma midiática, reportagens destacando episódios de violência em escolas, e é sempre questionado de quem é a responsabilidade? O que aconteceu? E depois da tragédia de Suzano, no Brasil, nos parece que os eventos têm se acentuado ainda mais, criando um clima de insegurança e medo entre alunos e professores dentro do ambiente escolar. Mas afinal, o que está acontecendo?
A violência sempre existiu e é inerente ao homem.
(*) Débora Dias é Diretora de Relações Institucionais, junto à Chefia de Polícia do RS. Antes, durante 18 anos, foi titular da DP da Mulher em Santa Maria. É formada em Direito pela Universidade de Passo Fundo, especialista em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes, Ciências Criminais e Segurança Pública e Direitos Humanos e mestranda e doutoranda pela Antônoma de Lisboa (UAL), em Portugal.
OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a foto que ilustra este artigo, da escola de Charqueadas objeto de recente episódio de violência, é uma reprodução do Facebook.
Começa com ideologia, acham que irão resolver tudo ‘conversando’.
Desestrutura familiar é algo que não vai embora tão cedo. É cultural, atinge não só mas principalmente um determinado segmento da população. Agrava-se pela falta de planejamento familiar e irresponsabilidade. O que está implícito é a existência de uma rede de amparo social onde o Estado substituiria a família desestruturada. Não existe dinheiro para isto, Brasil é um pais subdesenvolvido, não faz parte dos nórdicos.
O que se contrapõe a ‘cultura de paz’ não é a cultura do ódio (mais ideologia), é ter os dois pés plantados no chão, realismo. Violência da sociedade? Não vejo números que suportem esta afirmativa. Diria que 99% da população convive tranquilamente. Brasil tem 210 milhões de habitantes.
Qual a melhor prova de que o diagnóstico está errado devido a ideologia? O aspecto saúde mental simplesmente não foi mencionado. Se o diagnóstico está errado medidas corretas só com milagre.