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A arte política e as práticas conflituosas – por Michael Almeida Di Giacomo

É da essência do sistema democrático que o protagonismo político seja exercido de forma livre, respeitando o contraditório, a manifestação do pensamento, expressão e opinião – o que resta por consubstanciar, como substrato do referido sistema, um viés positivo do conflito na esfera dialógica.

O referido exercício está presente no âmago do pensamento e da prática política, que por vezes é conflituosa, ou mesmo bélica. Isso, pois muitos agentes políticos alimentam um conflito negativo nas disputas pelos espaços de poder, no encontro e pretensão de domínio sobre seus adversários, tidos como inimigos.

Parece um tanto dicotômico, face ao fato de que a ação política busca justamente a promoção da paz social.

Um exemplo muito límpido – vivo por décadas – foi o périplo liderado por Getúlio Vargas contra o “inimigo vermelho”, após o fracassado levante de 1935. O “pai” dos pobres, uniu o país contra o perigo da “ditadura” comunista.

A mesma propaganda de “guerra”, foi usada para consolidar o golpe militar de 1964. E, não menos surpreendente, capitaneada pela trupe bolsonarista para chegar ao poder em 2018.
Não é mera coincidência que agentes políticos possam criar narrativas com o condão de confundir e disseminar um sentimento de insegurança em meio às pessoas e, desse modo, manter sob seu jugo o controle social.

É por meio da criação de um inimigo a ser combatido, que se busca consolidar e legitimar ações que necessitam romper com a ordem democrática.

Com isso, é de compreender que a derrota bolsonarista no último pleito não significa que as práticas conflituosas, de viés negativo, com narrativas obscurantistas, estarão fora da ordem política. Pelo contrário, a extrema-direita permanecerá regando a semente reacionária plantada pelos “patriotas” golpistas.

Cabe a cada um de nós ficarmos vigilantes.

É o preço da nossa liberdade.

(*)Michael Almeida Di Giacomo é advogado, especialista em Direito Constitucional e Mestre em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público. O autor também está no twitter: @giacomo15. Ele escreve no site às quartas-feiras.

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5 Comentários

  1. Extrema-direita? Não creio. Tem gente mais a direita do que aquilo. Parece mais um grupo de iludidos do que ideologicamente coeso. Reacionários? Reagem a quê? Alas, midia cumpanhera fala em extrema-direita, mas não menciona o elefante no meio da sala, a dita cuja se alimenta de uma extrema-esquerda. E vermelho defendendo liberdade é o mesmo que corintiano comemorando gol do Palmeiras. População não é tão trouxa assim.

  2. ‘[…] manter sob seu jugo o controle social’. O plano original era Molusco com L., o honesto, entregar o governo para Dilma, a humilde e capaz, por 4 anos e depois voltar para mais 8. Problema é que o poste quebrou o acordo. Alas, quem fala em ‘Regulamentação da midia’? ‘Regulamentação das redes sociais’? ‘Criação de uma Guarda Nacional’? Quem defende Xandão, perpetrador de aburdos juridicos e tuitador?

  3. Truquezinho velho. Dão o tapa, escondem a mão, se fazem de vitima e o que era ‘reação’ vira ‘ação’. Quem matou um Brigadiano degolado em frente ao Palacio Piratini? Um integrante do MST. 2018, prenuncios de prisão de Molusco com L., o honesto, lider do MST Alexandre Conceição. ‘“Não haverá terra que não será ocupada, não haverá arrego. Não haverá nenhum prédio público que não será ocupado. Não tem mais valsa. É porrada, é guerra, é luta e venceremos”. Depois disse que não estava chamando ninguem para a guerra e pregou paz e democracia. Quando Molusco com L., o honesto, visitou a UFSM em campanha com segurança feita pela jagunçada do MST quem se machucou? Um professor aposentado da odonto.

  4. 1964 também tinha seu contexto. Guerra Fria. Jango, talvez confiando no ‘dispositivo militar’ foi aumentando as provocações. Entre 25 e 27 de março de 1964 ocorreu a Revolta dos Marinheiros. Mandaram os Fuzileiros Navais acabar com a bagunça e eles aderiram. Em 30 de março Jango compareceu a uma reunião da Associação dos Subtenentes e Sargentos onde compareceram tanto PM’s quanto integrantes do exercito. Que são proibidos de sindicalizar-se. Chega uma hora na qual é necessario desescalar, jogar agua fria na fervura, caso contrario as diferenças na percepção da realidade podem levar a consequencias indesejadas. Em bom portuges, vai dar m. Não é necessario ser um genio para saber isto, basta ler historia. Exemplos não faltam.

  5. Pessoalmente prefiro corrigir as lorotas via zapzap. Quando o autor não fica sabendo é melhor, perde a credibilidade mais rapido. E não se perde tempo debatendo a ideologia dos outros. Estado Novo saiu da Intentona Integralista, não foi na rede social, não havia na epoca, trocaram tiros dentro do Palacio Guanabara, residencia oficial do presidente. Intentona Comunista também não foi coisa da Globo, Militares se revoltaram em Natal, Recife e RJ. Morreu gente.

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