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FUTURE-SE. “Estamos vivendo o mais grave ataque à autonomia da Universidade”, diz reitor da UFSM

“Com todo respeito aos meios empresariais, isso aqui não é uma empresa”, disse o reitor Paulo Burmann. Foto Divulgação

Por Aline Dalmolin / Assessoria de Comunicação do Gabinete do Reitor

Um público de cerca de 1.200 pessoas lotou o Centro de Convenções na manhã de quinta-feira (8), no Campus Sede da Universidade Federal de Santa Maria, para participar da audiência pública que debateu o Future-se. A proposta do Ministério da Educação propõe a captação de recursos privados pelas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES).

A audiência iniciou com as falas do reitor Paulo Burmann e do vice-reitor Luciano Schuch, que apresentaram suas percepções iniciais a respeito do projeto do Governo Federal. Na sequência, estudantes, professores, técnico-administrativos e representantes de entidades sindicais e estudantis participaram do ato, fazendo comentários e colocando dúvidas sobre o Future-se. O público também pode acompanhar a transmissão ao vivo através do site da UFSM e pelas rádios UniFM e Universidade AM.

O reitor Paulo Burmann apresentou a grave situação orçamentária que vem sendo enfrentada pela universidade, principalmente diante dos constantes cortes e contingenciamentos impostos pelo Governo Federal. Burmann conclamou a necessidade de reposição imediata desses recursos e da garantia da continuidade destes para a manutenção da Universidade. “Não precisamos de um Future-se para resolver a situação da universidade. Precisamos de investimentos públicos em educação, ciência e tecnologia para garantirmos a soberania nacional. Está em questão aqui o mais grave ataque à autonomia da Universidade”, declara Burmann.

Ele também levantou dúvidas e críticas a aspectos da proposta, lembrando que esta foi construída de forma unilateral e elaborada à revelia das Universidades. “Não tinha vivido em minha história dentro da universidade o exercício do poder como revanchismo contra as universidades”, criticou o reitor. Outro ponto criticado por Burmann foi a proposta apresentada pelo Future-se quanto à gestão e governança das instituições universitárias, a ser realizada através das chamadas Organizações Sociais (OS). “Com todo respeito aos meios empresariais, isso aqui não é uma empresa. Não precisamos de um tutor externo. A universidade não pode ser gerida como uma empresa. Precisamos ensinar em todas as áreas do conhecimento. Precisamos ter um Hospital Universitário para atender a Santa Maria e a região porque o Estado se omite de cumprir esse papel”, afirma o reitor.

O vice-reitor Luciano Schuch falou sobre os principais eixos do programa Future-se, que são o empreendedorismo, a inovação e a internacionalização. Ele ressaltou que a UFSM já cumpre os pontos apresentados pelo Governo como novidade, obtendo reconhecimento internacional por várias destas ações. “Estamos entre as 300 universidades mais inclusivas do mundo. Somos a 12ª universidade mais empreendedora do país. Nosso projeto de internacionalização é uma referência”, salienta Schuch. Ele também destacou a captação de recursos privados, algo que já é feito através de fundação de apoio. “Temos uma fundação que gera receita própria de 4 milhões e capta por ano 37 milhões de reais. Por que implementar uma Organização Social se a gente já capta recursos da iniciativa privada?”, questiona o vice-reitor.

DISCUSSÃO DO PROJETO – Durante a Audiência, foram destacadas as etapas de discussão sobre o projeto Future-se. Foi apresentada uma síntese sobre a forma como o Governo Federal vem conduzindo o processo e como a UFSM vem participando das discussões:

1ª fase – o programa foi apresentado pelo Governo Federal, através do Ministério da Educação, aos Reitores das Universidades Federais no dia 16 de julho. O reitor, Paulo Burmann, esteve presente no evento;

2ª fase – o MEC disponibilizou um link para consulta pública a fim de recolher sugestões acerca do Future-se, espaço que está aberto até o dia 15 de agosto. Para participar da consulta, cada cidadão deve acessar o link e se registrar com nome, e-mail e CPF. A gestão da UFSM já enviou sugestões técnicas e questionamentos sobre temas em aberto na proposta e promoveu debates na comunidade universitária, a exemplo da audiência pública e de discussões em algumas unidades de ensino;

3ª fase – após o dia 15 de agosto, data em que encerra a consulta pública, a proposta poderá ser encaminhado pelo MEC ao Congresso Nacional, para votação na mudança da legislação pelos Deputados Federais.

4ª fase – O projeto pode ser aprovado ou não no Congresso Nacional. A gestão da UFSM fará a articulação com representantes políticos para a apresentação de demandas da Universidade a serem contempladas na legislação, e a comunidade poderá contribuir também na articulação com representações políticas locais, regionais e nacionais;

5ª fase – Se aprovado no Congresso Nacional, as Universidades deverão optar por aderir ou não a nova legislação. Para tanto, serão necessários novos debates sobre o assunto e a decisão final caberá ao Conselho Universitário.

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4 Comentários

  1. Arrecadação da fundação é irrisória perto do orçamento da instituição. Alás, esqueceram da Operação Rodin? É a única fundação deste tipo que teve problemas no país? Têm certeza que não precisam de tutela? La garantia soy yo?
    Conclusão? É só mandar mais dinheiro para as IFES que está ‘tudo certo’.

  2. Proposta veio de quem foi eleito para dirigir o país. Obviamente não foram consultadas as IFES, obviamente seriam contra. Discussão só serviria para a possível implementação do projeto para as calendas, mandato só tem quatro anos.
    Organizações Sociais (guardando em mente que não é certo que o projeto será aprovado e nem que vá funcionar) é uma necessidade, ninguém vai colocar dinheiro, mesmo a fundo perdido, sem ter o mínimo de ingerência em como será gasto.
    Hospital Universitário, óbvio, faz parte do Estado. Alás, tem orçamento separado da UFSM. Alás, atende o SUS, parte do Estado. Alás, tem lotação de pessoal da EBSERH, empresa federal. Alás, é necessária porque o curso de medicina (e outros) necessitam.

  3. Governos petistas jogaram um monte de dinheiro nas IFES (um ‘cala a boca’), expandiram o sistema como Deus fez a mandioca (sem planejamento), influenciaram nas eleições internas, etc. Não enfrentaram os problemas históricos, preferiram a cooptação e o marketing de números.
    Daí o ato falho do magnífico, revanche é sinônimo de reparação de ofensa ou prejuízo causado por outrem.
    O vice, que provavelmente concorreria à sucessão do atual reitor, viu suas chances de ocupar o cargo subirem no telhado.

  4. Pergunta que não quer calar: o que as IFES fizeram com a tal ‘autonomia’ até agora? Utilizaram de forma responsável? Ou simplesmente virou sinônimo de anarquia, de desgoverno, no sentido de falta de esforço coordenado para alcançar determinados objetivos?
    Óbvio que a universidade não é uma empresa, se fosse já teria ‘quebrado’ há tempos. Alguém conhece alguma empresa que funcione bem cujas resultados são avaliados de forma burocrática e que os gerentes e diretores não respondem hierarquicamente ao presidente e ao conselho de administração?

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