ARTIGO. Jorge Pozzobom, “visitas ambientais” e as responsabilidades compartilhadas em relação ao lixo

A responsabilidade de cada um de nós

Por JORGE POZZOBOM (*)

Quatro mil quilos. Ou quatro toneladas, como queiram. Essa foi a quantidade de lixo que recolhemos na Rua Irmã Dulce no último sábado, em uma ação realizada em alusão ao Dia Mundial da Limpeza. Móveis, eletrodomésticos, peças de carro e todo o tido de resíduo foram retirados da rua e de áreas verdes nesse mutirão promovido pela Prefeitura (com organização dos nossos servidores da Secretaria de Meio Ambiente), e que batizamos de “Visita Ambiental”. Recentemente, em uma atividade semelhante realizada na Rua Canário, no Bairro Itararé, já havíamos recolhido 730 quilos daquilo que chamamos de “bens inservíveis”. Só que a quantidade de entulho que saiu, no último sábado, do Bairro Renascença realmente me deixou preocupado. E reflexivo.

Já no final da atividade, da nossa “Virada Ambiental”, enquanto eu, o meu vice-prefeito, Sérgio Cechin, e a secretária de Meio Ambiente, Sandra Rebelato, plantávamos mudas de azaleias em frente à Escola Sérgio Lopes juntamente com algumas crianças, eu me fiz o seguinte questionamento: onde estamos errando? Que exemplo estamos dando para os nossos filhos e netos? E que cidade (que Estado, que país e que mundo) queremos deixar para eles? No sábado, deixamos a Rua Irmã Dulce limpa, a exemplo do que já tínhamos feito na Rua Canário. Resolvemos, por ora, o “problema”. O Poder Público cumpriu a sua parte. A questão é saber: a limpeza vai durar quanto tempo?

Há alguns meses, em outro artigo, aqui, neste espaço, eu apresentei alguns números impactantes relacionados ao tema lixo em Santa Maria. A Prefeitura desembolsa mais de 20 milhões por ano em contrato com as empresas prestadoras de serviço no setor de limpeza. Um valor que, muitas vezes, está sendo gasto recolhendo o lixo que é colocado de forma inadequada nos contêineres ou, até mesmo, depositado irregularmente em terrenos ou pelas ruas da cidade. Em um levantamento que fizemos, identificamos 121 focos de lixo espalhados pela nossa cidade. Temos 41 bairros em Santa Maria. Ou seja: são, em média, três “lixões”, que surgem pelo descarte irregular de resíduos, em cada bairro da cidade.

A guerra contra o descaso, o desrespeito e a falta de educação é árdua, e, principalmente, não será vencida se a Prefeitura lutar sozinha. O único caminho possível e viável é se dividirmos essa responsabilidade e somarmos nossos esforços. É o que já estamos fazendo, por exemplo, no nosso programa “Santa Maria de Todos Nós” para adoção e cuidado de áreas verdes. São 24 espaços (canteiros, rótulas e praças) que estão sendo assumidos por empresas locais. Parcerias simples, mas importantíssimas, firmadas com aqueles que querem o bem da nossa cidade. Porque, ainda que quatro mil quilos de lixo nos deixem chateados ou até mesmo tristes, nós não perdemos a esperança. Nós acreditamos nas pessoas. Acreditamos em Santa Maria.

(*) JORGE POZZOBOM é o Prefeito Municipal de Santa Maria. Sua trajetória como agente político começou com dois mandatos de vereador, tendo depois se alçado, pelo voto popular, à Assembleia Legislativa. Em meio ao segundo período, em 2016, foi eleito para conduzir o Executivo santa-mariense. Ele escreve no site às terças-feiras.

OBSERVAÇÃO DO SITE: a foto, feita na rua Irmã Dulce, no último sábado, é de João Vilnei (AIPM).