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ARTIGO. Michael Almeida Di Giacomo, pandemia e a conduta dos hoje líderes e dos que aspiram a liderar

Pandemia, novos hábitos e a responsabilidade das lideranças políticas

Por MICHAEL ALMEIDA DI GIACOMO (*)

Aos poucos a pandemia de coronavírus, que atinge uma escala global, começa a promover mudanças de hábitos entre os brasileiros. O cumprimento com aperto de mãos, abraços ou beijos no rosto começarão a ficar de lado e dar lugar à prevenção e à tentativa de contenção do vírus.

A roda de chimarrão, parte da cultura gaúcha, deverá continuar, mas, para a nossa proteção, o adequado é que cada um tenha sua cuia. Poderemos partilhar a água e até a erva-mate, mas não é prudente compartilhar da mesma bomba de chimarrão.

Nos encontros entre amigos e familiares agora teremos que nos adequar aos novos hábitos, afinal, mesmo em uma pandemia, a vida segue. A não ser que ocorra no Brasil o mesmo que está acontecendo na Itália e na Espanha, pois, se não adotarmos urgentemente procedimentos de prevenção, será necessária quarentena coletiva.

A transmissão do vírus é extremamente forte e o inverno que se aproxima nos pagos gaúchos será um período em que os cuidados deverão ser intensificados. Óbvio, não pelo frio em si, mas pela aglomeração de pessoas em ambientes fechados.

Os especialistas na área indicam que ainda levará um tempo até encontrarmos uma vacina para combater o COVID-19. Antes, é possível que tenhamos à disposição um antiviral, assim como ocorreu com o H1N1. Alguns chegam a afirmar que a primeira vacina somente será possível em seis meses.

Esse novo cenário nas relações interpessoais irá afetar fortemente nossa economia. Afinal, é pela movimentação das pessoas, pelo trabalho e uso dos recursos disponíveis que uma nação produz sua riqueza. Não serão tempos fáceis.

Com isso, o momento exigirá medidas adequadas dos governantes para vencermos essa pandemia, com o menor número possível de vítimas fatais. E não somente na questão da prevenção e tratamento da doença, mas também nos meios de reaquecimento de nossa economia.

Em qualquer tempo, a vida é o bem mais precioso a ser protegido. É preciso resguardar a todos, principalmente os mais desfavorecidos. É tempo de promover a empatia e a solidariedade e a atenção necessária ao que nos recomendam as autoridades sanitárias e especialistas no combate a pandemias.

Nesse momento crítico de nossa sociedade, infelizmente, o que se vê é o incentivo do próprio Presidente da República a aglomerações de pessoas, como aconteceu no último domingo. Sem contar com a sua tentativa de minimizar os efeitos da pandemia, mesmo quando os principais líderes mundiais se manifestam em relação ao tema.

Gritante é a percepção da incapacidade daqueles que saíram às ruas em reconhecer a gravidade da situação. As manifestações demonstraram que muitos já estão doentes, mas não por terem sidos contaminados pelo COVID-19. Estão doentes em sua psique. É a única razão para justificar tamanha obscuridade em relação à ciência médica. Sem contar o viés autoritário e messiânico daqueles que atacam às Instituições republicanas ao invocar princípios que ferem o Estado de Direito e a própria democracia.

Nesse contexto, arrisco a afirmar que o próprio debate político municipal que se avizinha irá exigir que, além dos atuais mandatários, também aqueles que desejam ocupar os referidos postos de vereadores e prefeitos, sejam instados desde já a contribuir para o encontro de soluções.

É, sem dúvida, uma tarefa hercúlea, pois no atual modelo federativo em que as políticas públicas dependem diretamente do Tesouro da União, aos municípios resta um naco muito pequeno para a efetiva implantação de políticas dessa espécie. Será preciso criatividade e atitude.

A responsabilidade primeira, por óbvio, é de quem atualmente ocupa os espaços de comando, mas nada impede que todos possam contribuir. O ideal seria uma concertação de ações que envolvam todas as forças políticas na busca de um bem em comum, que nesse momento é o encontro dos meios necessários para o cuidado das pessoas e defesa de nossa economia.

Assim, deixando questiúnculas de viés político partidário de lado, neste período, será possível aferir quem realmente está à altura de liderar seu povo. O tempo nos dirá. Fiquemos atentos.

(*) Michael Almeida Di Giacomo é advogado, especialista em Direito Constitucional e Mestre em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público. O autor também está no twitter: @giacomo15.

Observação do editor: a imagem (a foto de Divulgação de “Femme et oiseaux”, obra de Joan Miróé uma reprodução de internet (AQUI, no original). O espanhol Joan Miró i Ferrà foi pintor, escultor, gravurista e ceramista. Nascido em Barcelona, na Catalunha, em 1893, é considerado até hoje um dos maiores nomes do surrealismo. 

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Um Comentário

  1. Há que se tomar cuidado com os ‘especialistas’. Alguns, se jogadores de futebol fossem, não fardariam nem no Interzinho de SM. Domingo passado estava o pai do Boulos do PSOL na Band. Ele e a esposa são infectologistas. Falou o que se diz lá fora, vacina só daqui 12 a 18 meses. Não em quantidade. Ou seja, a pandemia vai terminar antes da vacina ficar pronta. Mais, ninguém vai ter estoque da vacina depois. Não existe da SARS e nem da MERS. Então não adianta esperar ‘bala de prata’.
    Daí chegamos no ‘Estado Democrático de Direito’. Midia bate na reforma tributária e administrativa. Governo não teria enviado. Reforma tributaria governista era só unificação de tributos federais, simplificação, para ver ser passava alguma coisa. Reforma administrativa só atinge novos funcionários, mas a tendência é não passar porque representa muitos votos. Enquanto isto a PEC emergencial está parada, novo marco do saneamento está parado e a PEC do Pacto Federativo já foi aprovada na Camara e está parada no Senado.
    Centrão (com auxilio da oposição) quis aumentar o fundo eleitoral e não conseguiu. Partiu para o orçamento, não conseguiu levar tudo. Ameaças de impeachment. Derrubam um veto de 20 bilhões de reais, coisa de moleque. Nhonho e Batoré só tocam a casa na base da ‘bola’, do ‘cafezinho’. Quem achar que aprovaram a reforma da previdência só na base do ‘amor a camiseta’ é no mínimo ingênuo.
    Mas não tem problema, em 2022 é Dória na cabeça!

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