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Essa mídia… (2) Números errados e títulos muuuito “importantes”. Ah, e o anel da Juliana…

Tenho reproduzido, regularmente, trechos da excelente (e saborosa) coluna “Circo da notícia”, assinada pelo experimentado jornalista Carlos Brickmann, no site especializado Observatório da Imprensa. Normalmente, uso uma parte, digamos, séria do texto original, como forma de tentar atrair mais leitores para a própria coluna dele. Desta vez, porém, mudo um pouquinho. São dois textinhos. Um, vá lá, sério. Outro, nem tanto. Ambos, no entanto, mostram com muita clarividência como se comporta a nossa mídia grandona (e a que se acha).

 

De um lado, uma suposta seriedade escondida em números pouco ou nada confiáveis (e nunca esclarecidos). De outro, como “informações” absolutamente desnecessárias, para dizer o mínimo, acabam ganhando espaço, notadamente nos sites dados a futilidades, embora muito lidos.Dê uma conferida, a seguir:

“NÚMEROS AO LÉU – A vida como ela não é

Varia conforme o site, varia conforme a edição. Mas a quantia que o presidente George Bush pretende injetar no mercado para evitar a recessão nos Estados Unidos varia, de um noticiário para outro, de 130 a 150 bilhões de dólares. Coisa pouca: os 20 bilhões de dólares a mais, ou a menos, são aproximadamente a fortuna de Roman Abramovich, o dono do time do Chelsea, um dos homens mais ricos do mundo. São suficientes para englobar a fortuna de uns vinte Antônios Ermírios. E cobrem com facilidade a CPMF de um ano inteiro.

Só os números são confusos? Não! O correspondente do Washington Post em Buenos Aires fez longa reportagem sobre a luta de dois sertanistas da Funai para provar a existência do último índio de uma tribo em Roraima. Este índio, diz a reportagem, se hospeda em grutas, vive sozinho e fala uma língua desconhecida.

Fala com quem, cara-pálida? Se vive sozinho, quem é que o ouviu falar? Se nem sua existência está comprovada, como se sabe onde dorme?

A matéria lembra um pouco aquele standard que costuma ser divulgado em 19 de abril, Dia do Índio: quando Cabral chegou ao Brasil, havia aqui cinco milhões de índios. E quem os contou? Se hoje, saindo das cidades amazonenses, há lugares em que só se chega após quatro ou cinco dias de barco, como recensear naquela época, e sem sair da praia, os índios que viviam no Alto Rio Negro?

Razão cabe ao sábio Renato Pompeu, grande caráter, grande texto: para avaliar a precisão do noticiário, leia alguma coisa que você testemunhou. É terrível!”

“E eu com isso?

 

A República está preocupada com a possibilidade do apagão. Claro: com o apagão, param as indústrias, param os serviços, pára até a divulgação de notícias. Sem eletricidade confiável, estável, contínua, não poderemos saber que…

** “Noiva, Juliana Paes exibe anel em ensaio técnico”

E pensar que ela faz essas coisas e nem ainda está casada!

Nem poderíamos dormir, na dúvida que só a notícia precisa nos esclarece:

** “Mel Lisboa vai a restaurante”

Ou ainda:

** “Juan Alba toma banho de mar em Florianópolis”

E Suzana Vieira, então? Participou do ensaio da Beija-Flor!”

 

SUGESTÃO DE LEITURA – vale a pena conferir aqui a íntegra da coluna “Circo da Notícia”, assinada por Carlos Brickmann. É, mesmo, imperdível.

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