Coronavírus e o AI-5
Por DÉBORA DIAS (*)
O assunto do momento é a infecção pelo COVID-19, o coronavírus, e não poderia deixar de falar sobre esse importante assunto também, que não é de histeria como irresponsavelmente alguns falaram, mas de cuidados, prevenção e atenção. Não podemos nós, brasileiros, deixar de nos preocupar e de tomar medidas necessárias para que nosso país não vire um caos como está ocorrendo na Itália.
A preocupação realmente é quanto ao nosso sistema de saúde, o qual não terá possibilidade de comportar o atendimento de todos os infectados. Por isso mesmo, devemos todos ter atitude de responsabilidade e seriedade em face de esse grave problema de saúde mundial e, que chegou ao Brasil.
Hoje, conforme os dados estatísticos, o Brasil tem ao menos 200 pessoas com o vírus, sendo que estaríamos há 18 dias de nos nivelarmos à mesma situação da Itália, em tese ( não se sabe ao certo como irá evoluir aqui), no que se refere a pandemia do coronavírus, por isso a importância de “achatar” a curva do contágio, conforme Helio Gurovitz, pensando no sistema de saúde, no atendimento hospitalar dos doentes.
A prevenção é o melhor caminho, cada um tem que fazer a sua parte. E, nesse sentido, a primeira pessoa a ter esse dever, até mesmo como exemplo a todos os brasileiros, deveria ser o Presidente da República, Jair Bolsonaro, entretanto, na contramão do bom senso, da responsabilidade, ele que estava até pouco tempo com suspeita de estar com o coronavírus, assim como outras pessoas de sua comitiva, estas já confirmadas que estão, saiu no domingo dia 15/03/20, para apoiar movimento contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (antidemocrático).
Movimento inoportuno sob diversos aspectos, mas a começar pelo fato da aglomeração de pessoas em momento em que todos deveriam dar sua contribuição diminuir os riscos em momento crítico da saúde. Bem, ele apertou a mão de muitos dos manifestantes, num péssimo exemplo de irresponsabilidade, contrariando as próprias orientações do Ministério da Saúde, o qual está disseminando a se evitar aglomerações.
Não vou adentrar no fundamento desse movimento antidemocrático e ignorante, quando vejo pessoas com cartazes, pedindo intervenção militar e falando na volta do AI-5, só penso em indicar livros de história para esse povo todo, não acredito que não saibam, do que se trata o AI-5 e de como as pessoas sobrevivem em um regime ditatorial.
Dos manifestantes, muito eram idosos, do grupo de risco no que se refere a pandemia do coronavírus. Dizem que o peixe morre pela boca. É um ditado antigo, mas acho que se morre também pela ignorância. A ignorância é arma letal contra o bom senso e a responsabilidade.
Para finalizar, entendo que todos nós temos nossa parcela de responsabilidade na contenção e prevenção da pandemia do coronavírus, não é momento de nos eximirmos ou de encararmos o problema como “fake news” porque não o é. E é momento de compartilharmos com responsabilidade informações que podem, no momento atual, ser úteis na prevenção, que são as orientações do Ministério da Saúde, evitar aglomerações de pessoas e lavar as mãos.
Nessa guerra, o que vai falar mais alto é termos bom senso, responsabilidade e fazermos a nossa parte, pensando no todo e não somente em nossos umbigos. Finalizo com uma frase célebre de Winthrop W. Aldrich: “O preço do poder é a responsabilidade pelo bem do povo”.
(*) Débora Dias é a Delegada da Delegacia de Proteção ao Idoso e Combate à Intolerância (DPICoi), após ter ocupado a Diretoria de Relações Institucionais, junto à Chefia de Polícia do RS. Antes, durante 18 anos, foi titular da DP da Mulher em Santa Maria. É formada em Direito pela Universidade de Passo Fundo, especialista em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes, Ciências Criminais e Segurança Pública e Direitos Humanos e mestranda e doutoranda pela Antônoma de Lisboa (UAL), em Portugal.
Observação do editor: A imagem que ilustra este artigo é uma foto de Reprodução da participação presidencial em ato público na manhã de domingo, 15.
Óbvio que houve histeria. Toda a informação que é de domínio comum agora (curvas, prevenção, etc) já estava disponível desde sempre. O que a imprensa fazia? O mundo vai acabar! Muita ‘opinião’ e pouca informação.
Há quem acredite em ‘exemplos’, autodeclara-se ‘formador de opinião’. Pois bem, ‘macaco vê, macaco faz’ não funciona para todos.
Não sou ‘gênio da raça’, mas não perco muito tempo com ignorantes, não me proponho a mudar ou salvar o mundo.
E o resumo da opera é simples, não estou no grupo de risco, mas não posso pegar a bagaça do vírus para dar uma chance de sobrevivência aos que tem sistema imunológico comprometido, bem como aos que podem precisar de um sistema de saúde comprometido.