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ARTIGO. Valdeci Oliveira e a falta, no RS, de um “ambiente amigável para investimentos e projetos”

O RS precisa reencontrar uma agenda chamada desenvolvimento

Por VALDECI OLIVEIRA (*)

Desenvolvimento. Desenvolvimento. Desenvolvimento. Faço questão de escrever repetidamente essa palavra tão importante, pois a mesma, inexplicavelmente, nos últimos anos, teve o seu uso praticamente banido das manifestações de muitas das autoridades e gestores gaúchos. Basicamente, o que a população mais observa junto aos seus representantes, majoritariamente, são discursos e ações que versam sobre a crise e a necessidade de cortes e mais cortes nos serviços públicos. O governo Sartori passou quatro anos apenas falando sobre isso. O governo Leite já passou um ano e um mês, ou seja, mais de um quarto do tempo do mandato, também exclusivamente debruçado sobre o mesmo eixo. O que não se vê, há um bom tempo no nosso território, é uma liderança que possua “a caneta na mão” trocar ou mesmo intercalar o discurso do “choque fiscal” por manifestações que mobilizem o desenvolvimento socioeconômico do Rio Grande.

Eu concordo que os governos democraticamente eleitos têm legitimidade para governar a partir das suas convicções políticas e administrativas. Agora, uma gestão, não pode, seja no começo, no meio ou no final de um mandato, desconsiderar a relevância da pauta do desenvolvimento, do crescimento e do progresso. Cidade, estado ou país nenhum vai para frente se não se constituir em um ambiente amigável para investimentos, projetos e obras. Lugar nenhum cresceu apenas cortando estruturas essenciais à população e esvaziando as ferramentas de promoção da saúde, da educação e da segurança.

Não ouço, por exemplo, nos discursos do jovem governador Eduardo Leite a preocupação em apoiar às cadeias produtivas gaúchas. Não vejo ele demonstrar entusiasmo para propor uma política industrial e nem mesmo um plano capaz de qualificar a infraestrutura gaúcha e a nossa matriz energética. O Polo Naval do Estado, alternativa possante de geração de emprego e renda na Metade Sul gaúcha, está abandonado, assim como também estão relegados os setores da inovação, da tecnologia, da ciência, da economia solidária e da agricultura familiar, áreas capazes de fomentar nossa combalida economia. Matéria recente publicada na imprensa estadual é sintomática desse descompromisso com tudo aquilo que estiver relacionado com crescimentos e avanços: os indicadores de investimento do nosso estado caíram à metade no primeiro ano do atual governo. De acordo com o Relatório de Transparência Fiscal, apenas 2,3% do orçamento do ano passado do RS foi aplicado em obras e melhorias.

Que fique claro: ao defender ações desenvolvimentistas, não estou a defender o gasto irracional. Estou a defender uma mudança de postura e de atitude, o que não custa um centavo. Chega de vender o patrimônio construído pelos gaúchos e gaúchas. Chega de atacar servidor e professor e beneficiar sonegador.  A imagem que o Brasil tem do Rio Grande hoje é de um estado acanhado e entrincheirado pelo apego ao estado mínimo. Não sou a favor do estado mínimo, nem do estado máximo, mas, sim, do estado necessário, do estado que coloca as pessoas à frente da frieza das estatísticas fiscais.

O Rio Grande tem de voltar a ser indutor do desenvolvimento, a disputar os grandes projetos do país, a ser destino de financiamentos internacionais, a ser destaque em educação e cultura e a ser um lugar de oportunidades e de inclusão. Estados com PIB muito menor e com uma situação social muito mais dramática, caso do Maranhão e da Bahia, tem, hoje, uma agenda voltada ao desenvolvimento e ao progresso bem superior à nossa. Portanto, que o Rio Grande vire o disco arranhado do desmonte e volte a falar e a ter tesão de promover o desenvolvimento.

Nesta semana, no seu discurso de posse, o novo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ernani Polo (PP), manifestou-se fortemente em defesa da adoção uma agenda que estimule a competitividade no RS. Tenho a mesma opinião. A corrida pelo desenvolvimento tem de ser deflagrada já. Faz muito bem a Assembleia em puxar essa luta. Torço muito, inclusive, para que, nos próximos meses, o Parlamento gaúcho esteja mobilizado para debater e votar mais um grande pacote de projetos, porém, que, dessa vez, os alvos dessas medidas sejam os grandes gargalos da nossa economia, da nossa infraestrutura e da nossa logística e não mais o bolso combalido dos professores, brigadianos e demais servidores.

(*) Valdeci Oliveiraque escreve sempre as sextas-feiras, é deputado estadual pelo PT e foi vereador, deputado federal e prefeito de Santa Maria.

Observação do editor: a foto que ilustra o artigo (do arquivo da Agência de Notícias da Assembleia Legislativa) é de manifestação de Valdeci Oliveira na tribuna do parlamento gaúcho.

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Um Comentário

  1. Como um petista esconde um elefante numa plantação de morangos? Pintando as unhas do bicho de vermelho.
    Tudo acertado para instalação da Ford no RS. Parte do empréstimo liberado. Olívio Dutra, o galo, assume e quer rever contratos e incentivos fiscais. Multinacional se muda de mala e cuia para a Bahia. Culpa não é dele, é do Efeaga, do badanha, petista nunca tem culpa de nada. Anos depois a justiça manda a empresa devolver o dinheiro para o banco gaúcho e pagar uma indenização miserável. O que os petistas alardqm: judiciário ‘deu ganho de causa’ para o galo.
    Cada cinco minutos tem um vermelhinho (fora ou dentro do armário) falando em ‘revisão dos incentivos fiscais’.
    Dai aparece a criatura falando em ‘ambiente amigável para investimentos e projetos’. Para vermelhinho ‘ambiente amigavel’ é o seguinte: investidor coloca o dinheiro e tem que rezar para conseguir tirar. É arapuca. O resto é ‘mimimi’.

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