Moro, um mentiroso que usou a toga para atuar como cabo eleitoral de Bolsonaro
Por PAULO PIMENTA (*)
É extremamente grave a denúncia feita pelo ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República Gustavo Bebianno de que Sérgio Moro, então juiz da Lava Jato, se reuniu de cinco a seis vezes com aquele que seria o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, para negociar seu cargo no novo governo, antes da realização do primeiro turno das eleições presidenciais em 2018 e antes de Bolsonaro vencer o pleito marcado por mentiras e fake news.
Diante disso, é essencial e urgente a convocação do ex-juiz e atual ministro da Justiça e Segurança Pública para depor mais uma vez no Congresso Nacional a fim de explicar sua atuação como cabo eleitoral de Jair Bolsonaro na campanha presidencial de 2018, mesmo ocupando o cargo de magistrado. Rogério Correia (PT-MG), companheiro de bancada do PT na Câmara dos Deputados, já protocolou requerimento nesse sentido.
Tramoia – É gravíssimo tudo que veio à tona com a entrevista de Bebianno dada ao jornalista Fábio Pannunzio, na qual revela a tramoia e as relações espúrias entre Moro e Bolsonaro usando a Lava Jato como máquina de propaganda eleitoral do atual presidente. Moro agiu como verdadeiro cabo eleitoral, à margem das leis e da Constituição: condenou o ex-presidente Lula sem provas, para tirá-lo da corrida eleitoral que liderava, proibiu entrevista dele à Folha de S. Paulo antes das eleições e ainda distribuiu à imprensa uma pseudo delação do ex-ministro Antônio Palocci para prejudicar a imagem do candidato do PT, Fernando Haddad. Moro teve influência direta no resultado das eleições ao retirar o ex-presidente Lula da disputa.
E é extremamente grave o fato de Moro ter mentido quando prestou depoimento na Câmara e no Senado ao negar ter tido qualquer relação com a campanha de Bolsonaro e que não havia sido sondado para ser ministro antes do término das eleições. Houve uma relação promíscua de Moro com Bolsonaro antes do resultado final da eleição. É um escândalo monumental.
Acareação – É preciso haver uma acareação entre Moro, Bebianno, Paulo Guedes, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e o empresários Paulo Marinho (filiado ao PSL), já que todos sabiam da articulação para Moro participar do eventual governo Bolsonaro.
A denúncia de Bebianno reforça o argumento da defesa de Lula de que Moro agiu de forma suspeita, perseguindo o ex-presidente para condená-lo sem provas num processo que tinha objetivos políticos e eleitorais. O Supremo Tribunal Federal tem na pauta o julgamento da suspeição de Moro no caso Lula.
A denúncia de Bebianno é até mais grave do que as revelações do site The Intercept Brasil sobre as ilegalidades cometidas pela força-tarefa da Lava Jato, já que o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República foi coordenador da campanha de Bolsonaro e desfrutava de sua intimidade e confiança. Agora ninguém pode questionar a origem da informação.
Chega de farsa. Chegou a hora de tirar a máscara de Moro, um cabo eleitoral que sempre usou a toga como instrumento político, eleitoral e ideológico, afrontando o Estado de Direito e maculando a imagem da Justiça .
(*) Paulo Pimenta é Jornalista e Deputado Federal, líder da Bancada do PT na Câmara dos Deputados
OBSERVAÇÃO DO EDITOR: A foto (do ministro Sérgio Moro com o presidente Jair Bolsonaro) que ilustra este artigo é Marcos Correa, da Imprensa da Presidência da República/Divulgação.
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