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ARTIGO. Silon Procath, Santa Maria e a tecnologia, aposta certa a ser feita nos tempos pós-pandêmicos

Passaporte para o Futuro

Por SILON PROCATH (*)

Sabemos que a pandemia do Coronavírus provocará enormes mudanças em todos os setores. Afinal, nenhum outro evento pós-segunda Guerra Mundial atingiu, diretamente, tantas pessoas no Planeta. Ainda não conseguimos dimensionar todas as mudanças que virão e, muito menos, como será o novo mundo após o término desse evento que toca a todos nós. Contudo, certamente muitas transformações, na vida de todos, virão em curto, médio e longo prazo e justamente, isso faz com que surja no cenário de Santa Maria um horizonte de oportunidades.

Durante o confinamento decorrido da pandemia o home-office se tornou cotidiano para muitos. Assim, em Santa Maria surgiram plataformas digitais para telemedicina, ou auxílio a empreendedores individuais, micro e pequenas empresas além de tantas outras ações que de certa forma mostram a nossa capacidade de fazer produtos tecnológicos e a auxiliar o próximo em curto espaço de tempo. A esse fato se soma a conhecida grande quantidade de cérebros e criativos existentes na nossa cidade apontando, assim, para uma real capacidade de visão e ação sistêmica alinhada com as oportunidades de um mundo novo que surge.

Esse mundo novo certamente, além de colaborativo, será mais digital e tecnológico. Hoje já possui temas de relevância, evidenciados como a inteligência artificial, blockchain (**), entre outros, que se tornarão ainda mais presentes no cotidiano de todos. Nesse fato, surge a grande oportunidade para Santa Maria, haja vista que essa é uma “indústria” que não necessita grandes investimentos em locais físicos, pois a exportação é feita por upload.

Assim, a grande ação é transformar Santa Maria numa cidade inteligente, num parque tecnológico a céu aberto somando os potenciais de todas as instituições de ensino, dos projetos focados em incentivo ao empreendedorismo e dos habitats de inovação. Contudo, além de uma melhor orquestração dos atores envolvidos e das diversas ações existentes, algumas consolidadas, necessitamos de uma ação conjunta a qual está sendo construída por diversos atores. Para tanto, o que pode ser feito para nos tornarmos uma cidade competitiva globalmente?

Algumas premissas são básicas para promovermos o posicionamento do município, frente ao “novo momento”, como exemplo, a relação pontual ao incentivo ao domínio e vivência de uma segunda língua numa escola bilíngue português-inglês em todas as escolas públicas desde o ensino fundamental, talvez não como disciplina curricular fixa, mas como formação humana e estratégica baseada em uma escola de tempo integral em que pela manhã os estudantes tenham as disciplinas “tradicionais” curriculares e no contra turno, formações transversais tal qual robótica, empreendedorismo, cultura, turismo entre outras.

Tais ações não podem ser realizadas de forma pontual em que os gestores consigam citar todos os exemplos, mas de maneira estratégica e planificada atingindo a todos os recantos do município, principalmente as escolas nos bairros mais carentes para que sejam reais transformadoras do levante estratégico do município.

Somado a isso os empreendimentos e iniciativas de base tecnológica não podem estar somente nas instituições de ensino superior do município, representadas aqui pontualmente pelas grandes iniciativas da UFSM e UFN. Devem sim, estar estrategicamente formando o tecido da inovação e iniciativa criativa municipal, aliando-se à caminhada linear do Tecnoparque, Sebrae e entre outras entidades e associações que reverberam tal proposição.

Contudo, embora fisicamente não localizado nos habitats de inovação devem estar vinculados a eles por ações estruturantes, de governança, marcos legais, etc.

Certamente a principal questão levantada é que nos faltará recursos para tal. Contudo, no investimento em área e estrutura já contamos com caminhada importante. E aqui relata-se a existência de áreas disponíveis no Distrito Industrial, UFSM/AGITTEC, UFN/ITEC, bem como em regiões centrais do município.

Por fim, jamais podemos esquecer que no curso da Av. Rio Branco, entre a Praça Saldanha Marinho e Gare da Viação Férrea temos um “Parque Tecnológico latente” de potencialidade ímpar que o ecossistema produtivo, baseado hoje na indústria de tecnologia é uma das principais ferramentas usadas no globo para a preservação do patrimônio histórico.

Com tudo isso, conseguindo alinhar os potenciais do município em infraestrutura física, capital intelectual, patrimônio histórico, governança, entre outros, certamente Santa Maria tem em suas mãos, para o benefício de todos os cidadãos e cidadãs, um passaporte para o futuro.

(*) Silon Procath é Engenheiro agrônomo pela UFSM e doutor em Ciência e Tecnologia Agroindustrial pela UFPel. Coordenador de Empreendedorismo da Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia (AGITTEC) da UFSM.

(**) blockchain: https://pt.wikipedia.org/wiki/Blockchain

Nota do Editor: a imagem que ilustra este artigo é de uma iniciativa gratuita de telemedicina surgida para o combate à pandemia em Santa Maria.

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Um Comentário

  1. Há pelo menos 10 anos ouço o mesmo discurso. Afirmações genéricas. Nenhuma alteração ocorreu. Faltam recursos humanos em áreas chave. Mentalidade é a do funcionalismo público, na melhor das hipóteses das 9 as 17. Faltam lideranças e sobra discurso.
    Nos grandes polos trabalham 12 horas por dia. ‘Fail fast, fail often, learn all day”. Tecnologia da semana passada não tem valor. Novas ideias tem competição darwiniana. Universidade que so sabe reinventar a roda serve somente para formar peões.

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